Resenha do livro A Comunicação Científica, de A.J. Meadows
Kátia Ellen Chemalle RA 247090
Resenha do livro:
MEADOWS, Arthur Jack. A comunicação científica Brasília: Briquet de Lemos, 1999. 268p.
O livro demonstra uma preocupação maciça com a comunicação da ciência, desde os seus primórdios até a questões ligadas a sua construção, desenvolvimento e aceitação pela sociedade. O livro vai discutir quais foram os principais meios de comunicação das pesquisas científicas, primeiramente, na Europa do século XVII e depois nos Estados Unidos (manuscritos, livros, cartas) até o advento da revista científica. A revista científica se apresenta pela primeira vez na Europa no século XVII pela Royal Society que se dedicou muito à comunicação científica naquela época, e seu principal representante foi Henry Oldenburg, responsável pela grande difusão de idéias e pesquisas.
O autor começa a relatar a grande importância que é dada à informação, devido à explosão informacional que atingia a sociedade e também a comunidade científica, acarretando alguns fatores como o crescimento e a especialização das pesquisas. No entanto, essa explosão informacional carecia alguns pontos como o acesso dos próprios pesquisadores à literatura científica disponível, como Meadows mesmo coloca no primeiro capítulo; mas isso se supriu ao longo do tempo com o aumento das publicações o que permitiu (e ainda hoje permite) a troca de informações entre vários pesquisadores na publicações de seus artigos nas revistas científicas.
Meadows vai mostrar fatores importantes para a comunicação da ciência que valem até a atualidade, mas outros que já não se adequam ou que estão mais atualizados dado o ano de sua publicação (1999). Meadows nos permite resgatar aspectos inerentes da ciência que inconscientemente estamos inseridos, mas diante da variedade de coisas que estudamos, transmitimos, acabamos não nos dando conta como, por exemplo, é feita a editoração de uma revista, quando passa por seus avaliadores e autores, ou então quando uma pesquisa científica é divulgada à sociedade pela mídia e que transformações as tecnologias de informação provocam. Essas discussões estão presentes no seu livro.
Instituições importantes também são citadas como as universidades, as editoras, as bibliotecas, os congressos. As universidades são o berço do conhecimento onde nascem os pesquisadores e onde é possível se especializar, buscar novos enfoques podendo recorrer a pesquisadores natos nas áreas do conhecimento que ajudam na disseminação da ciência. O autor mostra que a divulgação das pesquisas se dão de duas formas:
1. A comunicação pela comunidade composta por pesquisadores, especialistas, estudiosos da ciência, e
2. A comunicação feita pela imprensa que funciona como divulgação científica.
Enquanto que, no primeiro tipo, a comunicação é feita, digamos, numa linguagem mais rebuscada, pois é produzido em revistas científicas, congressos, eventos acadêmicos, livros; no segundo tipo a transmissão do conhecimento científico tende a ser por meio de uma linguagem mais popular, não desprezando, os termos científicos pertinentes, mas de uma forma que os avanços da ciência façam parte da vida da sociedade. No primeiro tipo dada a importância às editoras, por exemplo, pois as mesmas permitem uma disseminação maciça do conhecimento científico na publicação de livros. No caso das bibliotecas, servem como canal de acesso entre usuários e livros; suas ações afetam tanto editoras quanto usuários, pois são os principais compradores de fontes de informação científica, ou seja, tem o papel de mediar a aquisição e disponibilização da informação para usuários funcionais e pesquisadores, estes últimos que demandam informações mais específicas.
Quando falamos da comunicação feita pela imprensa, a divulgação científica, Meadows demonstra sua preocupação na veracidade das informações divulgadas pela mídia (quando falha o elo ciência-mídia), mas mostra também que pode funcionar como um artifício benéfico até para os pesquisadores, uma vez que os mesmos lêem os jornais, revistas de divulgação científica. Podemos citar um trecho do próprio livro: “De olhos voltados para o futuro, as redes possibilitam a convergência de todas as diferentes fontes de informação, de modo que elas se tornam disponíveis para serem acessadas tanto pelos usuários quanto pelos especialistas” (p.243). Ou seja, os próprios pesquisadores podem colaborar com a divulgação científica, lendo as matérias e identificando os pontos falhos, o que só tem a acrescentar para a leitura da sociedade sobre a ciência.
O livro de Meadows gera muitas reflexões, mas também tem o poder de ensinar todas as etapas da comunicação científica, instigando diferentes opiniões e até chegando à era da informação digital tão importante hoje, seja na troca de informação via correio eletrônico, seja através de sites, blogs ou portais científicos, como a Plataforma Lattes ou o Portal CAPES, muito utilizados por pesquisadores.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial