05 maio 2007

Resenha 4: Canais da comunicação científica


Neste capitulo Meadows fala sobre a importância da forma com que o conteúdo dos trabalhos científico é apresentado, segundo o autor a escolha do tamanho, forma e espaçamento das fontes e o modo de construção das frases, influenciam na decodificação e na interpretação textual.

Este capítulo serve como base para reflexão sobre a estrutura das normas para produção e apresentação de trabalhos científicos, pois as mesmas sofrem mudanças freqüentemente sem apresentar uma justificativa plausível, o que contradiz a proposta de que todo trabalho cientifico deve apresentar uma justificativa, deixando margem para que pensemos que as modificações nas normas não sejam um trabalho realizado com bases cientificas.

O autor se ateve principalmente na leitura textual como forma de comunicação, embora tenha citado diferentes suportes e como CDs, material on-line e a leitura em hipertexto, ele não se aprofundou nestas outras formas, além disso, ele não se aprofundou sobre os meios audiovisuais que, também são uma forma de comunicação de informação cientifica, a base de dados Firstconsult e o Sistema Scifinder utilizam deste recurso. É claro que é preciso levar em conta que a pesquisa de Meadows se mostra desatualizada em alguns aspectos.

A industria da comunicação cientifica parece crescer e render dividendos econômicos para a industrial editorial real e on-line; podemos perceber isso observando o alto custo das assinaturas de periódicos e dos livros o bibliotecário pode estar em segundo lugar na escala hierárquica da importância na comunicação cientifica, mas o mesmo não pode se dizer a respeito das vantagens financeiras.

Resenha 3: Tradições da pesquisa


Qual foi a criança que nunca pensou em ser um cientista? Pelo menos eu já tive esse desejo. Passei pela fase de colocar fogo em alguns “produtos químicos” e “ver o que aconteceria”, depois tive aqueles momentos em que abria pequenos insetos para saber “como era por dentro” nem era por aquilo que os psicólogos dizem obre crianças que maltratam animais, para mim eu estava fazendo ciência. Pelo mesmo motivo eu também desmontava os meus brinquedos que funcionavam à pilha. Depois fui crescendo e fui deixando a idéia de ser cientista de lado, fui descobrindo que tinha talento para a música, para o desenho e para escrever alguns versos, então decidi deixar de ser cientista.

Meu conceito de ciência e cientista não era diferente da que as outras pessoas tinham ou transmitiam, veja por exemplo o desenho animado chamado “O laboratório de Dexter” Um menino que tinha um laboratório repleto de tubos de ensaios e um maquinário para ele fazer experiência e sua irmã que não entendia nada do que ele fazia e ainda atrapalhava a vida dele, além de um estereotipo de cientista e ciência podemos perceber uma forte discriminação de gênero na ciência. Um outro programa que traz os mesmos conceitos é “O mundo de Beakman” Onde o cientista Beakman fazia suas experiências, auxiliado por Josie e Liza que eram apenas assistentes.

Embora o conceito de ciência tem um caráter temporal e geográfico em nossos dias o mundo das ciências é dividido em ciências naturais, ciências sociais e ciências humanas, Os cientistas naturais visualizam o mundo sem a intervenção do homem, por isso suas pesquisas possuem um caráter mais objetivo por meio de análise quantitativa e observação de fenômenos naturais, físicos ou matemáticos e possuem um enfoque hipotético dedutivo, diferente das ciências naturais, as ciências sociais e humanas não possuem uma única teoria são campos do conhecimento que se valem do uso de outras ciências fazendo com que os métodos de pesquisa variem de acordo com cada campo que se deseja pesquisar.

A dificuldade de se enquadrar os estudos sociais e humanistas no status de ciência faz com que haja dificuldades para angariar financiamento das agencias de fomento fazendo com que os pesquisadores destas áreas trabalhem com pouco ou nenhum recurso financeiro assim a quantidade de pesquisas e publicações ficam sempre abaixo das pesquisas em ciências naturais então os pesquisadores humanistas acabam por possuir um baixo capital cientifico.

