12 maio 2007

Conhecimento científico e produção científica.

Resenha de Eliana Mantovani Malvestio

Intencionando conceituar publicação periódica, as autoras Fachin e Hillesheim trazem diversas definições de entidades e autores diferentes em épocas diferentes. Elas demonstram que, originário do Latim (“periodus” e “publicatione”), publicações periódicas “são informações disseminadas de tempo em tempo, atendendo a uma freqüência regular de fascículos ou números” (2006, p. 20) o que as distingue das publicações seriadas, como algumas obras que acompanham, num determinado período de tempo finito, publicações tais como jornais informativos de cunho geral e popular.

Sua definição prossegue: “são informações disseminadas [...] sob um mesmo título, dentro de uma área específica do conhecimento e/ou de amplitude global. Deve atender normas e padrões internacionais, permitindo a sua visibilidade e reconhecimento” (2006, p. 20) Após estudos sobre a “evolução” das diferentes conceitualizações, as autoras acabam por definir os periódicos científicos sendo:

todas ou quaisquer tipos de publicação editadas em números ou fascículos independentes, não importando a sua forma de edição, ou seja, seu suporte físico, mas que tenham um encadeamento seqüencial e cronológico e ser editada, preferencialmente, em intervalos regulares, por tempo indeterminado, atendendo às normalizações básicas de controle bibliográfico, trazendo a contribuição de vários autores, sob a direção de uma pessoa ou mais (editor), de preferência uma entidade responsável (maior credibilidade). Poderá, igualmente, tratar de assuntos diversos (âmbito geral) ou de ordem mais específica, cobrindo uma determinada área do conhecimento, mas que deverá apresentar a maioria de seu conteúdo em artigos científicos, ou seja, artigos assinados oriundos de pesquisas, identificando métodos, resultados, análises, discussões e conclusões, bem como, disponibilizar citações e referências comprovando os avanços científicos. (2006, p. 24)

Nas publicações periódicas cabem seriedade e rigor com relação ao tempo e a seus participantes visto serem importantes canais formais de comunicação, dinâmicos e atualizados, proporcionando aos cientistas informações específicas e necessárias para ampliarem seus conhecimentos e desenvolverem a ciência. Tanto que, conforme Biojone (2003, p. 15) “os periódicos científicos foram se especializando continuamente para atender à própria evolução da ciência”. E estas especializações incluem não apenas conteúdo, com o surgimento de periódicos cada vez mais especializados, mas também de seu formato, passando então a serem disponibilizados eletronicamente, disseminando as informações mais ampla e rapidamente. Mesmo tendo sofrido alterações, seu propósito continua visando à comunicação científica e sua eficiência.

Alguns destes periódicos são indexados em bases de dados: bibliotecas eletrônicas de periódicos. Com a utilização de índices bibliométricos, pode-se constatar que “um grande número de periódicos relevantes e de qualidade, principalmente dos países em desenvolvimento, não são indexados, dificultando a visibilidade de grande parte da sua produção científica.” (BIOJONE, 2003, p. 23) São os periódicos científicos indexados nestas bases que serão consultados, estudados, citados e contribuirão para o avanço da ciência; “são os que publicam artigos considerados de alta qualidade, realizados por pesquisadores altamente qualificados, além de serem veículos que, normalmente, [...] publicam com pontualidade e de maneira ágil.” (2003, p. 24)

Nota-se que a regularidade entre uma publicação periódica e outra é de peso aos cientistas; igualmente a autoridade e reconhecimento científicos dos sujeitos que estão envolvidos em sua produção, que divulgam seus resultados à comunidade científica. Aos pesquisadores dos países em desenvolvimento, ou ao menos alguns deles, resta a “funcionabilidade” de propostas de criação de bases de dados que indexariam seus periódicos e expandiriam sua comunicação, seus trabalhos científicos. Será, quando, que tais pesquisadores poderão exercer a profissão da ciência de maneira satisfatória?

Resenha dos textos:

FACHIN, Gleisy Regina Bories; HILLESHEIM, Araci Isaltina de Andrade. Periódico científico: do papel ao on-line. In.: Periódico científico: padronização e organização. Florianópolis: Editora da USFC, 2006.

BIOJONE, Mariana Rocha. Os periódicos científicos na comunicação da ciência. São Paulo: Educ; Fapesp, 2003.

10 maio 2007


BIOJONE, Mariana Rocha. O processo de comunicação científica. In: Os periódicos científicos na comunicação da ciência. São Paulo: Educ; Fapesp, 2003.


De acordo com a autora, a comunicação oral e a troca de correspondências entre os pesquisadores tiveram importância fundamental na divulgação dos conhecimentos que eram gerados. Surgiram sociedades e academias científicas onde especialistas de áreas específicas reuniam-se para discutir e trocar entre si, informações sobre os novos conhecimentos que surgiam. Para ela a comunicação científica está associada à produção, disseminação e uso da informação desde a concepção da idéia pelo pesquisador até os resultados obtidos pelo mesmo.
Através do trabalho de organização, compilação e distribuição das correspondências dos pesquisadores, realizado pelos secretários da Royal Society de Londres, e da academia de Paris, possibilitou a criação da revista científica a qual no fim do século XVIII, firmou-se como principal veículo de comunicação entre os cientistas. Da Royal Society surgiu o Philosophical Transactions e em Paris o Journal des Sçavans. Outro aspecto pertinente mostrado pela autora diz respeito ao papel relevante da divulgação científica para o desenvolvimento da sociedade e também para ampliar a consciência das pessoas sobre as questões sociais, econômicas e ambientais ligadas ao desenvolvimento científico e tecnológico. A aceitação da sociedade dos benefícios advindos da atividade científica cresceu, pois, conhecer e também controlar o que a ciência faz e os resultados dela tornaram-se crucial para a inserção sócio-econômica de todos na chamada sociedade do conhecimento.
PARA GERAR RIQUEZAS E PROSPERIDADE

O coordenador da Agência USP de Inovação (Oswaldo Massambani), mostra os esforços da Universidade para transformar conhecimento em desenvolvimento social e econômico, em benefício de toda sociedade.


Para o coordenador é fundamental estabelecer diretrizes pragmáticas quanto à proteção da propriedade intelectual relativa à produção científica e tecnológica dos docentes, pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação, e também difundir informações sobre a natureza da propriedade intelectual e suas formas de transferência para a sociedade. Nesse contexto, o propósito dessas ações é, além dos benefícios oriundos da publicação para o avanço da fronteira do conhecimento, também promover a excelência em pesquisa da universidade como uma contribuição para uma economia produtiva, a prosperidade de nossa nação, o bem-estar de nosso povo e a proteção de nosso ambiente.
O processo de difusão das informações e a conscientização da comunidade USP permitirão proteger o conhecimento criado no ambiente de pesquisa entre o orientador e o orientado, em prol do benefício do desenvolvimento social e econômico do País e mesmo intensificar a excelente produção científica dos docentes. Massambani diz que desenvolver projetos que contribuam para o aumento da competitividade de nossas empresas é também uma importante forma de transferência de conhecimento para a sociedade que devemos promover. Tanto no Brasil como nos países desenvolvidos, a patente é conhecida como um poderoso instrumento que atua como vetor de transferência de conhecimento para o desenvolvimento das nações.


Para ler o ensaio na íntegra acessem o site: www.usp.br/jorusp
FACHIN, G. R. B.; HILLESHEIM, A. I. de A. Controle Bibliográfico Universal (CBU). In: ______. Periódico científico: padronização e organização. Florianópolis: UFSC, 2006.
Por Luciana Lavezzo

Controle Bibliográfico Universal (CBU)
A preocupação com o Controle Bibliográfico Universal caminha paralelamente com a preocupação em construir e manter bibliografias. A invenção da imprensa e a produção desenfreada de livros e periódicos afetaram o controle absoluto que as bibliotecas detinham anteriormente sobre coleções completas, as bibliotecas foram as primeiras responsáveis pelo CBU e seus catálogos foram os primeiros instrumentos de controle.
Desde 1960 a UNESCO e a IFLA tentam controlar as publicações em nível internacional, desenvolveram o CBU com o intuito de formar uma rede internacional de informação. As bibliotecas nacionais deveriam atender a um padrão internacional. No Brasil a CBU apresenta-se de forma descentralizada, alguns elementos fazem parte da BN enquanto outros pertencem à outras instituições (ISSN e CIP), mesmo assim a BN continua mantendo a parte gerencial, de coordenação e de representatividade conforme recomendado pela CBU.

Depósito Legal
Qualquer suporte físico de uma obra deveria ser reportado à BN para assegurar a coleta, guarda e difusão da produção intelectual brasileira, visando a preservação e formação da Coleção Memória Nacional, mas volume de obras recebido anualmente pela BN é aparentemente bem inferior à produção esperada, ou seja, o controle bibliográfico brasileiro não está sendo fiel à realidade. A falta de instrumentos legais e de pessoal para que se faça cumprir as leis têm levado a BN a desenvolver ações paralelas de conscientização junto aos agentes ligados à produção bibliográfica nacional.

Direitos Autorais
O Brasil oferece em sua Constituição Federal, leis que protegem os autores de produtos tecnológicos e intelectuais. Atualmente a comunicação eletrônica tem sido a mais preocupante devido à facilidade de sua circulação e reprodução. Medidas de segurança contra plágios são uma preocupação constante dos meios de divulgação impressos e principalmente on-line, onde neste último alguns materiais são divulgados apenas parcialmente tanto para proteção de seu conteúdo quanto para obrigar a aquisição da versão completa mediante pagamento. Uma questão existente atualmente é sobre onde serão arquivados os periódicos eletrônicos e no caso de mudança da industria editorial, a preocupação é se o livre acesso continuaria disponível. A solução sugerida é o depósito nacional ou até mesmo internacional.

Bibliografia Brasileira
A BN centraliza a produção bibliográfica brasileira, atendendo aos padrões solicitados pela UNESCO. É utilizado o formato USMARC para os registros para garantir o intercâmbio de informações entre bibliotecas nacionais e internacionais.

Número Internacional Normalizado para Livros (ISBN).
Por ser um código normalizado mundialmente, facilita a circulação e comercialização dos livros. É único para cada obra, facilitando a integração das informações entre nações.

Número Internacional Normalizado pra Publicações Seriadas (ISSN).
É um código exclusivo para revistas que identifica cada uma de maneira exclusiva e internacional. Abrange todas as formas de apresentação de periódicos (impressos, on-line, CD ROM, outros).

Catalogação na Publicação
Também conhecida como catalogação na fonte, serve para auxiliar as editoras e livrarias na divulgação e comunicação, as bibliotecas na catalogação e à auto-identificação do livro por tornar-se item integrante desde sua impressão. Por possuir padrão internacional facilita a catalogação e divulgação dentro das bibliotecas. Mesmo assim algumas obras nem sempre são catalogadas da maneira mais adequada, muitas vezes a classificação que lhes é dada direciona sua indexação para áreas equivocadas, ou ainda deixa de evidenciar todos os campos que poderia despertar interesse, tornando a obra irrecuperável para alguns pesquisadores de determinadas áreas (principalmente com assuntos interdisciplinares), fazendo com que a informação nela contida corra o risco de perder-se no universo de informações.


BIOJONE, M. R. Conclusão. In: ______. Os periódicos científicos na comunicação da ciência. São Paulo: EDUC; FAPESP, 2003.
Por Luciana Lavezzo

A modernização dos meios de comunicação científica cresce incontrolavelmente principalmente no suporte eletrônico disseminado pela Internet. A própria sociedade científica espera assistir uma oferta crescente de material bibliográfico, o que é prontamente atendido pelos bancos de dados em rede, sejam estes de pequeno ou grande porte.
Os periódicos científicos são o destaque no que diz respeito ao dinamismo na divulgação e propagação do conhecimento científico, não somente ao trazer um documento específico, mas ao agregar ao documento links que facilitam e agilizam o acesso às demais fontes de informação semelhantes. Há uma cultura paradigmática em considerar mais valiosos os artigos publicados em periódicos internacionais, isto acaba por desvalorizar os nacionais em detrimento dos primeiros. Uma indexação em bases de dados de grande porte e internacionais, pode elevar a área de cobertura e fator de impacto de revistas brasileiras, aumentando as vantagens em publicar nestas, isto é sem dúvida muito mais vantajoso do que buscar periódicos internacionais, tanto pelo custo e acessibilidade, quanto para valorizar a produção nacional.




RESENHA: MEADOWS, A. J.; A comunicação científica. Brasília, DF: Briquet de Lemos Livros, 1999.

A Comunicação Cientifica

Por João Gabriel

Em seu livro A comunicação cientifica Meadows apresenta os primórdios da comunicação cientifica. Inicialmente a comunicação cientifica era feita essencialmente através da comunicação oral, bem como reunião de associações cientificas. A comunicação entre pesquisadores e a divulgação cientifica também circulava através de correspondências entre indivíduos que tinham algum tipo de contato. Este processo era muito lento, e não contemplava a necessidade de comunicação e divulgação para o progresso da ciência.

Através das sociedades cientificas, surgem os primeiros periódicos que ao longo do tempo vão tomando a cara do periódico cientifico que conhecemos hoje. É importante ressaltar que quando Meadows descreve este processo, podemos notar a sua visão positivista com relação à ciência, principalmente quando ele observa as Ciências sociais e humanas.

Ao longo do tempo as publicações cientificas começam a surgir em diversas comunidades cientificas e em varias épocas, seguindo em ruma a especialização. Este processo de crescimento do numero de publicações bem como o processe de especialização estão em plena força ainda hoje. Com o advento das tecnologias da informação este processo esta cada vez mais rápido, hoje se voltarmos nossos olhares para uma determinada área veremos que todos os anos surgem centenas de periódicos especializados.

Anteriormente ao Surgimento das publicações Cientificas podemos observar o inícios da divisão entre as disciplinas cientificas, esta especialização das matérias é de grande importância pois contribui para o fortalecimento conceitual das matérias e disciplinas cientificas. O processo divisão do conhecimento acaba sendo fortalecido com o desenvolvimento da publicação cientifica.

Meadows também discute os fatores que motivam a pesquisa cientifica, bem como quais os motivos que levam um pesquisador a ingressar na pós-graduação. Essa motivação pode advir de diversos fatores tais como: desenvolvimento intelectual, interesse em uma determinada área da ciência, fatores psicológicos e até econômicos.

É apresentada á idéia de que determinados perfis psicológicos e comportamentais enquadra em pesquisados em determinadas áreas, podemos enxergar esta afirmação como “determinística”, existem outros fatores que também podem levar um pesquisador a se enquadrar um uma determinada área.

O projeto gráfico de um periódico dos periódicos cientifico sofreu diversas mudanças desde sua criação até hoje onde as publicações cientificas possuem uma padronização. No inicio os periódicos científicos não seguiam a lógica de hoje, ente encontramos uma estrutura de conteúdo bem como referencias e citações padronizadas que além que além der legitimidade a publicação são essenciais para a sua legibilidade.

Como forma de procurar um bom “relaciomento como leitor” algumas características e elementos foram incorporados as publicações cientificas, tais com o caracteres legíveis, títulos e resumos que procurem atrair e facilitar a busca do leitor são alguns dos elementos que as editoras procuram incorporar com o intuito de enriquecer o periódico cientifico.

As editoras ocupam um papel fundamental no processo de comunicação cientifica, se tornando a principal “ponte” entre os autores e a publicação cientifica. As atividades das editoras cientificas necessitam diretamente pessoas qualificadas; em muitas editoras podemos encontrar especialistas em diversas áreas do conhecimento.

No Brasil a dificuldade do acesso a publicação devido aos autos custos cobrados por grandes editor, e também pela concorrência, levam vários grupos de pesquisa, bem como instituições de pesquisa a criarem suas próprias editoras.

Se pudermos pensar nas editoras como a principal ponte de acesso entre os autores e a publicação cientifica, podemos visualizar as bibliotecas como uma das principais “pontes de acesso” entre a publicação cientifica e seus leitores.

Para muitos cientistas e pesquisadores as bibliotecas representam a principal porta de acesso a diversos títulos de periódicos. Diversas iniciativas são empregadas pelas bibliotecas para contornar os altos preços dos periódicos, como por exemplo, a comutação bibliográfica e os consórcios de compra. Atualmente no Brasil as Universidades publicas tem acesso a centenas de títulos de periódicos das mais diversas áreas através do portal periódico capes.

O autor também chama a atenção para a comunicação oral que também ocupa um papel importante na comunicação cientifica. Assim como a comunicação escrita, a comunicação oral também padece de algumas vantagens e limitações; vale ressaltar que uma de suas principais vantagens é a possibilidade feedback e retroalimentação, pois em uma apresentação oral é possível apresentar uma pesquisa e imediatamente receber criticas e sugestões que podem ser cruciais para o desenvolvimento da pesquisa. Através redes de interação humana, muitos pesquisadores podem fazer dos relacionamentos com seus pares uma importante fonte de atualização, boa como a pré-avaliações de suas pesquisas e projetos a serem futuramente publicados.

O caminho que um pesquisador tem que percorrer até a publicação cientifica é longo, pois os diversos canais de comunicação possuem mecanismos de avaliação que geralmente são muito rigorosos. Muitas vezes uma pesquisa demora anos para ser publicada, não por não terem qualidade, mas porque a concorrência em determinados tipos de publicação são muito aceradas.

RESENHA: Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo cientifico

Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo cientifico

Por João Gabriel


Em seu texto Os usos sociais da ciência Pierre Bourdie propõe um novo olhar sobre a ciência, a possibilidade de uma ciência sobre a ciência,m um olhar cientifico sobre os usos sociais da ciência e da produção cientifica. Procura também definir algumas das “regras do jogo” que definem as relações no campo cientifico.

Para discutir as regras do joga na ciência, Bourdie apresenta a idéia de que essas regras são semelhantes as que estão vigentes na sociedade, existem hirerquias, políticas, capital e jogos de poder. E assim no mundo da produção cientifica também acontecem plágios, roubos de idéia, e diversas outras práticas.

Assim como na sociedade há em pleno funcionamento na ciência uma economia que esta fortemente fundamentada. Utilizando o conceito de capital cientifico para definir metaforicamente esta “moeda” circula na economia ciêncitica.

Bourdie explicita que é através das atividades cientificas é que um individuo ou uma instituição adquire o capital cientifico.Os detentores de maior capital cientifico de capital cientifico são tem maior acesso não só a recursos financeiros para o desenvolvimento de projetos e de pesquisas, mas também possuem credibilidade. Quando uma publicação cientifica leva o nome de uma instituição, grupo ou individuo que é detentos de grande capital cientifico, com certeza as probabilidades dessa publicação ser aceita por editoras e outros canais de comunicação é muito maior.

Pode podemos imaginar uma determinada área da ciência como uma “bolha”, que esta em constante expansão, e que na superfície desta bolha encentram-se os ícones mais proeminentes da área. Sendo para sair do centro desta “bolha” e chegar até sua superfície deve-se ter acumulada cada vez mais uma quantidade maior de capital cientifico.

Resenha do livro:
MEADOWS, A. J.; A comunicação científica. Brasília, DF: Briquet de Lemos Livros, 1999.
Por Luciana Lavezzo

Capítulo 1 – Mudança e crescimento
Toda a informação produzida por um cientista é divulgada a cada tempo com o uso de melhores tecnologias tais como retroprojetores e apresentações feitas em computadores, também o público-alvo cada vez mais é composto por especialistas. Com isto as informações passam a ser expostas com mais dinamismo. A evolução dos meios de comunicação e as necessidades dos produtores e receptores das informações no meio científico são dois dos fatores que explicam este desenvolvimento acelerado do crescimento da difusão da informação.
O distanciamento entre os pares afeta a maneira da comunicação e os meios utilizados, pois cientistas próximos geograficamente (na mesma cidade, na mesma universidade) utilizam-se de meios mais simples e informais de troca de informações, e os mais distantes (alocados em cidades ou paises diferentes) utilizam outros meios mais abrangentes para envio ou busca de informações. Cientistas que trabalham diretamente entre si utilizam com freqüência meios informais como e-mails, enquanto os que pretendem descobrir teorias e inovações elaboradas em outras localidades, em outros centros preferencialmente mais desenvolvidos, buscam informações em congressos e publicações, por exemplo.
Revendo os primórdios de toda esta comunicação, Meadows constata que apesar de não haver precisão sobre quando ocorreram as primeiras comunicações do gênero, há um consenso sobre os gregos antigos serem considerados o povo que causou maior impacto nas atividades remotas de comunicação e que se firmou tradicional na forma escrita.
O surgimento de revistas cientificas ocorreu em meados do século XVII, naquela época os artigos apresentavam estrutura diferente do que é visto atualmente como por exemplo referências não padronizadas e quanto ao conteúdo preocupava-se muito em evitar temas polêmicos como política e religião.
Uma tendência mundial é a especialização do saber, cada campo acaba por ser estudado minuciosamente, e as áreas do saber acabam por ser fragmentadas, com isso os diversos temas são multiplicados e a produção do conhecimento aumenta cada vez mais em escala exponencial.
Pesquisadores profissionais produzem mais e direcionam seu produto aos pares enquanto os amadores e outros dirigem sua produção para o público em geral.
O aumento quantitativo da produção sem dúvida revela o crescimento das pesquisas e seus resultados, mas também se mistura à uma enorme quantidade de material supérfluo e desnecessário, causando uma “poluição” na bibliografia das áreas e atrapalhando a seleção dos melhores conteúdos.

Capítulo 2 – Tradições da pesquisa
Foram feitas numerosas tentativas ao longo dos anos para classificar o conhecimento em categorias básicas e os parâmetros utilizados variam grandemente, por exemplo, Ranganathan na Índia esboçou um esquema diferente da maioria dos esquemas ocidentais. No entanto existe um ponto em comum em todas as classificações: raramente produzem divisões marcantes entre diferentes disciplinas acadêmicas. Mesmo em esquemas elaborados especificamente para analisar o conhecimento e os programas de ensino, ainda ocorre o desencontro com as áreas temáticas.
Mesmo numa determinada matéria, diferentes ramos podem apresentar diferentes enfoques. Nos estudos bíblicos era usual distinguir entre “critica inferior” e “critica superior”. Melhor explicando, a critica inferior define significado de palavras e a critica superior estabelece estrutura teórica segundo a qual o texto bíblico seria interpretado. Esta divisão é muito comum nas humanidades.
A natureza das pesquisas na área de estudos literários sofreu mudanças no decorrer do tempo, antigamente era tarefa do especialista situar o texto no contexto, hoje muitos pesquisadores consideram primordial a interação do leitor com o texto. Também antigamente a pesquisa era mais especifica e empírica, hoje o genérico e teórico ganha espaço, especializações estritas não são tão dominantes sobre os trabalhos abrangentes com amplas generalizações interdisciplinares, como há tempos atrás.
Evolução do modelo conceitual: no século XX as ciências físicas e biológicas adotavam enfoques de pesquisa diferentes. Atualmente as duas ciências aproximam-se cada vez mais. O modelo conceitual que os biólogos têm de sua disciplina sofreu mudanças que o alinharam com o modelo dos cientistas físicos. Atualmente existem até mesmo cursos que englobam as duas áreas ao mesmo tempo, como por exemplo o curso de Ciências Físicas e Biomoleculares.
As matérias costumam ser classificadas no meio acadêmico em rígidas (ciências naturais e tecnologia), flexíveis (humanas) e as situadas no meio (ciências sociais), Esta classificação paradigmática é positivista e facilmente encontrada em qualquer área do conhecimento.
Um campo único de estudo normalmente mistura estes dois componentes, por exemplo: no campo das letras vemos a teoria literária que é muito flexível e vemos também a lingüística que se enquadra como uma teoria muito rígida. Um projeto de pesquisa também serve de exemplo ao passo que as idéias tendem a ser flexíveis enquanto espera-se que os resultados sejam rígidos.
A informação cientifica possui natureza cumulativa principalmente nas ciências exatas, as informações são compiladas e repassadas de forma a se atualizarem e trazerem embutido um conhecimento histórico e progressivo do assunto em questão, isso significa que de maneira geral os cientistas precisam analisar os trabalhos mais recentes para absorverem o conteúdo atualizado e necessário no momento presente.
Nas ciências sociais o conhecimento é menos cumulativo e as informações menos codificadas, e nas humanidades a literatura antiga pode até mesmo representar a matéria prima de suas investigações.
O modo como os trabalhos são escritos e analisados difere significativamente nas grandes áreas. Nas ciências exatas e tecnológicas, são analisados o feitio padronizado e a existência ou não de erros, enquanto que nas ciências humanas os avanços criativos são as maiores exigências para um trabalho ser bem classificado. Este é um dos motivos pelo qual as ciências exatas possuem maior número de trabalhos publicados e revistas especializadas. A quantidade de pesquisadores unida à área de ciências exatas e tecnológicas também é maior, o que provoca uma vantagem notável sobre a área de humanidades no que se refere a recursos e projetos em andamento.

Capítulo 3 – Quem pesquisa e com quais resultados?
Os motivos que levam uma pessoa a dedicar-se à pesquisa podem ser desde uma realização pessoal por investigar temas fascinantes para o indivíduo até o desejo de seguir carreira na área, tornando-se um pesquisador de renome e de sucesso.
Um estudo sobre os doutorandos norte-americanos mostrou os motivos pelos quais estes se dedicam à pós-graduação e à pesquisa. As razões relatadas em ordem decrescente foram: continuar o desenvolvimento intelectual; dar uma contribuição importante para o conhecimento na área; devido ao interesse intrínseco da área; preparar-se para uma carreira acadêmica; aumentar seu poder aquisitivo; servir melhor à humanidade. Mesmo supondo-se um exagero na pureza dos motivos relatados, a curiosidade intelectual se destaca como um motivo dominante.
Outro grande fator de motivação é a disponibilidade e variedade de empregos oferecidos para cada área. Quem ingressa na área de tecnológica ou social, tem pela frente possibilidade de emprego tanto na área industrial, pública ou acadêmica. O mesmo não acontece com a área de humanidades, onde as maiores possibilidades acontecem ligadas à área acadêmica.
A inteligência é um requisito exigido para qualquer pesquisador, além de segundo Meadows haver uma pré-disposição do individuo para uma área ou outra.
A medição da produtividade entre os cientistas é um desafio conflitante e ainda sem consenso sobre um método que garanta uma comparação confiável entre quem é mais ou menos produtivo. As ciências rígidas produzem mais artigos, enquanto as ciências humanas publicam mais livros. Ao se tentar fazer uma comparação da produção de artigos entre as ciências exatas e humanas, a primeira vence disparada, mas não é por isso que as ciências exatas podem ser consideradas as mais produtivas quantitativamente, pois em cada área as necessidades e possibilidades são diferentes. Se por um lado as exatas podem ser campeãs quantitativas, talvez as humanas possam ser então campeãs qualitativas. Uma comparação neste aspecto entre as áreas do conhecimento seria certamente desleal e sem nenhum resultado concreto ou de fato convincente.
A idade do pesquisador e sua produção também varia em cada área de atuação. De modo geral pesquisadores das ciências rígidas produzem mais entre 30 e 40 anos de idade enquanto a maioria dos trabalhos relevantes das ciências sociais e humanas tendem a ser produzidos após os 50 anos do pesquisador.
Quanto ao gênero de quem pesquisa, os homens ainda perfazem a maioria de maneira geral, sendo em algumas áreas ainda mais predominantes como é o caso das ciências consideradas rígidas. Mesmo havendo uma mudança sensível neste quadro, ele está ainda muito longe de ser equilibrado ou até mesmo invertido.

Capítulo 4 – Canais da comunicação científica
Além da tradicional e simplista comunicação oral face a face, outros meios mais desenvolvidos de comunicação são utilizados como periódicos impressos e as redes de computadores.
A maior diferença entre essas duas comunicações está na sua durabilidade, algo escrito seja impresso ou transmitido em linha perpetua-se e firma-se como válido bem mais do que uma conversa informal.
Uma compreensão de como os cientistas lêem, ou seja, de que maneira eles observam visualmente e processam no cérebro um texto, auxilia na elaboração de um modelo mais agradável e eficaz quanto à sua leitura e compreensão. Os textos possuem normalmente redundância sendo que uma leitura rápida até mesmo desprezando-se alguns parágrafos serve para uma compreensão pelo menos superficial do assunto. O mesmo não acontece com tabelas, gráficos e imagens, onde o grau de redundância é mínimo ou inexistente. Diferenças de contraste ou cor ocorrem em imagens chamando a atenção para o ponto fundamental a ser observado, por isso uma imagem oferece uma informação muito mais rápida e objetiva do que um texto extenso e repetitivo. Tabelas e gráficos possuem intuitivamente seus pontos de partida e conclusões. Textos muito longos e com letras miúdas desinteressam o leitor muito mais facilmente. “[...] Quanto mais necessário for extrair informação de modo rápido e eficiente, mais fundamental será que essa informação seja apresentada conforme uma estrutura apropriada” (p. 119).
O entendimento de um texto não depende apenas do conhecimento prévio do leitor, mas também da maneira como ele está sendo apresentado.
As editoras desempenham papel intermediário entre o autor e o leitor, uma de suas funções é a de receber o material e prepará-lo de maneira mais adequada para apresentação final. Também os bibliotecários intermediam esta comunicação codificando e armazenando de forma acessível o material publicado.
As bibliotecas ocupam lugar de destaque na divulgação a ponto de influenciarem tanto as editoras quanto os leitores. Ao passo que elas decidem grande parte do material a ser adquirido por serem os mais importantes compradores de publicações tanto impressas quanto on-line, interferem nas vendas das editoras e no material oferecido ao leitor. “[...] As bibliotecas possuem duas funções básicas: atuar como um arquivo de publicações e torná-las disponíveis para os leitores” (p. 133). A função dos bibliotecários em adquirir material adequado aos pesquisadores (e leitores em geral) é mais frutífera em paises desenvolvidos do que nos paises em desenvolvimento.
As fontes formais de comunicação impressa podem ser complementadas por comunicações orais e vice-versa, por exemplo em uma palestra, apresentações em retroprojetores de imagens e textos curtos enfatizam uma informação e suprem uma carência da comunicação oral. A leitura de um artigo trará maiores detalhes do que assistir uma palestra sobre ele. As diferenças básicas entre estas duas formas de transmissão do conhecimento estão na rapidez e conteúdo, melhor explicando, na comunicação oral há uma maior rapidez na apresentação das idéias, enquanto que na leitura de um artigo ou livro há uma maior e mais rápida absorção de conteúdo.
Os congressos e conferencias servem não somente para a comunidade cientifica assistir as apresentações dos pares, mas sim para manter contato com os pesquisadores já conhecidos e identificar possíveis novos colaboradores. Não são somente as apresentações que despertam interesse dos participantes, mas também as conversas durante os intervalos onde informações podem ser trocadas e novas parcerias podem ser firmadas.
Um problema atual durante os congressos é a quantidade exagerada de apresentações, o que diminui o tempo de cada comunicação dificultando a sua compreensão. Uma alternativa bem vinda atualmente é a apresentação de pôsteres, onde o autor posiciona-se ao lado de seu trabalho e os participantes podem dedicar tempo analisando e discutindo diretamente com o pesquisador de sua área de interesse, mas ainda assim há uma desvantagem nessa modalidade de apresentação que é a sua utilidade maior para alguns temas do que para outros. São nos congressos que as redes humanas de relacionamento têm uma ótima oportunidade de serem ampliadas.
A comunicação eletrônica cada vez mais ganha espaço com a vantagem de possuir um manuseio muito flexível, mas ao mesmo tempo com a desvantagem de causar preocupações no o que diz respeito ao direito autoral, já que a sua reprodução torna-se mais difícil de ser controlada do que a fotocópia tradicional.

Capítulo 5 – Tornando públicas as pesquisas
A apresentação oral de um trabalho precede a sua publicação. A evolução de uma pesquisa inicia com comunicações face a face, logo após com pequenos seminários e posteriormente com apresentações em congressos de maior porte, na conclusão a sua publicação é imprescindível para seu reconhecimento e divulgação no meio cientifico.
O término dos trabalhos para publicação de um doutorado, por exemplo, pode vir a acontecer tempos após a defesa da tese, o trabalho de escrita demanda tempo ainda que os resultados estejam prontos e satisfatórios, outro motivo é o engajamento do pesquisador em outro projeto ou a transferência para outros cargos. Uma tese pode originar um artigo, mas uma das diferenças obrigatórias entre eles é que a tese possui como único autor o proponente a obter o título, já o artigo pode conter o nome de uma equipe e, principalmente, o nome do orientador.
As áreas de ciências exatas promovem mais comunicações orais no desenvolvimento de pesquisas do que as áreas social e humanas, também as exatas finalizam um trabalho em menor tempo que as outras áreas.
A escolha sobre qual periódico publicar o trabalho concluído consiste em dois principais fatores: o prestigio do periódico e o público atingido por ele. O prestígio de um periódico depende de fatores como a publicação das melhores pesquisas pelos melhores pesquisadores e tempo de existência do mesmo, este tempo varia de área para área, para se ter uma idéia a idade para um periódico estabelecer boa reputação em uma área com crescimento acelerado pode ser o equivalente a uma década. “Prestígio e público andam juntos. Os leitores, como os autores, são atraídos pelos periódicos mais importantes, de modo que, ao publicar nesses periódicos, os autores têm mais probabilidade de atingir o público almejado” (p.167).
Livros demandam mais tempo para serem publicados do que artigos e também espera-se que sejam úteis por mais tempo para o leitor, o conteúdo de um livro costuma ser mais “duradouro” do que um artigo. Os procedimentos para publicação também diferem de livro para artigo, no primeiro são comuns contratos com a editora que aceita a idéia original antes mesmo da conclusão da obra, o que abre espaço para interferências da editora no produto final, já com os artigos os procedimentos são diferentes, normalmente não ocorre este tipo de contrato.
A aceitabilidade do material submetido é ponto em comum nas publicações tanto de livros quanto de periódicos. Os editores são os primeiros responsáveis por decidirem se uma colaboração será publicada e como será apresentada. Estes editores em geral procedem de instituições com reputação consolidada.
As especializações tornaram mais difícil a avaliação dos editores por dois motivos: aumentaram as submissões ao passo que aumentaram as subdivisões das pesquisas, e conseqüentemente reduziu-se a quantidade de avaliadores capazes de compreender satisfatoriamente os novos assuntos apresentados.
Um escore médio de pontuação é oferecido pela maioria dos periódicos aos seus avaliadores, os critérios mais pontuados são geralmente a originalidade, a correção e a importância da pesquisa relatada. Alguns dos problemas encontrados freqüentemente em trabalhos submetidos a um periódico sobre administração são: inexistência de teoria, descompasso entre teoria e investigação real, teoria mal definida, delineamento mal definido, argumentação mal estruturada e artigo mal escrito. Vale salientar que chama a atenção a carência de habilidade na escrita e na forma de comunicação em geral (que chegam a ser capazes de reprovar um artigo submetido), sendo que estamos falando de pesquisadores empenhados exclusivamente no meio acadêmico, pós-graduados, e considerados privilegiados intelectuais.
O caminho a percorrer até a publicação de um artigo pode trazer muito aborrecimento para o autor, quando o avaliador pode não entender bem suas palavras e sugerir muitas alterações ou responder com muitas criticas a avaliação de um artigo, isto comumente fere o ego do autor, e refazer as correções sugeridas pode ser um trabalho muito sacrificante e frustrante, ainda assim só não é mais traumático do que a recusa imediata do artigo.
A discriminação de gênero é uma preocupação durante o processo de avaliação, alguns editores recebem artigos sem informações sobre os autores a fim de evitar discriminações de gênero e também de ordem pessoal.

Capítulo 6 – Pesquisando sobre pesquisas (e conclusão)
A etapa posterior à elaboração e divulgação da ciência requer ainda estudos para uma atividade mais dinâmica e segura. Dependendo do modo como uma obra foi indexada, o sucesso na sua recuperação será positivo ou não no momento em que o leitor necessitar justamente do conteúdo depositado nela.
As fontes de informação crescem constantemente e as tecnologias também. Neste sentido pesquisadores com menos recursos e acesso a periódicos em linha sofrem grande desvantagem. Algo que permanece em comum entre todos os pesquisadores é a dificuldade em peneirar o material útil e inútil diante a oferta crescente de produção bibliográfica, principalmente em linha.
O turbilhão de informação despejado diariamente na sociedade (cientifica ou não), chama a atenção para o problema crescente que é o de selecionar o que é de fato importante e aceitável. Além do tipo de informação enfatizada aqui neste estudo, há também toda uma gama de transmissão para o público em geral via rádio, televisão, jornais de circulação local ou nacional, que também absorvem este crescimento informacional e transferem para a sociedade não cientifica, a seleção das fontes por estes veículos de comunicação realizada de forma irresponsável, acaba por direcionar a opinião pública, bem como informar equivocadamente o cidadão comum interessado em conhecer o mundo restrito das descobertas cientificas.
Resenha:
Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. Pierre Bourdieu.
Por Luciana Lavezzo


Bourdieu apóia a iniciativa do INRA (Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica), durante um congresso do qual participou, que chama de reflexão coletiva sobre si próprio no momento que a comunidade cientifica fazendo uso de conferências inicia uma rodada de reflexões sobre si mesma e seu papel na sociedade. Este é o inicio do que Bourdieu espera ser um processo de auto-análise coletiva.
Bourdieu preocupa-se em propor instrumentos e conhecimentos inovadores, úteis e questionáveis para que a comunidade científica possa produzir uma verdade sobre si própria, utilizando para isso novas formas de reflexão.
A interpretação do conteúdo dentro de variados campos das ciências segue duas linhas distintas de pensamento: de um lado estão os que acreditam que para compreender, por exemplo a literatura ou a filosofia, basta ler os textos; de outro lado estão aqueles que defendem a necessidade de relacionar o texto ao contexto.
Partindo do princípio que toda a ciência nasce de alguma pretensão política, religiosa ou econômica, a meu ver um conhecimento do contexto do texto torna-se imprescindível para uma melhor compreensão do conteúdo.
A noção de campo elaborada por Bourdieu serve para tentar explicar a ciência como resultado das intervenções do mundo social, mostrando o comportamento de cada campo como sendo segundo ele, um microcosmo. Para ele, a compreensão de uma produção cultural não depende apenas da leitura do texto nem da ligação direta a algum movimento social da época, mas sim de um contexto muito mais complexo contido nos campos: literário, artísticos, jurídicos ou científicos.
A estrutura de cada campo é determinada pela distribuição do capital cientifico de seus indivíduos ou até mesmo das instituições relacionadas.
O nível de influência e “poder” de cada individuo dentro de dado campo é determinado por fatores que medem seu capital intelectual, tais como: suas publicações (quantidade e nível de alcance), índice de citação, projetos em andamento, resultados de pesquisas reconhecidos entre os seus pares.
Da mesma forma, os objetos de pesquisa considerados importantes são definidos por esta classe dominante, sendo que por conseqüência disto, os demais integrantes do mesmo campo sentem os reflexos do direcionamento dos assuntos da ciência decidido de forma hierárquica.

09 maio 2007

Alini Cristiani de Carli

Resenha do capítulo 4

BIOJONE, Mariana Rocha. Os periódicos científicos na comunicação da ciência. – São Paulo: Educ; Fapesp, 2003.

O texto trata da história, evolução e criação da World Wide Web, descrevendo os principais acontecimentos até a consolidação da web.
Em 1957, com o objetivo de desenvolver tecnologias de ponta para as Forças Armadas Americana, os Estados Unidos criaram a Advanced Research Projects Agency conhecido como ARPA e que a partir de então, a área de comunicação passou a dominar a rede e a explorar os formatos de envios de dados.
No início, os dados eram agrupados em pacotes e o receptor só teria acesso a informação completa após a chegada de todos os pacotes. Já em 1967 desenvolveu-se uma rede de sistemas de computador que permitia enviar e receber mensagens através de máquinas distintas, esse sistema foi chamado de Arpanet e com a criação do correio eletrônico, foi possível estabelecer uma comunicação mais rápida entre pessoas.
Com o uso da rede como meio de comunicação entre professores, pesquisadores e comunidade científica, houve um aumento no número de servidores e conseqüentemente aumentou-se também o número de informações na rede. Dessa forma tornou-se necessário criar mecanismos de buscas para recuperar essas informações.
Em 1990 criou-se o info.cem.ch, um servidor com a interface de busca, que tinha a finalidade de facilitar o acesso as informações na rede, sendo que esta foi uma das experiências realizadas para a criação da WWW.
Mas somente em 1992 com o desenvolvimento da web é que começou a funcionar a World Wide Web. Os dados eram escritos em HTML, linguagem utilizada para criação de páginas que permitia a transferência de informações entre as máquinas.
A cada ano aumentava-se o número de pessoas que utilizavam a web para trocar e obter informações.
Com o desenvolvimento da web, surgem também as interfaces de navegação, como o Mosaic a Netscape e a tão conhecida Internet Explorer, multiplicando dessa forma os sites disponíveis na rede.
A autora discute sobre a criação da Web Semântica, que seria uma rede de dados que se utilize de formas mais eficientes para realizar buscas, afim de ser possível analisar o conteúdo dos documentos, sendo necessário a criação de uma linguagem comum de metadados.
A autora comenta também sobre a criação dos periódicos eletrônicos que foram fortemente influenciados pelas novas tecnologias da web e pela necessidade de organizar e disponibilizar de forma mais rápida os periódicos científicos. E exemplifica os primeiros projetos de periódicos eletrônicos.
Contudo, podemos perceber o quanto o desenvolvimento da Internet, junto com a criação de periódicos eletrônicos facilitou na transferência e disseminação de informações contidas nos periódicos.
Alini Cristiani de Carli

Resenha do livro:
MEADOWS, Arthur Jack. A comunicação científica. Tradução de Antonio Agenor Briquet de Lemos. Brasília, DF : Briquet de Lemos/Livros, 1999. ISBN 85-85637-15-3.


Os meios empregados para transmitir informação e as necessidades mudaram com o passar dos anos.
O advento da impressa causou grande impacto na sociedade da época, houve um grande aumento no número de livros publicados e na quantidade de informações circulantes. Com isso houve uma rápida difusão de pesquisas estimulando também a difusão de notícias impressas, postais, jornais, que serviram de modelo para o surgimento da revista científica.
Os primeiros periódicos científicos urgiram na segunda metade do século XVII devido principalmente à necessidade de comunicação de forma mais rápida.
Devido ao grande número e complexidade de autores foi necessário especificar os temas e padronizar os textos. Os títulos passaram a ser menores, as referências foram para o final do texto. Com a melhoria da estrutura dos artigos, a forma de recuperar informações tornou-se mais eficiente.
Meadows destaca também os pontos que contribuíram para a acumulação da pesquisa, o crescente aumento no número de doutores e consequentemente no número de publicações, além disso, o crescente desenvolvimento das tecnologias de informação.
A Alemanha foi pioneira na implantação de programas de formação de pesquisadores profissionais, o que levou os Estados Unidos a criarem escolas de pós-graduação, dando origem ao surgimento do mestrado profissionalizante.
Com isso os pesquisadores acumulavam informações tornando-se cada vez mais especializados. Já os cientistas amadores não tinham os mesmo suportes dos especialistas, dedicavam um tempo menor a suas pesquisas, logo os resultados e divulgação eram diferentes.
No final do capítulo o autor salienta sobre os desafios referentes ao crescimento da informação e a necessidade dos pesquisadores em se adaptarem ao mundo eletrônico.
No segundo capítulo do livro, Meadows faz uma análise sobre as diferenças entre as áreas do conhecimento, discutindo as principais divisões entre ciência, ciência social e humanidades.
A divisão do conhecimento se deu de forma gradual e foi baseado numa visão tradicional da natureza do conhecimento, definindo assim, as diferenças entre as disciplinas.
Através das idéias baconianas de que o conhecimento era gerado a partir de estudos empíricos baseados em observações e experimentos, surgiu a idéia de conhecimento científico, que poderia ser obtido analítica e empiricamente.
O autor descreve também sobre o desenvolvimento da matéria, que segundo ele depende de onde surgiu inicialmente, ou seja, a que área mais ampla ela pertence.
As matérias são diferenciadas pela área de interesse e também pelos diferentes métodos utilizados pelos pesquisadores, podendo gerar uma nova disciplina.
O autor classifica esse processo de desenvolvimento das matérias por ‘brotamento’, que seria uma área mais ampla gerar disciplinas diferentes. Ou o contrário, a união de dois ramos diferentes da ciência gerando uma nova especialidade, chamado pelo autor de desenvolvimento por ‘fusão’.
O surgimento de especialidades pode ser identificado pela data de criação das cátedras universitárias, ou seja, o período em que determinado assunto foi visto como importante, tornando-se uma disciplina.
Contudo, é necessário definir em quais bases conceituais da ciência o pesquisador deve se apoiar para desenvolver suas pesquisas. Essa questão de estrutura conceitual é importante para determinar as diferenças nos padrões de comunicação entre matérias.
Os resultados de novas pesquisas dependem da definição de um conjunto de normas para a comunidade científica e, além disso, da interação entre os próprios cientistas.
No terceiro capítulo, Quem pesquisa e com quais resultados, o autor discute sobres os motivos que levam uma pessoa a tomar a decisão de pesquisar. Entre os motivos estão o interesse e facilidade de aprendizado por determinada área, o desejo de obter um bom emprego e reconhecimento. Uma outra pergunta que Meadows trás a tona é, por que o pesquisador toma a decisão de cursar uma pós-graduação? Entre os principais motivos estão: A liberdade de estudar aquilo de mais o interessa, prosseguindo com seu desenvolvimento intelectual, além de contribuir para o conhecimento de sua área e o desejo de seguir uma carreira acadêmica e também a remuneração oferecida.
No mesmo capítulo, o autor aborda a questão da produtividade, que depende da quantidade de artigos publicados, no caso de pesquisadores acadêmicos. Contudo, existem fatores que influenciam na obtenção de bons pesquisadores, que conseqüentemente acarretam boa produtividade, trata-se do fator financeiro. Uma universidade com recursos financeiros, oferece boas condições para o pesquisador, logo estes vão produzir mais.
Porém, um ponto importante que o autor questiona, é a questão da qualidade das publicações, que pode ser avaliada a partir do nível de interesse dos outros pesquisadores pelo assunto, que pode ser medido, a partir do método de citações, ou seja, quantas vezes determinado trabalho foi citado por outros pesquisadores. No entanto esta questão ainda é discutível, já que a citação pode depender da importância do tema, do conteúdo do texto, que pode conter informações erradas e por isso ser citado de forma negativa, entre outros motivos, que podem não ser o da qualidade do trabalho.
Alguns fatores como o reconhecimento pelo trabalho e a motivação são aspectos importantes que influenciam na produtividade do pesquisador, contudo é necessário manter contato com outros pesquisadores tornando assim mais conhecidos para a comunidade científica.
No capítulo quatro, Meadows aborda os diferentes canais utilizados para divulgação científica, entre eles os projetos gráficos para leitura, que faz um estudo do comportamento do leitor ao se deparar com um texto, como esses leitores analisam tabelas, imagens, gráficos e até mesmo o próprio texto. Entre os fatores que influenciam no grau de absorção de informações pelo leitor estão: o motivo que o levou a ler o texto, questões de formatação como tamanho da letra e das frases, espaçamento entre as frases, disposição das imagens entre outros.
Se o texto estiver bem projetado, ele estará de acordo com qualquer objetivo que o leitor espera, havendo apenas diferenças nos métodos empregados para utilizar o texto.
O autor chama de grupos as instituições responsáveis pela transmissão de informações.
O primeiro grupo são as editoras, que entram em contato com os pesquisadores para adquirir o material, organizam e divulgam os resultados.
Outro grupo importante na transferência de informações científicas são as bibliotecas, estas adquirem frequentemente livros e periódicos científicos, sendo que seu papel é arquivar as publicações, desde as mais antigas até as mais recentes e torna-las disponíveis para o leitor.
Outro canal de comunicação que o autor aborda, é a comunicação oral, que são os contatos com outros pesquisadores de outras instituições, outros países, dentro do mesmo ou de diferentes grupos de pesquisa. Estes contatos podem ser uma forma mais rápida de fornecer informações importantes e divulgar trabalhos, para isso é preciso estar a par das transformações da área em questão.
Os canais eletrônicos são um meio de divulgação que possibilitam um acesso rápido, além de oferecer formas de buscas, mas nem sempre é a forma mais viável, já que algumas pessoas ainda preferem ler o texto impresso para melhor absorve-lo e poder carregar para qualquer lugar.
Meadows volta a questionar no capítulo cinco a questão da divulgação das pesquisas científica, e sita as fases pelas quais a pesquisa passa. Na primeira etapa do projeto, a comunicação se dá de forma informal, nas conversas com outros pesquisadores, por exemplo, depois os projetos são apresentados oralmente em seminários e só depois de quase concluído, o projeto pode ser apresentado em congressos e concluído o trabalho os resultados poderão ser publicados.
O autor faz uma análise dos diferentes tipos de publicações, e segundo uma pesquisa realizada em Universidades britânicas, as áreas de ciência e tecnologia são as que possuem um desempenho per capita melhor. Faz também uma relação do tempo necessário para realizar cada etapa do trabalho e concluí que o tempo para redigir o texto varia de acordo com a área pesquisada.
No final de um projeto o autor precisa decidir para qual revista ou editora encaminhará seu artigo ou livro para ser publicado, e isso depende entre outros motivos do publico alvo no caso das revistas, além do tempo que será necessário esperar para publicar o trabalho.
Para que um trabalho possa ser publicado é necessário que ele seja aceito pela comunidade científica que analisa o quanto determinado resultado colabora para a área em questão. Em alguns casos os próprios editores com formação pertinente ao conteúdo fazem o trabalho de avaliação dos resultados antes de serem publicados.
No último capítulo do livro o autor fala sobre a dificuldade da transmissão da informação, já existe um desencontro da pessoa que indexa o livro e o leitor que busca a informação.
O cientista primeiramente decide qual a informação será necessária para realizar seu trabalho, depois buscas essas informações nas fontes que julga ser mais apropriada.
Meadows analisa também a organização pessoal da informação, cada pessoa tem uma forma diferente de utilização das fontes de informação, o pesquisador procura normalmente as fontes que já conhece e que julga mais útil, além disso, a utilização de certas fontes de informação depende de sua acessibilidade.
Devido à grande quantidade de informações disponíveis, torna-se necessário fazer uma seleção do que é viável para determinada pesquisa, dessa forma, o autor sita a Lei de Bradford, que a partir deste método é possível selecionar apenas as informações pertinentes que se encontram s num conjunto de fontes de informação em determinado momento.
No mesmo capítulo o autor discute sobre a forma eletrônica de recuperação de informações e que apesar de ser um método rápido de recuperar documentos ainda possui desvantagens, já que pode recuperar um grande número de registros impertinentes e que muitas vezes pode se tratar de uma falha do próprio pesquisador que não soube selecionar as melhores palavras-chaves ou expressões para busca.
As buscas que eram feitas apenas pelos bibliotecários, hoje são feitas pelo próprio pesquisador, que depara com uma infinidade de informações e que nem sempre está preparado para realizar determinadas buscas, por falta de conhecimento a respeito do processo de busca e de quais fontes estão disponíveis.
A comunicação científica sempre passou por mudanças e vai continuar passando, devido ao volume de informações que aumenta a cada dia, aos novos meios de comunicação que surge e evoluem juntos com o avanço tecnológico. Contudo, existe o desafio da comunidade científica de se adaptar constantemente aos novos meios para assim conseguir comunicar ciência.

Resenha dos capítulos 1.4 de Fachin e Hillesheim e 2 de Biojone

Kátia Ellen Chemalle RA 247090

FACHIN, G. R. B.; HILLESHEIM, A. I. de A. Periódico científico on-line e a tecnologia da informação. In: ______. Periódico científico: padronização e organização. Florianópolis: UFSC, 2006. Capítulo 1.4.

Dentro do capítulo 1, no tópico 1.4, o livro vai falar sobre o surgimento dos periódicos on-line, inserido na chamada “era do conhecimento”. Nesta parte os autores vão fazer um histórico da tecnologia de informação que surgiu em meados da década de 1960, Pós-Segunda Guerra Mundial, principalmente no Japão. Aglutinados com a tecnologia da informação, começam a se falar nos tão famosos hoje softwares e hardwares, chegando ao Brasil em 1995.
O texto fala de um aspecto importante: uma destruição de barreira entre os saberes, ou seja, nem todos têm acesso a tudo. Hoje ainda se percebe muito claramente esse aspecto, pois há uma gama de tecnologias presentes na sociedade, mas nem todos podem ou conseguem ter acesso. Ainda há uma grande exclusão informacional e digital.
Cita até a educação à distância que favorece muito a utilização das tecnologias de informação, mas que também exclui certas camadas da sociedade deste privilégio.
Este texto também cita alguns aspectos que já vimos na leitura do livro de Meadows (A comunicação científica), como os colégios invisíveis, edição de periódicos científicos, edição eletrônica, avaliação de artigos. E ressalta a importância da Internet para as publicações científicas e o que se pode fazer através dela: comunicação via correio eletrônico, conferências, pesquisas, interação entre instituições, marketing dentre tantos outros num vasto universo eletrônico que temos hoje.
O texto destaca uma parte para a importância do profissional bibliotecário, dizendo que o mesmo é responsável pela organização, preservação e recuperação da informação, auxiliando os seus usuários e até atuando em novas habilidades com o aparato das tecnologias de informação como as bibliotecas virtuais e digitais, livrarias virtuais; ajudando a contribuir com outras áreas do conhecimento.


BIOJONE, M. R.Os periódicos científicos. In: ______. Os periódicos científicos na comunicação da ciência. São Paulo: EDUC; FAPESP, 2003. Capítulo 2.

O capítulo 2 do livro de Biojone vai tratar unicamente dos periódicos científicos, sua evolução (os primeiros surgiram na França e Inglaterra); juntamente com avanços da informática como os bancos de dados que são utilizados até hoje (Medline; Inspec; BIOISIS).

Também fala da editoração eletrônica largamente utilizada por grande parte dos periódicos científicos on-line e do ISSN (International Standard Serial Number) que todos os periódicos hoje têm. Além disso, tem funções importantes para a comunicação científica, como a preservação e disseminação do conhecimento científico, a divulgação das pesquisas, podendo conhecer os cientistas das áreas do conhecimento e trocar informações entre os grupos.

Resenha: “Periódico cientifico: do papel ao on-line”

Resenha: “O processo de comunicação cientifica”

“Periódico cientifico: do papel ao on-line”

Carlos H. Santos

O capitulo intitulado “Periódico cientifico: do papel ao on-line” do livro ”Periódico Cientifico – padronização e organização”. Traz diversas definições de periódico cientifico apresentando seus conceitos e características, essa apresentação foi feita através de uma análise histórica, onde diversos autores deram sua contribuição no sentido de esclarecer a idéia que há no termo.

Podemos perceber através da leitura e comparações das diversas definições que o conceito de periódico cientifico, está ligado ao tempo, ou seja, a cronologia e a periodicidade com que o material bibliográfico é disponibilizado e também a atividade de pesquisa.

Um problema abordado pelo autor é o da dificuldade que s revista cientifica enfrenta para se manter no mercado, uma vez que há uma grande quantidade de universitários e cientistas, essa realidade poderia ser diferente.

Para o autor a causa deste problema está na falta do hábito da leitura, que para mim esse problema não começa na graduação e sim desde os primeiros anos de formação escolar onde a pesquisa e entendida como cópia, seguindo no ensino médio onde a leitura é mera atividade de decorar para ingressar na universidade deixando a atividade de formação de conhecimento para a faculdade.

No livro “Os periódicos científicos na comunicação da ciência” no capitulo “O processo de comunicação cientifica” apresenta um histórico do surgimento das revistas cientificas e também como esse meio de comunicação pode quantificar a produção cientifica de determinados paises. O autor faz críticas ao método de quantificar a ciência através de bases de dados como a ISI pois a mesma tem uma grande quantidade de periódicos de paises em desenvolvidos e em sua maioria numa língua universal para o comercio e a ciência, deixando paises em desenvolvimento a margem da quantificação.

Ambos os textos falam sobre o impacto das tecnologias da informação sobre a comunicação e produção cientifica, e também sobre a possibilidade de exclusão social que o advento das novas tecnologias podem gerar.

Resenha

Fernanda Pereira Santiago

Resenha: A criação da Word Wide Web.

BIOJONE, Mariana Rocha. Os periódicos científicos na comunicação da ciência. – São Paulo: Educ; Fapesp, 2003.

Com a criação da Word Wide Web (www ou web) foram claras às mudanças nas noções tradicionais de tempo e espaço e com este fato também foram estudados as mudanças significativas nos meios de comunicação cientifica, sendo a web utilizada de forma intensa para a disseminação da informação.
O texto traz para os leitores uma detalhada história do surgimento da Internet abordando o seu desenvolvimento através do surgimento de grandes projetos de datam do ano de 1957. Uns dos adventos que impulsionaram a Internet foi o lançamento do satélite Sputnik pela União Soviética, com este acontecimento os Estados Unidos da América preocupados com a sua segurança militar criam a Advanced Research Projects Agency – Arpa, com o objetivo de desenvolver tecnologia na área de comunicação para as Forças Armadas americanas, esta nova tecnologia teria a função de manter (garantir) a comunicação entre os vários estabelecimentos.
Com o passar do tempo em 1968 foram realizadas as primeiras provas de funcionamento da comunicação com a participação das universidades, que através dessa parceria acabou gerando o que conhecemos hoje de Internet. Um dos exemplos dessa comunicação são os grupos de discussão que funcionavam através do envio de arquivos chegando ao topo em 1981, ao ponto que um servidor gerenciava os arquivos e como resultado a possibilidade de publicação de artigos.
Com o desenvolvimento da web a comunicação cientifica enxergou uma possível saída para tentar resolver alguns problemas como o de tentar enfrentar a crise dos periódicos impressos. Neste contexto os periódicos criaram projetos para a migração do formato impresso para o eletrônico, a intenção era de ampliar a disseminação da informação, visibilidade e a acessibilidade dos periódicos científicos.
É interessante mencionar a disponibilidade e iniciativa de instituições de pesquisa e editoras comerciais em se adaptarem a esse novo meio de disseminação de informação, valorizando e buscando satisfazer as necessidades dos usuários nessa nova realidade de transição dos processos do meio de comunicação.
Como no inicio deste tópico do livro o autor traz também todo um histórico sobre os primeiros projetos de periódicos eletrônicos que se desenvolveram entre os anos de 1978 e 1980. O autor indica que é interessante lembrar que a web, como conhecemos hoje só se tornou realidade no ano de 1992. Então esses projetos que são citados se baseavam na época na disseminação através de mensagens ou através da busca dos usuários em acesso remoto, portanto não se existia uma navegação e uma estruturação como conhecemos hoje.
Esses projetos foram de estrema importância para o desenvolvimento das novas tecnologias da comunicação que utilizamos hoje, citando como exemplo a MEDLINE. Chegamos a ponto de sermos comunicados com mensagem eletrônica (e-mail ou correio eletrônico) sobre a entrada de novas informações.

Resenha

Fernanda Pereira Santiago
Resenhas dos capítulos 1-6.

MEADOWS, A. J. A comunicação científica. Brasília, DF: Briquet de Lemos Livros, 1999.

