29 março 2009

Instituto Nacional de Tecnologia é apontado como destaque em transferência tecnológica

Pesquisa foi feita com 32 institutos do Brasil, Chile e México.

O projeto Gestão do Conhecimento em Centros Públicos de Pesquisa e Desenvolvimento, organizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e financiado pelo governo canadense, apontou o Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCT), sediado no Rio de Janeiro, como a instituição com a melhor prática em transferência e parceria tecnológica.

Avaliando a atuação de 32 instituições de Ciência e Tecnologia do Brasil, Chile e México, o programa também considerou o INT como um dos seis principais centros tecnológicos da região na gestão do conhecimento. No Brasil, os dois primeiros lugares foram de instituições vinculadas ao Ministério da Ciência e Tecnologia, sendo o INT o primeiro colocado, seguido pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF).

Coordenado pela Flacso, o projeto Gestão do Conhecimento em Centros Públicos de P&D envolve, na sua realização, a parceria com várias universidades, entre elas a Universidade Nacional Autônoma do México (Unem) e a Universidade de Concepción, do Chile.

No Brasil, o estudo foi conduzido pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), através de Marli Elizabeth Ritter dos Santos, coordenadora do Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec).

A pesquisadora explica que o estudo foi feito com base em um questionário detalhado, que levou em conta gestão do conhecimento, identificação de ativos intelectuais, administração de projetos, mapeamento do conhecimento e inteligência competitiva, carteira de serviços tecnológicos, gestão da propriedade intelectual e a transferência dos resultados para a sociedade.

Com este resultado, o diretor do INT, Domingos Naveiro, foi convidado a expor as experiências de negócios do Instituto no seminário internacional “Gestão do Conocimiento e Criação de Valor em Centros de Pesquisa”, que acontecerá nos dias 12 e 13 de maio, na Unem, na cidade do México.
(Com informações da Assessoria de Comunicação do INT)


Fonte: JC e-mail 3724, de 19 de Março de 2009.

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Amazônia e ciência, editorial de “A Crítica”

“A decisão de fazer a SBPC regional em Tabatinga é emblemática”.

Leia o editorial publicado nesta quarta-feira:

Até sexta-feira, o Amazonas discute a produção da ciência e da tecnologia. A sede da reunião regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) é Tabatinga, no Alto Solimões. Nela, centenas de estudantes, professores e pesquisadores do Brasil e dos países de fronteira permanecerão até sexta-feira em um ritual diferente: mergulhar no mundo da ciência.

A decisão de fazer a SBPC regional em Tabatinga é emblemática. Daquela região, as notícias mais divulgadas são aquelas sobre o narcotráfico, a violência e a exclusão como condição de vida.

Os problemas das populações que vivem nessa faixa de fronteira continuam. O que se altera é a possibilidade de construção de outras alternativas, a partir de encontros como esse que ora se realiza em Tabatinga.

Uma enorme parcela de jovens dos municípios do Alto Solimões tem a chance de participar de um outro intercâmbio e inaugurar uma nova interlocução. Com eles, seguramente, se colocarão para o mundo como sujeitos de uma história de enfrentamento à sujeição e se descobrirão portadores de capacidade para propor, testar e pressionar para ver realizada uma política pública na produção do conhecimento e no reforço à valorização dos saberes.

Junta-se a esse indicador a demanda do Programa Ciência na Escola (PCE) deste ano. São mais de 800 propostas encaminhadas por escolas estaduais e municipais para trabalhar com a iniciação científica. Ao final, 230 projetos envolvendo dezenas de estudantes do ensino fundamental e médio serão desenvolvidos ao longo deste ano.

No mês de julho, Manaus tornar-se-á a capital da ciência brasileira. A 61ª Reunião da SBPC nacional terá a capital do Amazonas como sede. O mais importante evento da ciência no País reúne uma multidão de estudiosos do Brasil e de países da América Latina e, por ser na Amazônia, agrega mais atenção ainda. São atividades que canalizam uma série do bom esforço em nome da promoção da ciência e a reposicionam diante dos desafios formulados ao modelo de fazer ciência no mundo.

