26 abril 2008

Seminário debate os desafios da divulgação científica no país

A necessidade de traduzir a linguagem científica e divulgar a ciência nacional, ao mesmo tempo com precisão, criatividade e senso crítico foi um dos destaques do 1º Seminário de Jornalismo Científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), realizado no dia 18, em Manaus (AM).
Na ocasião, o editor especial da revista Pesquisa Fapesp, Carlos Fiovaranti, ressaltou que a única forma de trabalhar e fazer uma boa matéria na área é por meio do diálogo e, em sua opinião, isso pressupõe igualdade. Ele acredita que os profissionais da mídia não devem “endeusar” os pesquisadores, nem fazer a matéria para eles.
“Estamos sempre despreparados frente a diversos especialistas de várias áreas. É necessário ouvir o pesquisador com interesse, respeito, mas não com tanto respeito. Até que ponto, nós jornalistas não atribuímos um poder de ação aos pesquisadores que não sei se eles têm”, disse.
Para ele, o diálogo entre os profissionais da mídia e os pesquisadores deve ser orientado em torno de três eixos: igualdade, respeito mútuo e confiança. Fiovaranti acredita que o jornalista não deve se limitar apenas a traduzir o que vê. “Devemos comover, incomodar, fazer diferença, se possível salvar o mundo, dentro dos nossos limites, comentando a matéria, perguntando, entendendo, vendo o pesquisador como um aliado, tendo um objetivo comum”, afirmou.
O editor da revista Pesquisa Fapesp foi um dos participantes da mesa-redonda “A ciência no Brasil e os desafios do jornalismo científico”. Durante o evento, ele apresentou a publicação, que é editada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
A mesa-redonda também contou com a participação do editor executivo do Jornal da Ciência, Luís Amorim. Ele apresentou os dois informativos que são editados pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o JC e-mail, que é diário, e o JC impresso, quinzenal. “O JC e-mail tem uma rapidez e uma agilidade e o impresso goza de uma grande credibilidade no meio”, avaliou.
De acordo com Amorim, hoje 20 mil pessoas estão cadastradas para receber a edição online e 10 mil para receber o impresso. Ele apontou que o público-alvo dos informativos é composto por pesquisadores que estão no Brasil e no exterior, sócios da SBPC, estudantes de pós-graduação, deputados e senadores. “O JC é um canal importante da comunidade científica”, disse.

Foco regional
Também participante da mesa-redonda, Fabiana Santos, editora geral da Agência Gestão C&T de Notícias, da ABIPTI, apresentou e contou um pouco a história dos informativos Gestão C&T online e Gestão C&T impresso. Ela lembrou que as publicações são especializadas em política científica e tecnológica e têm, como grande diferencial, o foco regional. “Esse é o nosso diferencial, de acompanhar permanentemente as ações dos Estados e municípios”, ressaltou.
Para seguir essa orientação, a editora explicou que cada profissional da Agência é responsável por buscar pautas em determinada região do país. Neste sentido, ela solicitou a colaboração das fundações de amparo à pesquisa e das secretarias estaduais de C&T. “Peço para que as assessorias de imprensa colaborem, enviando sugestões de pauta porque temos todo interesse em divulgar”, afirmou.
Santos lembrou que os informativos Gestão C&T online e Gestão C&T impresso foram criados em 2000, por uma demanda do então ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, que solicitou à ABIPTI uma publicação que noticiasse as ações dos sistemas estaduais de C&T.
O primeiro a ser implementado foi a versão online, que teve início com uma edição semanal, com dez matérias, sendo distribuído a cerca de 200 leitores. Hoje, o informativo é bissemanal e conta com 8,2 mil assinantes de todo o país.
Em 2006, o projeto se expandiu, dando origem à criação da Agência Gestão C&T de Notícias que, além dos produtos citados, ainda conta com o Informe ABIPTI, com o Informe TIB e com os mais recentes informativos online Inovação Energética e Agronegócio e Inovação.

Avaliação
Em entrevista ao Gestão C&T online, o diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Odenildo Sena, avaliou os resultados do 1º Seminário de Jornalismo Científico da instituição de forma positiva.
“Ele causou bastante inquietação, mas ao mesmo tempo confirmou a necessidade premente de se investir mais nessa área”, destacou.
Sena voltou a ressaltar que tão importante quanto aplicar recursos no desenvolvimento da ciência e tecnologia no país, é investir na divulgação do que é produzido no setor pela necessidade de ganhar a compreensão, a simpatia e a cumplicidade da sociedade com o tema.
“Não é pura falácia dizer que em outros países, que têm investimentos altos nessa área, a população é muito consciente sobre a importância do setor. E a população sendo consciente, ela pressiona o poder público para manter a aplicação de recursos na área”, disse.
Informações sobre as ações da Fapeam podem ser obtidas no site www.fapeam.am.gov.br.
(Bianca Torreão para o Gestão C&T online)

Fonte: Gestão C&T online, Brasília, 24 a 27 de abril de 2008 — Nº 722 — Ano 8.

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