Cap. 1 – Mudança e crescimento.
Antes de dar inicio as resenha acho apropriado confirmar segundo Kneller que “A comunidade científica é um grupo de pessoas vinculadas pela comunicação de informação. Saber se comunicar dentro desta comunidade é fundamental”.
No inicio do livro Meadows discorre sobre a mudança e crescimento dos meios de comunicação e como esta transformação afetou a comunicação cientifica. É apresentado neste trecho um fato, não só a forma como a informação é apresentada, mas também a quantidade de informações circulantes que aumentou consideravelmente. Um dos adventos demonstrados pelo autor sobre os primórdios da comunicação é que ninguém pode afirmar quando foi que se começou a fazer pesquisa e como também houve a comunicação cientifica, nesse inicio de comunicação cientifica Meadows procura assentar que é necessário entender o que é pesquisa e os meios de se comunicar como a fala e a escrita.
Um acontecimento interessante mencionado e que ajudou o avanço na comunicação foi a capacidade de impressão que possibilitou a multiplicação dos exemplares, esse evento afetou diretamente na difusão da informação com a maior velocidade de circulação das pesquisas que tinham sido realizadas.
Na época esses serviços de impressão estimularam em especial a difusão de noticias, os sistemas postais e os jornais surgiram praticamente juntos já que sendo estes necessários para o andamento das noticias.
É importante lembrar que essas mudanças do meio de comunicação, divulgação e formato não se deram instantaneamente sendo o manuscrito muito utilizado depois da impressão.
Um dos temas tratados neste inicio de capitulo foi “o advento da revista cientifica” expondo o autor a historia de como e porque surgiram os primeiros periódicos e ao emprego do termo periódico a publicação seriada.
Nessa fase é conveniente o modo como são relatados e exemplificados a mudança drástica que sofreu a sociedade com o nascimento da comunidade cientifica.
Com o nascimento e crescimento da comunidade cientifica e o aumento do volume de informações vão surgindo novos desafios como a acumulação das pesquisas e como essas novas descobertas podem auxiliar a sociedade, outro fato também foi de um crescimento rápido que provocou algumas implicações como a falta de padronização na divulgação da informação.
No final do capitulo o autor coloca o surgimento de um novo mundo eletrônico que trouxe para os pesquisadores o desafio de se adequar com as novas tecnologias de informação de fazem na atualidade o grande processamento da informação por conseqüentemente a divulgação das novas descobertas da comunidade cientifica.
Cap. 2 – Tradições da pesquisa.
Esse capitulo discorre sobre a diferença entre as disciplinas e como essas diferenças se refletem no processo de comunicação. Neste inicio são colocados as formas de como o conhecimento foi dividido e classificado em categorias básicas e com esta classificação raramente são detectadas divisões marcantes entre o conhecimento. Isso atualmente é mais fácil de se visualizar com as ramificações que geraram as especializações e em alguns casos até mesmo novas disciplinas com a ajuda dos avanços tecnológico, citando como exemplo a biomedicina que tem como fundamentação elementos da física, química entre outras áreas.
O autor coloca neste capitulo também as diferenças entre os grupos de pesquisa sendo estes de humanas e exatas ou ciências “rígidas” X “flexíveis”. Neste momento é interessante mencionar que umas das diferenças citadas pelo autor e a mais importante de se explicar é que um dos fatores de diferença entre esses dois é que na ciências humanas ou “flexíveis” os grupos de pesquisa são menores por ser uma ciência mais reflexiva e com idéias subjetivas, contendo assim menos integrantes e com isso menor porcentagem de discórdia entre os membros sendo estes grupos de pesquisa menores. Já os das “ciências rígidas” ou exatas os grupos podem ser em numero maior de integrantes pela característica de idéias objetivas.
Um ponto importante e desafiador neste capitulo é sobre as tecnologias da informação uma dessas tecnologias da informação são decorrência do rápido crescimento das redes de computadores que deu possibilidade de maior interatividade entre grupos de pesquisa e pesquisadores.
Cap. 3 – Quem pesquisa e com quais resultados?
Logo de inicio o autor coloca a questão “Por que tomar a decisão de pesquisar?”, para argumentar de maneira satisfatória se fosse realizado esta pergunta a um pesquisador gostaria de ouvir como justificativa de que os objetivos da pesquisa que realizo são em comum com minhas aptidões e me realizam quanto pesquisador, quando descubro que estou realmente interado e adequado a responder as necessidades que esperam de meu trabalho. Isso seria o ideal, mas sabemos que em muitos casos não são assim, em um exemplo citado pelo autor demonstrado em uma tabela que confirma que o maior motivo dos estudantes que almejam a pesquisa na área acadêmica é de continuar o desenvolvimento intelectual e em ultimo assustadoramente servir melhor à humanidade, embora os entrevistados possam ter exagerado um pouco na pureza fica nítido que o menor interesse é um dos mais significativos para o desenvolvimento da sociedade.
Fazendo uma critica a um tópico deste capitulo onde Meadows coloca em xeque alguns requisitos para ser pesquisador como a inteligência, sendo esta o mínimo para manter a expectativa de obter uma qualificação de pesquisador, um dos teste realizados para se quantificar a inteligência dos humanos é o teste de QI que ao meu ver não é a única maneira de se medir a inteligência humana, podemos até utilizar deste meio para fazer um avaliação, mas com uma tolerância de que os resultados obtidos sejam relativos, ou seja, existe varias formas de inteligência tendo cada individuo um dom em especial, ou seja, algo que tenha muito mais facilidade de que os outros.
Também é mencionado este capitulo a produtividade, uma das formas de se estudar ela é o numero de artigos de periódicos que publicam cada pesquisador, a produtividade é mais bem avaliada então em termos de artigos publicados, mas não podendo ser adotado somente este método porque pesquisadores da área de humanas preferem publicar suas pesquisas na forma de livro. Um questionamento a essa corrida pela publicação seria segundo o autor “Em que medida alta produtividade corresponde a alta qualidade de publicações cientificas?”, surgindo assim grandes trivialidades que não contribuem em quase nada para o desenvolvimento social, auxiliando individualmente o pesquisador que pode colocar mais um item em seu currículo.
Cap. 4 – Canais da comunicação cientifica.
Neste capitulo são avaliados os vários meios de comunicação cientifica e qual a melhor forma de se comunicar com os demais, contribuindo assim com a divulgação da informação. A questão então seria como deixar eficaz a comunicação de maneira que transmita o desejado com o melhor impacto possível, para se chegar a esta conquista o autor discorre sobre a legibilidade do texto sendo este o tratando do projeto gráfico chegando até mesmo na busca de um vocabulário, criando assim um trabalho completamente complexo e desafiador.
O ato de ler e suas varias interpretações também vêem a contribuir para a comunicação, neste caso a comunicação buscando atender vários públicos e este publico cada um com uma especificidade. Para este ato de ler são citados os mais importantes meios divulgadores ou disseminadores as editoras e as bibliotecas, cada uma exercendo o seu papel, as editoras como canal de comunicação de impressos em papel e as bibliotecas como compradoras de publicações cientificas, tanto livros quanto periódicos, de modo que suas decisões afetam as editoras e os leitores.
Um fator importante mencionado pelo autor são as desvantagens da comunicação oral, colocando como exemplo a fala, podendo ser produzida com mais rapidez do que a escrita, mas as informações escritas podem ser absorvidas mais rapidamente.
A comunicação oral é geralmente a mais utilizada em congressos e conferencias dando esta uma dinâmica que a escrita não proporciona, uma solução para o melhor aproveitamento das informações veiculadas é a produção de mídias com todos as atividades registradas e comentadas.
Cap. 5 – Tornando publicas as pesquisas.
Para o autor a realização de pesquisas e a comunicação de seus resultados são atividades inseparáveis, dando continuidade a esta linha de raciocínio Meadows coloca os tipos de publicações cientificas sendo estes: artigos em revista, livro, colaboração em anais, capitulo de livro entre outras formas, além disso, o autor caracteriza cada forma de publicação com o seu grupo “área” de produção.
Para tomar conhecimento das inúmeras pesquisas é necessário o conhecimento dos canais diferentes de publicação, dentre os de maior prestigio são os periódicos.
Um ponto de interesse neste capitulo é o tempo gasto para escrever e publicar os artigos ou livros. Com estatísticas Meadows coloca de forma assustadora alguns pontos como os critérios que os pesquisadores se baseiam para publicar, sendo a rapidez da publicação passando por cima do prestígio, sendo este tópico “escrevendo para publicação”, um ponto que concordo com o autor é que o objetivo primordial da maioria dos pesquisadores é realizar pesquisa e não escrever sobre elas, sendo a publicação uma conseqüência da pesquisa que gerou frutos.
Cap. 6 – Pesquisando sobre pesquisa.
O subtítulo deste capitulo já descreve de forma objetiva o que o autor busca tratar nas paginas seguintes “a procura de informação cientifica”, na atualidade quando falamos de busca de informação cientifica já visualizamos grandes catálogos, ou seja, bases eletrônicas.
Dois aspectos principais afetaram os pesquisadores nessa nova fase de catálogos eletrônicos, primeiro – meio informatizado de descobrir a informação; segundo – fornecimento real da informação de forma eletrônica. Essa forma de catálogos em linha substituíram os guias impressos da literatura, ao longo do livro vamos percebendo as mudanças gradativas que a tecnologia provoca no meio cientifico, iniciamos nos manuscritos e terminamos nos catálogos em linha “on-line”. E em todo este momento observamos as adaptações que os pesquisadores tiveram que realizar, ou melhor, se ajustar.
Neste final de livro o assunto foi sobre o desafio de como fazer para que a recuperação de informações por meios eletrônicos se ajustem melhor as necessidades da comunidade cientifica.
Um ponto importante que o autor menciona é que independente dos métodos utilizados eles devem funcionar com eficiência.
Outro tópico deste capitulo e a comunicação eletrônica e quando o objeto é a leitura, em geral tira-se uma cópia em papel da versão eletrônica, sendo assim os meios eletrônicos só facilitaram a recuperação porque no final sempre o usuário preferem ler documentos em papel a formato eletrônico. Uma conclusão que chegou o autor e concordando com ele é que o acesso eletrônico e o acesso impresso em geral se complementam, ao invés de um substituir o outro, uma das implicações que gerou o mundo digital foi sobre a sobrevivência das bibliotecas chegando a questionar a sua existência e função trazendo a possibilidade de que se tornando as bibliotecas totalmente informatizadas, será no futuro elas um ponto de acesso à informação ao contrário de um lugar de armazenamento de informações. Uma reposta que foi cogitada para esta indagação foi que os pesquisadores esperam que as bibliotecas funcionem de ambas as formas.

Resenha do livro A Comunicação Científica, de A.J. Meadows

Kátia Ellen Chemalle RA 247090

Resenha do livro:

MEADOWS, Arthur Jack. A comunicação científica Brasília: Briquet de Lemos, 1999. 268p.

O livro demonstra uma preocupação maciça com a comunicação da ciência, desde os seus primórdios até a questões ligadas a sua construção, desenvolvimento e aceitação pela sociedade. O livro vai discutir quais foram os principais meios de comunicação das pesquisas científicas, primeiramente, na Europa do século XVII e depois nos Estados Unidos (manuscritos, livros, cartas) até o advento da revista científica. A revista científica se apresenta pela primeira vez na Europa no século XVII pela Royal Society que se dedicou muito à comunicação científica naquela época, e seu principal representante foi Henry Oldenburg, responsável pela grande difusão de idéias e pesquisas.
O autor começa a relatar a grande importância que é dada à informação, devido à explosão informacional que atingia a sociedade e também a comunidade científica, acarretando alguns fatores como o crescimento e a especialização das pesquisas. No entanto, essa explosão informacional carecia alguns pontos como o acesso dos próprios pesquisadores à literatura científica disponível, como Meadows mesmo coloca no primeiro capítulo; mas isso se supriu ao longo do tempo com o aumento das publicações o que permitiu (e ainda hoje permite) a troca de informações entre vários pesquisadores na publicações de seus artigos nas revistas científicas.
Meadows vai mostrar fatores importantes para a comunicação da ciência que valem até a atualidade, mas outros que já não se adequam ou que estão mais atualizados dado o ano de sua publicação (1999). Meadows nos permite resgatar aspectos inerentes da ciência que inconscientemente estamos inseridos, mas diante da variedade de coisas que estudamos, transmitimos, acabamos não nos dando conta como, por exemplo, é feita a editoração de uma revista, quando passa por seus avaliadores e autores, ou então quando uma pesquisa científica é divulgada à sociedade pela mídia e que transformações as tecnologias de informação provocam. Essas discussões estão presentes no seu livro.
Instituições importantes também são citadas como as universidades, as editoras, as bibliotecas, os congressos. As universidades são o berço do conhecimento onde nascem os pesquisadores e onde é possível se especializar, buscar novos enfoques podendo recorrer a pesquisadores natos nas áreas do conhecimento que ajudam na disseminação da ciência. O autor mostra que a divulgação das pesquisas se dão de duas formas:

1. A comunicação pela comunidade composta por pesquisadores, especialistas, estudiosos da ciência, e

2. A comunicação feita pela imprensa que funciona como divulgação científica.

Enquanto que, no primeiro tipo, a comunicação é feita, digamos, numa linguagem mais rebuscada, pois é produzido em revistas científicas, congressos, eventos acadêmicos, livros; no segundo tipo a transmissão do conhecimento científico tende a ser por meio de uma linguagem mais popular, não desprezando, os termos científicos pertinentes, mas de uma forma que os avanços da ciência façam parte da vida da sociedade. No primeiro tipo dada a importância às editoras, por exemplo, pois as mesmas permitem uma disseminação maciça do conhecimento científico na publicação de livros. No caso das bibliotecas, servem como canal de acesso entre usuários e livros; suas ações afetam tanto editoras quanto usuários, pois são os principais compradores de fontes de informação científica, ou seja, tem o papel de mediar a aquisição e disponibilização da informação para usuários funcionais e pesquisadores, estes últimos que demandam informações mais específicas.
Quando falamos da comunicação feita pela imprensa, a divulgação científica, Meadows demonstra sua preocupação na veracidade das informações divulgadas pela mídia (quando falha o elo ciência-mídia), mas mostra também que pode funcionar como um artifício benéfico até para os pesquisadores, uma vez que os mesmos lêem os jornais, revistas de divulgação científica. Podemos citar um trecho do próprio livro: “De olhos voltados para o futuro, as redes possibilitam a convergência de todas as diferentes fontes de informação, de modo que elas se tornam disponíveis para serem acessadas tanto pelos usuários quanto pelos especialistas” (p.243). Ou seja, os próprios pesquisadores podem colaborar com a divulgação científica, lendo as matérias e identificando os pontos falhos, o que só tem a acrescentar para a leitura da sociedade sobre a ciência.
O livro de Meadows gera muitas reflexões, mas também tem o poder de ensinar todas as etapas da comunicação científica, instigando diferentes opiniões e até chegando à era da informação digital tão importante hoje, seja na troca de informação via correio eletrônico, seja através de sites, blogs ou portais científicos, como a Plataforma Lattes ou o Portal CAPES, muito utilizados por pesquisadores.