Tanto o encontro regional quanto o nacional poderão funcionar como uma outra porta aberta para a manifestação da Amazônia. E esta, na medida em que se realiza na pluralidade, a partir da fala dos seus atores sociais, institui-se numa outra posição. Não apenas a de ser objeto de estudo, mas se tornar parte efetiva na tomada de decisão sobre seu presente e o seu futuro.
(A Crítica, 18/3)


Fonte: JC e-mail 3723, de 18 de Março de 2009.

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A comunicação como grande área do conhecimento

Artigo de José Marques de Melo.

“Ano a ano, a pesquisa em comunicação cresce nas universidades brasileiras. Mas as cotas de bolsas para iniciação científica, mestrado e doutorado permanecem estáveis, quase não abrindo oportunidades para a nova geração de pesquisadores”.

José Marques de Melo é professor emérito da Universidade de São Paulo e presidente da Federação Brasileira das Sociedades Científicas e Associações Acadêmicas de Comunicação (Socicom). Artigo enviado pelo autor ao “JC e-mail”:

A realização do “Seminário de Integração Institucional”, promovido pela Socicom no dia 16 de março de 2009, no auditório da Reitoria da Unesp, em São Paulo, sinalizou o fortalecimento do campo das ciências da comunicação no Brasil. Trata-se, aliás, da meta principal da federação nacional, cuja fundação foi decidida na cidade de Santos (SP) em 2007 e ratificada em Natal (RN) em 2008, com a finalidade de reunir o conjunto das sociedades científicas e associações acadêmicas do Brasil.

Existem hoje no país quase duas dezenas de sociedades científicas que agrupam pesquisadores e professores na área de comunicação. Doze entidades aderiram à criação da Socicom e outras começam a se incorporar, numa demonstração de que a nossa comunidade acadêmica começa a dar passo decisivo para superar a fragmentação que a vem debilitando politicamente.

Até agora, na luta silenciosa pelas fatias do orçamento estatal destinado a ciência e tecnologia, cada entidade vem defendendo seus próprios interesses. Entretanto, as lideranças dessas associações, ao contentarem-se com a alocação de migalhas, deixam de perceber que a divisão da nossa área só favorece as áreas hegemônicas. Bem estruturadas e muito articuladas, elas têm sido capazes de apresentar projetos holísticos, com argumentos relevantes que influem na decisão das agências de fomento.

Ano a ano, a pesquisa em comunicação cresce nas universidades brasileiras. Mas as cotas de bolsas para iniciação científica, mestrado e doutorado permanecem estáveis, quase não abrindo oportunidades para a nova geração de pesquisadores. Da mesma forma, as verbas para pesquisa de campo ou de laboratório continuam a flutuar, nos mesmos patamares, por falta de projetos temáticos relevantes.

A criação da nossa federação nacional pode desempenhar papel estratégico no diálogo com os gestores de C&T. Pode também ajudar a identificar as demandas de interesse comum, nelas concentrando atenção para convencer os consultores científicos a dar-lhes prioridade.

O seminário de integração institucional, reunido na cidade de São Paulo, com a participação dos dirigentes das associações fundadoras e de outras em processo de filiação, avançou na elaboração de uma agenda consensual, que será posteriormente levada à consideração dos organismos financiadores e das autoridades federais.

Contudo, a meta mais ousada da Socicom está sendo alavancada, no próximo mês de abril, na Ilha da Madeira, Portugal. Ali se reunirão lideranças nacionais da Espanha, Portugal, Brasil, México, Argentina, Bolívia, Venezuela e de outros países hispano-americanos onde as ciências da comunicação conquistaram legitimidade nacional.

Cogita-se potencializar a presença ibero-americana na comunidade internacional da área, através do fortalecimento de uma rede mega-regional, destinada a cimentar os avanços investigativos em nosso espaço geopolítico, preservando e robustecendo nossa identidade cultural. Desta maneira, poderemos neutralizar a tendência vigente que mantém nossos países na órbita dos importadores de “know how”, quando muitas vezes dispomos de saber mestiço mais apropriado para nossas próprias realidades.

Superar o “complexo do colonizado” que nos atrela à legião dos deslumbrados com os modismos do “primeiro mundo” constitui o maior desafio a ser enfrentado.

O Brasil possui, indiscutivelmente, uma grande comunidade acadêmica no âmbito das ciências da comunicação, mas comporta-se como satélite do pensamento anglófono ou francófono, muitas vezes reciclado nos entrepostos regionais que ainda nos causam fascinação.