Apesar da existência da dicotomia “ciência dura e ciência flexível” Sabemos que na pratica essa regra é questionável pois uma ciência é composta por várias disciplinas e essas podem variar quanto aos seus métodos de pesquisa.

Devido à crença que temos nessa dicotomia, fica quase impossível pensar na possibilidade de comunicação entre as diferentes áreas do conhecimento, mas, a interdisciplinaridade resultante da fusão de varias ciências e a própria flexibilidade ou dureza existente em diferentes campos científicos possibilitam que cientistas sociais pesquisem em algumas áreas onde são realizadas pesquisas em ciências naturais, Tomemos como exemplo a lingüística que é uma disciplina das ciências humanas portanto uma ciência que não traria resultados e impactos imediatos, sendo aplicada em estudos sobre inteligência artificial e sistemas especialistas.

E quanto ao publico leigo? Por que ele possui aquela visão estereotipada de ciência? A resposta pode estar no fato de que os jornais, revistas e outros meios de comunicação em massa divulgar sempre os mesmos temas científicos como tecnologias de comunicação e informação, pesquisas sobre tratamentos de câncer e viagens de astronautas e sondas espaciais. Os dois primeiros temas têm um impacto direto na vida das pessoas em geral, sejam elas cientistas ou não, todos de alguma forma se comunicam usando produtos oriundos de pesquisas em tecnologia da comunicação, todas ela conhecem ou pelo menos de ouvir falar de alguém que faz quimioterapia ou faz uso de AZT. Os programas espaciais aguçam com a curiosidade que todos temos de saber “como é lá em cima” ou se “existe vida” sem falar na questão estética pois os jornais e T.V. sempre traz trazem em suas matérias recheadas de fotografias ou desenho gerados por computador.

Há alguns anos a CNPq lançou algumas propagandas na T.V. apresentando como cientistas pesquisadoras e homens que trabalhavam em áreas do conhecimento pertencentes às ciências sociais e humanas na tentativa de ampliar o conceito de ciência e valorizar o cientista social e humanista, mas parece que para mudar esse quadro é preciso mais que uma campanha publicitária.

Resenha 2: Mudança e crescimento

Resenha 2: Mudança e crescimento

O avanço tecnológico trouxe muitas mudanças no quotidiano do homem, os processos de trabalho, relações pessoais, entretenimento e obtenção de conhecimento se apresentarão de uma forma muito distinta se comparada há 20 anos. Se antes era necessário que um Office-boy conhecesse bem a cidade em que trabalhava, hoje é preciso que ele domine programas de edição e produção textual, processos de digitalização de imagens e documentos e os meio de comunicação on-line. A bicicleta e a mochila são apenas mais um de seus acessórios de trabalho. Estudantes podem tirar dúvidas com professores e outros alunos sobre determinados temas através da utilização de fóruns especializados, pessoas se conhecem através de chats e paginas pessoais, a convergência de mídias transforma o PC em rádio, T.V., cinema, etc.

É claro que esta é uma visão reducionista do assunto quando atrelamos esse tópico a exclusão social e digital, quando o relacionamos a questões éticas ao uso de novas tecnologias. Todas essas mudanças não poderiam deixar de causar impacto na forma da comunicação cientifica, os seminários, apresentação de trabalhos estão cada vez mais parecidos com uma mostra de equipamentos digitais, como laptops, Datashow, slides, pen drives, isso durantes as reuniões presenciais, a parafernália digital e o nível de conhecimento exigido para os pesquisadores aumentam quando se trata de promover uma videoconferência, publicação de artigos on-line.

A.mudança na forma de comunicar a ciência não trouxe apenas vantagens no tocante à facilidade de transferência de dados e informações quanto à forma de transmissão e recepção de mensagens, pois, a essa nova forma de comunicação estão ligadas questões como ética e propriedade intelectual, as dificuldades em encontrar o que se esta procurando e a separação do que é cientificamente comprovado e o que não é.

