09 maio 2007

Alini Cristiani de Carli

Resenha do livro:
MEADOWS, Arthur Jack. A comunicação científica. Tradução de Antonio Agenor Briquet de Lemos. Brasília, DF : Briquet de Lemos/Livros, 1999. ISBN 85-85637-15-3.


Os meios empregados para transmitir informação e as necessidades mudaram com o passar dos anos.
O advento da impressa causou grande impacto na sociedade da época, houve um grande aumento no número de livros publicados e na quantidade de informações circulantes. Com isso houve uma rápida difusão de pesquisas estimulando também a difusão de notícias impressas, postais, jornais, que serviram de modelo para o surgimento da revista científica.
Os primeiros periódicos científicos urgiram na segunda metade do século XVII devido principalmente à necessidade de comunicação de forma mais rápida.
Devido ao grande número e complexidade de autores foi necessário especificar os temas e padronizar os textos. Os títulos passaram a ser menores, as referências foram para o final do texto. Com a melhoria da estrutura dos artigos, a forma de recuperar informações tornou-se mais eficiente.
Meadows destaca também os pontos que contribuíram para a acumulação da pesquisa, o crescente aumento no número de doutores e consequentemente no número de publicações, além disso, o crescente desenvolvimento das tecnologias de informação.
A Alemanha foi pioneira na implantação de programas de formação de pesquisadores profissionais, o que levou os Estados Unidos a criarem escolas de pós-graduação, dando origem ao surgimento do mestrado profissionalizante.
Com isso os pesquisadores acumulavam informações tornando-se cada vez mais especializados. Já os cientistas amadores não tinham os mesmo suportes dos especialistas, dedicavam um tempo menor a suas pesquisas, logo os resultados e divulgação eram diferentes.
No final do capítulo o autor salienta sobre os desafios referentes ao crescimento da informação e a necessidade dos pesquisadores em se adaptarem ao mundo eletrônico.
No segundo capítulo do livro, Meadows faz uma análise sobre as diferenças entre as áreas do conhecimento, discutindo as principais divisões entre ciência, ciência social e humanidades.
A divisão do conhecimento se deu de forma gradual e foi baseado numa visão tradicional da natureza do conhecimento, definindo assim, as diferenças entre as disciplinas.
Através das idéias baconianas de que o conhecimento era gerado a partir de estudos empíricos baseados em observações e experimentos, surgiu a idéia de conhecimento científico, que poderia ser obtido analítica e empiricamente.
O autor descreve também sobre o desenvolvimento da matéria, que segundo ele depende de onde surgiu inicialmente, ou seja, a que área mais ampla ela pertence.
As matérias são diferenciadas pela área de interesse e também pelos diferentes métodos utilizados pelos pesquisadores, podendo gerar uma nova disciplina.
O autor classifica esse processo de desenvolvimento das matérias por ‘brotamento’, que seria uma área mais ampla gerar disciplinas diferentes. Ou o contrário, a união de dois ramos diferentes da ciência gerando uma nova especialidade, chamado pelo autor de desenvolvimento por ‘fusão’.
O surgimento de especialidades pode ser identificado pela data de criação das cátedras universitárias, ou seja, o período em que determinado assunto foi visto como importante, tornando-se uma disciplina.
Contudo, é necessário definir em quais bases conceituais da ciência o pesquisador deve se apoiar para desenvolver suas pesquisas. Essa questão de estrutura conceitual é importante para determinar as diferenças nos padrões de comunicação entre matérias.
Os resultados de novas pesquisas dependem da definição de um conjunto de normas para a comunidade científica e, além disso, da interação entre os próprios cientistas.
No terceiro capítulo, Quem pesquisa e com quais resultados, o autor discute sobres os motivos que levam uma pessoa a tomar a decisão de pesquisar. Entre os motivos estão o interesse e facilidade de aprendizado por determinada área, o desejo de obter um bom emprego e reconhecimento. Uma outra pergunta que Meadows trás a tona é, por que o pesquisador toma a decisão de cursar uma pós-graduação? Entre os principais motivos estão: A liberdade de estudar aquilo de mais o interessa, prosseguindo com seu desenvolvimento intelectual, além de contribuir para o conhecimento de sua área e o desejo de seguir uma carreira acadêmica e também a remuneração oferecida.
No mesmo capítulo, o autor aborda a questão da produtividade, que depende da quantidade de artigos publicados, no caso de pesquisadores acadêmicos. Contudo, existem fatores que influenciam na obtenção de bons pesquisadores, que conseqüentemente acarretam boa produtividade, trata-se do fator financeiro. Uma universidade com recursos financeiros, oferece boas condições para o pesquisador, logo estes vão produzir mais.
Porém, um ponto importante que o autor questiona, é a questão da qualidade das publicações, que pode ser avaliada a partir do nível de interesse dos outros pesquisadores pelo assunto, que pode ser medido, a partir do método de citações, ou seja, quantas vezes determinado trabalho foi citado por outros pesquisadores. No entanto esta questão ainda é discutível, já que a citação pode depender da importância do tema, do conteúdo do texto, que pode conter informações erradas e por isso ser citado de forma negativa, entre outros motivos, que podem não ser o da qualidade do trabalho.
