02 janeiro 2009

Curso de divulgação científica

Instituições oferecem curso de divulgação científica

Jornalistas e outros profissionais que atuam na área de divulgação científica têm, já no início de 2009, mais um curso de especialização (lato sensu). O Curso de Especialização em Divulgação da Ciência, da Tecnologia e da Saúde é resultado da iniciativa do Museu da Vida da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Casa da Ciência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Fundação Cecierj, com apoio da Rede de Popularização da Ciência e da Tecnologia da América Latina e do Caribe (Red-Pop), da Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência e da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC).
O curso se destina a museólogos, comunicadores, jornalistas, cientistas, educadores, sociólogos, cenógrafos, produtores culturais, professores de ciências licenciados (nível superior) e demais profissionais que atuam, seja no âmbito prático ou acadêmico, na área da divulgação da ciência, da tecnologia e da saúde, da comunicação pública da ciência e da popularização científica.
O período de inscrição é de 26 de janeiro a 6 de março. O processo de seleção ocorre entre 16 e 20 de março. As aulas iniciam em 30 de março e serão ministradas no Museu da Vida, na avenida Brasil, 4365, em Manguinhos, Rio de Janeiro.
Outras informações sobre o curso podem ser obtidas no site Museu da vida.
(JB Online)

Fonte: Notícias Terra - Educação, 1 de janeiro de 2009.

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01 janeiro 2009

Celebrando a ciência

Artigo de Marcelo Gleiser.

Vivemos um período mágico com as escolhas de Obama.

Marcelo Gleiser é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "A Harmonia do Mundo". Artigo publicado na “Folha de SP”:

Uma lua obscura de Saturno pode ter uma combinação de água e compostos orgânicos necessários para a vida. Planetas girando em torno de outras estrelas foram vistos com telescópios pela primeira vez. Células-tronco não precisam mais ser extraídas de fetos ou mesmo de cordões umbilicais.

O gigantesco acelerador de partículas, o LHC, foi ligado e funcionou, ao menos por um pouco. Deve entrar em funcionamento em meados de 2009. Mapas do cérebro por meio de ressonância magnética mostram onde fazemos escolhas morais e quando mentimos, uma descoberta com enormes conseqüências para o processo penal. E que podem ser usados para diagnosticar a doença de Alzheimer nos seus estágios preliminares.

Essas são algumas das novidades da ciência de 2008. A lista, claro, é muito mais longa. Mas acho que já é o bastante para celebrar.

Ninguém pensa muito em celebrar a ciência ou os cientistas. Acho que isso deveria mudar. Sei que sou suspeito para falar. Mas olhe em volta. Veja as dezenas de aparelhos eletrodomésticos ou de eletrônicos, seu carro, seu celular, GPS, notícias e futebol ao vivo via satélite, a rapidez das telecomunicações, o progresso da medicina, a internet, os mistérios do universo -dos ocultos no interior dos átomos até os confins do cosmo- sendo revelados de forma magnífica.

De onde vem isso tudo? Do trabalho de milhares de cientistas e engenheiros, de pessoas que dedicam suas vidas à busca do conhecimento e à melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Sem dúvida, existe o aspecto comercial da tecnologia. Também, nem toda a ciência é para o bem, como vemos no progresso das armas de destruição em massa, nas tecnologias de guerra biológica, na absurda exploração do planeta feita de forma irresponsável por megacorporações gananciosas. Mais uma vez, a lista é grande.

Mesmo assim, o fato é que nossas vidas, a sociedade moderna como um todo, depende inteiramente dessa infra-estrutura tecnológica. Se ela colapsa, se colapsam as telecomunicações, se ficamos sem energia elétrica, se cai a internet, voltamos a viver como vivíamos há 200 anos. Ficaríamos completamente paralisados. Ninguém mais sabe caçar (ou quase ninguém) ou viver diretamente do que a natureza produz. (Com exceção dos agricultores de subsistência, mas a sua produção seria ineficaz para manter a população global.) Imagine um mundo sem antibióticos, sem aviões, sem carros, sem ar-condicionado.

Após oito anos de uma administração que demonstrou desprezo pelo meio ambiente, de uma política internacional que inventou uma guerra mentirosa e que serviu apenas a alguns grupos de interesse, as coisas parecem que estão mudando nos EUA.

Essa semana, Obama escolheu seu secretário de ciência, o equivalente ao nosso ministro de ciência e tecnologia, pasta bem servida atualmente pelo físico Sérgio Resende.

O escolhido aqui, John Holdren, é um físico de primeira linha e, tal como o novo secretário de energia escolhido pelo novo presidente, um militante do combate ao aquecimento global. O que me deixou esperançoso foi o que Obama disse: "minha administração irá restaurar o princípio básico de que decisões governamentais devem ser baseadas na melhor evidência científica possível, baseadas em fatos e não distorcidas por ideologia política".

Belas palavras, que celebram o papel da ciência em nossas vidas e o perigo de corromper fatos a serviço de ideologia. Estamos vivendo um momento mágico. A transição começou. O planeta Terra começará a ser respeitado como deve pelos que causavam os maiores danos. Estava mais do que na hora.
(Folha de SP, 28/12)

Fonte: JC e-mail 3670, de 29 de Dezembro de 2008.

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