08 maio 2007

Resenha da obra “A comunicação científica” de A.J. Meadows.

Por Paulo Rogério Romagna

Antes que o homem aprendesse a falar, provavelmente se comunicava por gestos ou por desenhos. Com o domínio da fala e o surgimento das linguagens, a comunicação se tornou extremamente mais rápida e eficaz, sendo que boa parte do conhecimento adquirido nos primórdios de nossa história era transmitida oralmente. Tal meio de transmissão do conhecimento tinha por característica a efemeridade, já que não podia ser registrado. A partir do surgimento da escrita e do aperfeiçoamento dos suportes, chegando até à página impressa, conseguiu-se registrar a informação de forma duradoura.
A comunicação científica pode ser definida como a troca de informações entre membros da comunidade científica. Ela cumpre a função de “dar continuidade ao conhecimento científico, disseminando esse conhecimento a outros cientistas que podem, a partir daí, desenvolver outras pesquisas, para corroborar ou refutar os resultados de pesquisas anteriores, ou estabelecer novas perspectivas naquele campo de interesse. Por meio da comunicação científica, os membros dessa comunidade se mantêm informados sobre as tendências da área, os estudos já realizados e seus resultados”.
Segundo Meadows, a página impressa - principalmente os periódicos científicos – constitui o principal canal de comunicação científica. A internet vem se revestindo de importância cada vez maior, principalmente devido à tendência de se disponibilizarem periódicos on-line. As redes de computadores são também exaustivamente usadas na comunicação informal entre cientistas.
O autor retorna no tempo cerca de 350 anos e discorre sobre o surgimento das sociedades científicas e dos primeiros periódicos científicos. Relata-se que Isaac Newton mencionou ter-se apoiado no “ombro de gigantes” para poder realizar suas descobertas, o que deixa claro que o processo de acumulação do conhecimento envolve o fornecimento de informações sobre o próprio trabalho num processo de troca com outros pesquisadores. Impressiona os dados apresentados pelo autor, referente ao aumento no número de títulos de periódicos e de livros científicos publicados nos últimos cinqüenta anos. O crescimento é exponencial e o fenômeno foi batizado como “explosão da informação”. Tal crescimento conduz o pesquisador a uma especialização cada vez maior, o que também é notável num exame dos periódicos fundados recentemente. Os periódicos mais antigos implicavam uma cobertura maior de determinada área do conhecimento.
A explosão da informação fez com que a comunicação científica se tornasse cada vez mais dependente das funções da recuperação de informação. Um exame superficial do assunto pode levar à conclusão de que tal processo é complicado, o que não corresponde necessariamente à realidade; o próprio Meadows afirma que esse crescimento não ocorreu de forma caótica, e que a ciência tem crescido de forma relativamente ordenada, assim como a própria comunicação científica. Pode-se atribuir esse fato às regras e práticas, estabelecidas e seguidas pela comunidade científica, para a comunicação entre seus membros. Estamos falando da padronização na apresentação e organização da informação, envolvendo resumos, citações, criação de palavras-chave, procedimentos de indexação, etc. Meadows menciona, por exemplo, que há duzentos anos as citações quase inexistiam e, quando eram feitas, não obedeciam a qualquer regra, sendo que cada autor escolhia a forma de fazê-las, muitas vezes apenas mencionando o nome da pessoa responsável pela informação, sem maiores detalhes.
Não há como negar que a padronização permite recuperação relativamente fácil de um documento, mesmo num ambiente de grande volume de publicações, o que nas últimas décadas foi ainda mais facilitado pelo barateamento dos equipamentos de informática e mais recentemente com a proliferação das redes de computadores. O avanço das tecnologias de informação, além de melhorar a recuperação e disseminação dos artigos científicos, também permitiu uma melhoria substancial na sua produção. A composição e editoração eletrônicas permitem encurtar o tempo entre a escrita de um artigo e sua publicação. A obtenção de imagens de qualidade para ilustrar um artigo (o que há 200 anos era um enorme desafio) ficou grandemente simplificada, sendo que muitos autores produzem suas próprias fotografias com câmeras digitais de baixo custo, amplamente disponíveis. Fotografias de estruturas microscópicas com aparência profissional podem ser feitas com o uso de um microscópio com câmera digital embutida, que transfere as imagens produzidas via conexão USB para um computador (o custo de tal equipamento é de aproximadamente 150 dólares).
Meadows aborda o papel das bibliotecas na comunicação científica via impressos em papel, atribuindo a elas o segundo lugar (em primeiro viriam as editoras). Menciona que as bibliotecas constituem os mais importantes compradores de publicações científicas, incluindo livros e periódicos, sendo que suas escolhas afetam editoras e leitores. As bibliotecas universitárias e as especializadas são mencionadas como maiores compradores de livros e periódicos científicos. O tema recorrente da necessidade de uma perfeita organização do acervo também é lembrado por Meadows, sendo que o autor se mostra um tanto crítico com respeito às bibliotecas e aos bibliotecários dos países em desenvolvimento. Menciona que nesses últimos os acervos crescem lentamente e que as condições climáticas favorecem a deterioração do acervo, o que é agravado pela falta de recursos financeiros para compra de equipamentos de controle ambiental (controle de umidade e temperatura). Ressalta também que os bibliotecários desses países se encaram apenas como “custódios do conhecimento”, demonstrando pouco dinamismo, não interagindo de forma adequada com os pesquisadores, o que pode resultar em deficiências no acervo da instituição, com prejuízo para as pesquisas. A análise dessa questão pelo autor parece não merecer muito crédito, já que seu argumento parte de uma generalização. Meadows menciona o período de transição (agora mais consolidado) do suporte físico para o suporte eletrônico. Isso levanta uma questão fundamental e ainda hoje não completamente resolvida envolvendo as bibliotecas, a saber, como elas irão migrar para esse mundo eletrônico.
A obra de Meadows, ao responder várias questões latentes na mente do leitor e ao sugerir várias outras em seu final, nos posiciona na corrente da evolução da comunicação científica e nos dá um vislumbre de seus desdobramentos futuros.

07 maio 2007

Resenha do capítulo 1.5 de Fachin & Hillesheim e Conclusão de Biojone

FACHIN, G. R. B.; HILLESHEIM, A. I. de A. Controle Bibliográfico Universal (CBU). In: ______. Periódico científico: padronização e organização. Florianópolis: UFSC, 2006. Capítulo 1.5.


BIOJONE, M. R. Conclusão. In: ______. Os periódicos científicos na comunicação da ciência. São Paulo: EDUC; FAPESP, 2003.






O Livro “Periódico Científico: padronização e organização” traça um panorama abrangente do periódico científico e cita o Controle Bibliográfico Universal como um fator de extrema importância em nossa realidade atual. Nos últimos anos a questão do controle bibliográfico alcançou nova dimensão com o advento das publicações eletrônicas que circulam livremente ou que são comercializadas na internet. O devido cadastro das obras no ISBN e o envio das obras para as agências do controle bibliográfico universal seriam a fórmula exata para um controle acessível das produções.
Nesse contexto as autoras buscam apresentar alguns aspectos do Controle Bibliográfico Universal (CBU), discorrendo sobre as instituições que são responsáveis por esse programa. O CBU FOI desenvolvido pela UNESCO e IFLA, em 1970, que visa reunir e tornar disponíveis os registros da produção bibliográfica de todos os países, em uma rede internacional de informação, levando em conta não só a possibilidade de identificar a existência do documento, mas, também, sua localização e forma de obtenção. No Brasil os principais mecanismos que fazem partem e são responsáveis pelo CBU são: Biblioteca Nacional – na função de depósito legal e agência bibliográfica brasileira – Direitos autorais, ISBN, ISSN e CIP.
Dessa maneira podemos perceber a importância do CBU para o gerenciamento das produções no país, no entanto ela está relacionada a questão de consciência de cada cidadão, no cumprimento do seu papel , sejam editoras ou autores independentes, no intuito de sistematizar procedimentos para que o abastecimento e disponibilização de obras produzidas pelos mesmos, sejam parte integrante no Depósito Legal, de nosso país.
A conclusão que se pode chegar quanto aos periódicos Científicos na Comunicação da Ciência, de acordo com Biojone (2003) é que eles foram, são e serão os meios de maior disseminação da ciência, promovendo a evolução constante e a integração entre as áreas do conhecimento.
A realidade atual apresenta avanços tecnológicos, globalização, sociedade da informação, era do conhecimento, interconexão mundial, redes das redes – a Internet. São milhares de informações se multiplicando em todas as áreas do conhecimento, induzindo as pessoas em uma busca de aprendizagem contínua. Nesse contexto, nas últimas décadas houve um crescimento no número de publicação de periódicos científicos. Nesse aspecto a autora comenta sobre o SciELO, projeto que envolve a colaboração entre diversos parceiros em toda a América Latina.
A autora também discute a tentativa de aplicação dos processos tradicionais de tratamento documentário no meio eletrônico e as novas possibilidades de tratamento através da aplicação de linguagens como SGML e XML.
Tudo indica que, cada vez mais, será fortalecida a versão eletrônica dos periódicos. Na Conclusão a Biojone acredita que sua evolução natural será o banco de dados de artigos.Considerando-se, também, que as tecnologias avançam constantemente e que novos formatos surgiram e surgem seguidamente como o online, como por exemplo, o uso de recursos de Open Archives. Dessa maneira é essencial que os periódicos científicos se adaptem para uma melhor disseminação da comunicação científica, uma vez que é por meio dela que se viabiliza a evolução do conhecimento.