Alguns fatores como o reconhecimento pelo trabalho e a motivação são aspectos importantes que influenciam na produtividade do pesquisador, contudo é necessário manter contato com outros pesquisadores tornando assim mais conhecidos para a comunidade científica.
No capítulo quatro, Meadows aborda os diferentes canais utilizados para divulgação científica, entre eles os projetos gráficos para leitura, que faz um estudo do comportamento do leitor ao se deparar com um texto, como esses leitores analisam tabelas, imagens, gráficos e até mesmo o próprio texto. Entre os fatores que influenciam no grau de absorção de informações pelo leitor estão: o motivo que o levou a ler o texto, questões de formatação como tamanho da letra e das frases, espaçamento entre as frases, disposição das imagens entre outros.
Se o texto estiver bem projetado, ele estará de acordo com qualquer objetivo que o leitor espera, havendo apenas diferenças nos métodos empregados para utilizar o texto.
O autor chama de grupos as instituições responsáveis pela transmissão de informações.
O primeiro grupo são as editoras, que entram em contato com os pesquisadores para adquirir o material, organizam e divulgam os resultados.
Outro grupo importante na transferência de informações científicas são as bibliotecas, estas adquirem frequentemente livros e periódicos científicos, sendo que seu papel é arquivar as publicações, desde as mais antigas até as mais recentes e torna-las disponíveis para o leitor.
Outro canal de comunicação que o autor aborda, é a comunicação oral, que são os contatos com outros pesquisadores de outras instituições, outros países, dentro do mesmo ou de diferentes grupos de pesquisa. Estes contatos podem ser uma forma mais rápida de fornecer informações importantes e divulgar trabalhos, para isso é preciso estar a par das transformações da área em questão.
Os canais eletrônicos são um meio de divulgação que possibilitam um acesso rápido, além de oferecer formas de buscas, mas nem sempre é a forma mais viável, já que algumas pessoas ainda preferem ler o texto impresso para melhor absorve-lo e poder carregar para qualquer lugar.
Meadows volta a questionar no capítulo cinco a questão da divulgação das pesquisas científica, e sita as fases pelas quais a pesquisa passa. Na primeira etapa do projeto, a comunicação se dá de forma informal, nas conversas com outros pesquisadores, por exemplo, depois os projetos são apresentados oralmente em seminários e só depois de quase concluído, o projeto pode ser apresentado em congressos e concluído o trabalho os resultados poderão ser publicados.
O autor faz uma análise dos diferentes tipos de publicações, e segundo uma pesquisa realizada em Universidades britânicas, as áreas de ciência e tecnologia são as que possuem um desempenho per capita melhor. Faz também uma relação do tempo necessário para realizar cada etapa do trabalho e concluí que o tempo para redigir o texto varia de acordo com a área pesquisada.
No final de um projeto o autor precisa decidir para qual revista ou editora encaminhará seu artigo ou livro para ser publicado, e isso depende entre outros motivos do publico alvo no caso das revistas, além do tempo que será necessário esperar para publicar o trabalho.
Para que um trabalho possa ser publicado é necessário que ele seja aceito pela comunidade científica que analisa o quanto determinado resultado colabora para a área em questão. Em alguns casos os próprios editores com formação pertinente ao conteúdo fazem o trabalho de avaliação dos resultados antes de serem publicados.
No último capítulo do livro o autor fala sobre a dificuldade da transmissão da informação, já existe um desencontro da pessoa que indexa o livro e o leitor que busca a informação.
O cientista primeiramente decide qual a informação será necessária para realizar seu trabalho, depois buscas essas informações nas fontes que julga ser mais apropriada.
Meadows analisa também a organização pessoal da informação, cada pessoa tem uma forma diferente de utilização das fontes de informação, o pesquisador procura normalmente as fontes que já conhece e que julga mais útil, além disso, a utilização de certas fontes de informação depende de sua acessibilidade.
Devido à grande quantidade de informações disponíveis, torna-se necessário fazer uma seleção do que é viável para determinada pesquisa, dessa forma, o autor sita a Lei de Bradford, que a partir deste método é possível selecionar apenas as informações pertinentes que se encontram s num conjunto de fontes de informação em determinado momento.
No mesmo capítulo o autor discute sobre a forma eletrônica de recuperação de informações e que apesar de ser um método rápido de recuperar documentos ainda possui desvantagens, já que pode recuperar um grande número de registros impertinentes e que muitas vezes pode se tratar de uma falha do próprio pesquisador que não soube selecionar as melhores palavras-chaves ou expressões para busca.
As buscas que eram feitas apenas pelos bibliotecários, hoje são feitas pelo próprio pesquisador, que depara com uma infinidade de informações e que nem sempre está preparado para realizar determinadas buscas, por falta de conhecimento a respeito do processo de busca e de quais fontes estão disponíveis.
A comunicação científica sempre passou por mudanças e vai continuar passando, devido ao volume de informações que aumenta a cada dia, aos novos meios de comunicação que surge e evoluem juntos com o avanço tecnológico. Contudo, existe o desafio da comunidade científica de se adaptar constantemente aos novos meios para assim conseguir comunicar ciência.

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