É bem verdade que não constituímos um corpo cognitivo homogêneo. Por isso, cabe às nossas lideranças estabelecer pontes que comuniquem o saber acumulado em cada disciplina – jornalismo, cinema, publicidade, relações públicas, semiótica, cibercultura, folkcomunicação, midiologia, comunicologia etc. – sem deixar de nutrir-se nos conteúdos gerados pelas humanidades e sem negligenciar ações estribadas nas tecnologias de ponta.

Este é o chamamento que a diretoria da Socicom fez aos participantes do referido seminário, consciente de que muito temos a fazer para ultrapassar o paroquialismo, logrando a unidade necessária para legitimar a comunicação como grande área do conhecimento.

Fonte: JC e-mail 3722, de 17 de Março de 2009.

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Sistema de Informações reunirá indicadores para Fundações de Amparo à Pesquisa

Acontece nesta terça e quarta-feira (17 e 18), em Brasília, a primeira reunião do Grupo de Trabalho (GT) que vai desenvolver o Sistema para indicadores de C&T das Fundações de Amparo à Pesquisa (Sifaps).

O GT foi formado durante reunião do Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap) e reúne 15 Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs). O principal objetivo é criar um sistema de indicadores que responda às necessidades das FAPs em termos de gestão.

Segundo o coordenador do GT e diretor científico da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc), César Zucco, o Sifaps busca cumprir dois objetivos fundamentais: gestão de recursos e prestação de contas. "Os indicadores contribuirão para que as FAPs possam gerir melhor os recursos, saber para onde direcioná-los e prestar contas à socidade, informando para onde os recursos estão indo", diz.

A ideia de criar o sistema surgiu em 1997, em uma reunião do Fórum das FAPs, atual Confap. A expectativa inicial era a criação de um sistema que gerenciasse, controlasse e, de certa forma, padronizasse o trabalho das FAPs. Ele não foi viável, uma vez que cada instituição estava em um estágio gerencial diferente, algumas já tinham seu próprio sistema e outras não tinham sistema algum.

Em 2007, em uma nova reunião, foi proposta a criação do Sifaps. Para a realização dessas atividades, os membros da comissão propuseram a criação de um grupo de trabalho permanente, multidisciplinar e multi-institucional, composto por representantes de FAP's, Secretarias, Ministério de Ciência e Tecnologia, Educação, Saúde, e outras instituições que compõem o Sistema Nacional de CT&I.

No GT "Sistemas de Informação" do Confap, 15 FAPs contribuirão com os indicadores, além de uma equipe técnica, formada por pesquisadores do Programa de Pós-graduação de Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Para reunir os indicadores, cada FAP participará com dois representantes, sendo um da área técnica, que coordenará as atividades relativas à elaboração e à utilização de indicadores, e o outro da área de Tecnologia da Informação, que será responsável pela adequação e viabilização das questões técnicas definidas nas reuniões do grupo.

Acontecerão quatro reuniões - nos meses de março, junho, agosto e novembro. Ao final do processo, o sistema estará montado e caberá às FAPs acessá-lo e alimentá-lo. O Sifaps terá acesso livre ao público, a fim de melhor divulgar as ações das instituições participantes.
(Assessoria de Comunicação Social da Fapemig)


Fonte: JC e-mail 3722, de 17 de Março de 2009.

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Fraudes e fraudes

Artigo de Marcelo Leite.

“Há incentivos demais para obter resultados e publicar rápido”

Marcelo Leite é autor da coletânea de colunas "Ciência - Use com Cuidado" (Editora da Unicamp, 2008) e do livro de ficção infanto-juvenil "Fogo Verde" (Editora Ática, 2009), sobre biocombustíveis e florestas. Artigo publicado na “Folha de SP”:

Por que os cientistas cometem falsificações? Será que o número de fraudes em pesquisa está aumentando? São perguntas difíceis de responder.

Fabricar ou adulterar dados é a mais completa negação da ética científica (e jornalística, aliás). Veracidade, mais até do que fidedignidade e precisão, constitui a pedra angular da ciência. No dia em que não for mais possível confiar nas informações de artigos de pesquisa enviados para publicação num periódico científico, o alicerce da ciência estará arruinado.

Há muita gente convencida de que a quantidade de contrafações está, sim, em expansão. Gente como Horace Freeland Judson, que aprendi a admirar depois de ler seu monumental "The Eighth Day of Creation" (O Oitavo Dia da Criação, monumental história da biologia molecular, de 1978, até hoje sem edição em português).

Em outro livro, "The Great Betrayal" (A Grande Traição), de 2004, Judson traça um panorama sombrio da pesquisa contemporânea. Há incentivos demais para obter resultados e publicar, rápido.

Jovens pesquisadores competitivos e supervisores lenientes, na sua avaliação, compõem a mistura corrosiva que solapa as fundações do edifício científico.

Essa parece ser a raiz mais comum da falsificação, fonte das dezenas de casos noticiados a cada ano. Poucos se tornam notícia de primeira página, como os falsos clones humanos do sul-coreano Woo-Suk Hwang.

Não merecem manchetes doutorandos ou pós-doutorandos ávidos por resultados que os mantenham no páreo por bolsas e posições no laboratório.

Vários são estudantes estrangeiros, como Nima Afshar, da Universidade da Califórnia em São Francisco, que adulterou imagens de chips de DNA para fazer aparecerem os efeitos esperados com culturas de leveduras.

Ou como Peili Gu, do Baylor College of Medicine, do Texas, outro caso de PhotoShop. Ou como Mai Nguyen, que falsificou dados de estudo sobre câncer – todos casos pescados na newsletter "The Scientist".

Há ocorrências muito mais graves, porém, por afetar milhares de pessoas. Um caso recente é o de Scott Reuben, respeitado anestesiologista de Massachusetts, nos Estados Unidos, acusado de falsificações em 21 artigos, segundo noticiou "The Scientist" na quarta-feira. Esses trabalhos ajudaram a estabelecer o estado-da-arte em analgesia multimodal, uso combinado de medicamentos para tratar dor pós-operatória.

Parece inacreditável que alguém fabrique resultados cuja falsidade pode levar as pessoas a sentirem mais dor, mas acontece. Por essas e por outras é que não se deve confiar cegamente nos cientistas (nem nos jornalistas), ainda que a maioria seja veraz.

Nada se compara em matéria de dano social, contudo, a Andrew Wakefield. Ele é o autor de um artigo de 1998 no respeitado periódico médico "The Lancet" tido como o iniciador da popular hipótese de que o autismo é causado pela vacina MMR (contra sarampo, caxumba e rubéola).

A taxa de vacinação britânica caiu de 92% para menos de 80%, desde então. Os casos de sarampo passaram de 56 em 1998 para 1.348 em 2008, com duas mortes.

O jornal "The Sunday Times" noticiou em 8 de fevereiro que Wakefield teria alterado dados sobre pelo menos 11 das 12 crianças descritas no estudo.

Tudo, claro, para reforçar o suposto vínculo entre o autismo e a vacina – coisa de que muitos pais brasileiros desinformados e irresponsáveis se acham convencidos, a despeito do que lhes dizem os médicos.
(Folha de SP, 15/3)


Fonte: JC e-mail 3721, de 16 de Março de 2009.

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MCT celebra 24 anos com palestras

Palestras sobre “A Construção do Conhecimento Científico-Tecnológico”.

O assessor especial do ministério, Ronaldo Mota, profere palestra na quarta-feira, 18, às 10 horas

A celebração dos 24 anos do Ministério da C&T teve início nesta segunda-feira, com a primeira parte da palestra do assessor especial Ronaldo Mota. Na próxima quarta-feira, ele prossegue a discussão sobre o tema “A Construção do Conhecimento Científico-Tecnológico”.

Na segunda palestra, será abordado o amadurecimento do método científico, por meio da figura de Isaac Newton, que curiosamente nasce praticamente no mesmo ano que morre Galileu. Serão também analisadas as relações entre conhecimento e produção nos séculos seguintes, até o papel específico e determinante da ciência, tecnologia e inovação na sociedade contemporânea, incluindo as contribuições dos pensamentos dos grandes filósofos da ciência, entre eles Popper, Khun e Feyerabend.

O evento será realizado no Auditório Renato Archer (Térreo - MCT).


Fonte: JC e-mail 3721, de 16 de Março de 2009.

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