Um artigo cientifico publicado em papel enviado pelo correio em uma revista cientifica e considerado formal, mas o conteúdo seria considerado formal se estivesse sido enviado em um e-mail? Mesmo com editores de texto que possuem ferramentas para garantir a integridade textual, sabemos que existem pessoas com conhecimento suficiente para quebrar essa segurança. Como poderíamos classificar tal informação como formal ou informal?

Apesar da haver uma diferença muito grande entre a parcela da sociedade que tem acesso à informação digital e a que não tem, com a tecnologia digital trouxe a possibilidade de autoria, hoje qualquer pessoa pode ter seus textos escrito e divulgado para milhares de pessoas e qual é a influencia disso no meio cientifico? Tomemos como exemplo um mal pesquisador que pode citar um texto de forma diferente que a original; isso pode não parecer novidade olhando superficialmente, mas, se pensarmos nas facilidades de divulgação do resultado do trabalho de tal pesquisador e na possível falta de critérios por parte de estudantes de graduação em uma pesquisa de iniciação cientifica, isso pode trazer conseqüências ruins no mínimo para que fez uso de tal artigo. Portanto hoje, as tecnologias de comunicação fazem com que o risco de se transformar o que é formal em informal seja muito grande e o pior: pseudociência em ciência e vice-versa.

Nos primórdios da comunicação cientifica, as reuniões eram feitas de modo informal, nas periferias e nos “bares”; no entanto, as informações produzidas no âmbito informal poderiam fazer com que o crescimento cientifico fosse estável então, a revista cientifica surgiu com o intuito de otimizar essas discussões, transformando os debates informais em debates formais; é claro que o conceito de ciência também sofreu transformações juntamente com o modo que era feito o debate.

Essa transformação fez com que se aumentasse a produção cientifica. É possível que os dados estatísticos tenha tomado proporções exponenciais depois da popularização da internet. As tecnologias da informação transformaram também a forma de se ler a revista cientifica, embora as linguagens HTML e softwares de edição de imagens façam com que uma revista disponível on-line tenha o mesmo layout de sua correspondente em papel, a leitura de um artigo cientifico nesta revista poderá ser feito de uma forma não linear através do emprego de ferramentas de hipertexto que darão acesso a artigos que citam o trabalho que esta sendo lido ou onde ele é citado, assim como o acesso a arquivos de vídeo que mostram desde uma reação química, até um procedimento cirúrgico.

Resenha 1: Os usos sociais da ciência.

Resenha 1: Os usos sociais da ciência.

O autor tem como objetivo fazer uma reflexão sobre o uso social da ciência. Para que haja condições para iniciar essa reflexão o texto apresenta sua teoria sobre a noção de campo. Para alguns pensadores para que haja a compreensão de uma determinada produção cultural basta interpretar o texto, como se este fosse dotado de autonomia, esta seria uma visão semiológica das ciências. Outros teóricos acreditam que há a necessidade de inserir o texto dentro de um contexto social ou econômico. A própria ciência transmite a idéia de que ela própria se basta, como uma instituição que não sofre intervenções externas.

Bordieu elabora a noção do campo que está num universo intermediário entre as duas correntes de pensamento, nesse universo estão os produtores e difusores do conhecimento;

Para o autor, o campo científico é uma estrutura social, um microcosmo onde a noção de campo irá determinar o grau de autonomia dentro de um campo científico e os meios para que uma ciência possa se libertar de pressões externas pois, ela também sofre interferência externa quanto ao o que deve ser pesquisado e ao o que deve ser publicado. Assim como no meio econômico, o surgimento de uma grande corporação produz modificações no mercado fazendo com que este se adapte às transformações.

Tudo isso ocorre por influencia de um bem de consumo chamado de capital cientifico, que diferente do capital econômico, é mensurado através da quantidade e a qualidade da produção cientifica de cada pesquisador, Esse poder está ligado ao poder político, ao poder institucional e poder sobre os meios de produção da ciência. A qualidade dos artigos científicos é determinada pelo fator de impacto do periódico onde ele foi publicado e pela quantidade de vezes que esse artigo é citado em trabalhos de outros pesquisadores.

