Conhecimento científico e produção científica.
Resenha de Eliana Mantovani Malvestio
Intencionando conceituar publicação periódica, as autoras Fachin e Hillesheim trazem diversas definições de entidades e autores diferentes em épocas diferentes. Elas demonstram que, originário do Latim (“periodus” e “publicatione”), publicações periódicas “são informações disseminadas de tempo em tempo, atendendo a uma freqüência regular de fascículos ou números” (2006, p. 20) o que as distingue das publicações seriadas, como algumas obras que acompanham, num determinado período de tempo finito, publicações tais como jornais informativos de cunho geral e popular.
Sua definição prossegue: “são informações disseminadas [...] sob um mesmo título, dentro de uma área específica do conhecimento e/ou de amplitude global. Deve atender normas e padrões internacionais, permitindo a sua visibilidade e reconhecimento” (2006, p. 20) Após estudos sobre a “evolução” das diferentes conceitualizações, as autoras acabam por definir os periódicos científicos sendo:
todas ou quaisquer tipos de publicação editadas em números ou fascículos independentes, não importando a sua forma de edição, ou seja, seu suporte físico, mas que tenham um encadeamento seqüencial e cronológico e ser editada, preferencialmente, em intervalos regulares, por tempo indeterminado, atendendo às normalizações básicas de controle bibliográfico, trazendo a contribuição de vários autores, sob a direção de uma pessoa ou mais (editor), de preferência uma entidade responsável (maior credibilidade). Poderá, igualmente, tratar de assuntos diversos (âmbito geral) ou de ordem mais específica, cobrindo uma determinada área do conhecimento, mas que deverá apresentar a maioria de seu conteúdo em artigos científicos, ou seja, artigos assinados oriundos de pesquisas, identificando métodos, resultados, análises, discussões e conclusões, bem como, disponibilizar citações e referências comprovando os avanços científicos. (2006, p. 24)
Nas publicações periódicas cabem seriedade e rigor com relação ao tempo e a seus participantes visto serem importantes canais formais de comunicação, dinâmicos e atualizados, proporcionando aos cientistas informações específicas e necessárias para ampliarem seus conhecimentos e desenvolverem a ciência. Tanto que, conforme Biojone (2003, p. 15) “os periódicos científicos foram se especializando continuamente para atender à própria evolução da ciência”. E estas especializações incluem não apenas conteúdo, com o surgimento de periódicos cada vez mais especializados, mas também de seu formato, passando então a serem disponibilizados eletronicamente, disseminando as informações mais ampla e rapidamente. Mesmo tendo sofrido alterações, seu propósito continua visando à comunicação científica e sua eficiência.
Alguns destes periódicos são indexados em bases de dados: bibliotecas eletrônicas de periódicos. Com a utilização de índices bibliométricos, pode-se constatar que “um grande número de periódicos relevantes e de qualidade, principalmente dos países em desenvolvimento, não são indexados, dificultando a visibilidade de grande parte da sua produção científica.” (BIOJONE, 2003, p. 23) São os periódicos científicos indexados nestas bases que serão consultados, estudados, citados e contribuirão para o avanço da ciência; “são os que publicam artigos considerados de alta qualidade, realizados por pesquisadores altamente qualificados, além de serem veículos que, normalmente, [...] publicam com pontualidade e de maneira ágil.” (2003, p. 24)
Nota-se que a regularidade entre uma publicação periódica e outra é de peso aos cientistas; igualmente a autoridade e reconhecimento científicos dos sujeitos que estão envolvidos em sua produção, que divulgam seus resultados à comunidade científica. Aos pesquisadores dos países em desenvolvimento, ou ao menos alguns deles, resta a “funcionabilidade” de propostas de criação de bases de dados que indexariam seus periódicos e expandiriam sua comunicação, seus trabalhos científicos. Será, quando, que tais pesquisadores poderão exercer a profissão da ciência de maneira satisfatória?
Resenha dos textos:
FACHIN, Gleisy Regina Bories; HILLESHEIM, Araci Isaltina de Andrade. Periódico científico: do papel ao on-line. In.: Periódico científico: padronização e organização. Florianópolis: Editora da USFC, 2006.
BIOJONE, Mariana Rocha. Os periódicos científicos na comunicação da ciência. São Paulo: Educ; Fapesp, 2003.
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