No campo, assim como em qualquer meio social ocorrem lutas de classes entre pesquisadores, Bourdieu compara essa luta a um jogo onde o melhor cientista é aquele que não precisa fazer muitos cálculos e que seguem uma ética profissional dentro da ciência, o grande problema é que as regras desse jogo são elaboradas de acordo com o jogador que está no poder tornando a disputa desigual gerando disparidades nas carreiras científicas, Alem disso nem todos seguem um código de ética dentro do campo pois nesse jogo corre se o risco dos pesquisadores aumentar a quantidade de citações de seus trabalhos através de auto-citação, e aumentar sua produtividade apropriando-se de trabalhos de seus orientandos, ou em casos extremos, manipulando os dados de uma pesquisa alterando os resultados.

A distribuição de capital financeiro também influencia o meio cientifico, podemos perceber que as áreas de ciências exatas e biológicas recebem muito mais incentivo para as pesquisas que as ciências sociais, uma vez que as primeiras estão mais ligadas a indústria, agropecuária e saúde enquanto na segunda as pesquisas aparentemente não trariam benefícios à humanidade.

02 maio 2007

Resenha - Meadows

A comunicação científica – A.J. Meadows

A ciência não teria motivo de existência se não fosse a comunicação de seu andamento e principalmente de seus resultados ao público de interesse.
Apesar de não se pode especificar quando exatamente surgiu a comunicação científica, sabe-se que foram os gregos os primeiros a comunicarem entre si suas idéias “acadêmicas”, através da fala e da escrita. Eles realizavam debates em simpósios onde a troca de idéias sobre ciência coexistia com bebidas alcoólicas e outros festejos.
Desde então, a comunicação científica sofreu apenas algumas modificações quanto a seu método (além de vasto aperfeiçoamento de seus veículos), pois continua sendo realizada em congressos e outros eventos, através de conversas formais e informais e também pelos textos escritos.
Obviamente, conforme o crescimento do material científico, tiveram que se expandir também os canais e o alcance dos mesmos para a comunicação das pesquisas, donde observamos então o aparecimento das revistas especializadas, a partir do séc. XVII em Londres, pioneiramente pela Royal Society.
Durante os últimos 50 anos os números de crescimento no volume de periódicos e livros científicos aumentaram de forma exponencial, influenciados pela “’explosão de informações” ocorrida na sociedade nesta época.
Meadows desenvolve a idéia da ciência (e penso que isso pode ser entendido mais especificamente como o conteúdo das pesquisas científicas em determinado campo) comparando-a a um balão em expansão, onde a parte de dentro representa todo o conhecimento científico acumulado em determinada área, e a superfície do balão é o ponto onde o cientista precisa chegar para alcançar a algum avanço e ultrapassando e acrescendo algo à superfície representaria um real avanço na área.
Devido ao crescimento ininterrupto da acumulação de informações e o aumento da velocidade de descobertas, os pesquisadores têm que acumular cada vez mais conhecimento para poder chegar á superfície do balão (ao nível do que é pesquisado atualmente) e poder chegar á algum avanço concreto.
Diante disso, uma tendência crescente observada nas ciências é a maior especialização das áreas, pois dessa forma o cientista pode ser competente em um segmento de determinado campo extenso, onde seria impossível obter êxito sem essa especialização.
Á partir disso, pode-se observar também o aumento no nível de profissionalização dos pesquisadores, que hoje podem trabalhar com seus estudos diretamente em empresas, para inovações e pesquisas mais objetivas aos interesses industriais.
No capítulo 2 – Tradições da pesquisa, o autor começa apresentado as divisões básicas das ciências e discutindo a natureza das diferenças entre as disciplinas.
Algumas características das divisões do conhecimento são: a classificação por semelhanças e diferenças das áreas, e a questão de não produzirem divisões marcantes nem claras entre diferentes disciplinas.
Percebemos que o aspecto principal gerado pelas divisões e categorizações da ciência é a dúvida sobre os limites e interseções de cada área, por diferenças de visões (devidas à nacionalidade e/ou área específica de origem), na delimitação das linhas que dividem cada campo científico. Isso atrapalha entre outros aspectos, a comunicação entre cientistas de diferentes frentes e principalmente entre cientistas e o público em geral.
A expansão da pesquisa gera novas especialidades, o que dificulta ainda mais o trabalho de delimitação dos campos. Observa-se que existe atualmente muita dificuldade nas definições de áreas próxima, como exemplo as humanidades e as ciências sociais.
Isso acarreta mudanças nas intenções do cientista em suas publicações, antes a maior preocupação do especialista era situar seu texto no contexto existente, e atualmente muitos pesquisadores consideram primordial as possibilidades de interação do leitor com o texto.
Podemos citar diferenças quanto à publicação de artigos enviados aos periódicos, de acordo com a natureza das disciplinas, onde alguns dos principais critérios são:
Nas ciências exatas o que influencia em primeiro lugar são a avaliação de erros e a padronização do texto de acordo com as regras específicas de cada campo. Já nas ciências humanas o que mais conta são os avanços criativos mostrados nos estudos.
Para comunicação com um público mais extenso, que não costuma ler material científico, há preferência por temas que sejam considerados jornalísticos, ou seja, que interessem ao público por ter influência rápida e direta na vida das pessoas e nota-se que na publicação de pesquisa em humanidades a mídia concentra-se principalmente no objeto de pesquisa e não na própria pesquisa.
De acordo com os avanços das tecnologias da informação, foram geradas algumas diferenças na publicação entre matérias: as ciências sociais e humanidades publicam mais livros baseadas principalmente em conhecimentos acumulados e interpretações de textos. E as ciências naturais publicam mais em periódicos e valorizam sobretudo as novas descobertas.
A principal vantagem proporcionada pelas tecnologias da informação é a aceleração e otimização nos processos de divulgação, interação e respostas ás pesquisas.
Passando ao cap. 3 – Quem pesquisa e com quais resultados?, vemos que para responder à primeira pergunta, o autor investiga os motivos que levam alguém a se tornar um pesquisador, ingressando num programa de pós-graduação. Alguns dos fatores de influência mais citados, segundo pesquisa apontada neste capítulo, são a intenção de continuar o desenvolvimento intelectual, contribuir para o conhecimento na área, servir à humanidade, além dos interesses financeiros.
As pessoas que optam pela carreira acadêmica, ao invés de uma profissionalização voltada á empresas e indústrias o fazem principalmente pela liberdade de publicar e de escolher seus projetos dentro da universidade, enquanto os que preferem trabalhar em indústrias, procuram os melhores salários e a maior disponibilidade de equipamentos como vantagens às suas carreiras.
Para entender a vocação para a ciência de acordo com as áreas exatas e humanas, foi feita uma pesquisa a respeito da percepção que os estudantes britânicos têm dos cientistas, e percebeu-se que os pesquisadores das humanas são vistos como menos dedicados ao trabalho e menos úteis à sociedade, porém passam a impressão de serem mais sociáveis e imaginativos, enquanto os cientistas da área de exatas são vistos como mais aplicados e responsáveis, porém menos comunicativos e criativos.
Isso demonstra o preconceito que envolve os cientistas da área de humanidades, pois o público em geral tem a impressão de que ciência é algo da área da física, química, astrologia ou qualquer disciplina exata, e os cientistas da área de humanas, não são vistos como cientistas sérios, o que é ressaltado pelo fato do próprio Meadows dizer “ciência” somente quando se refere ás ciências exatas.
Ele então torna a falar sobre tecnologias de informação, ressaltando as possibilidades de cooperação na escrita e conseqüente aumento do nível de pesquisas em geral.
No capítulo 4, Meadows fala sobre os canais da comunicação científica, afirmando que as principais ferramentas usadas para isso são os livros e periódicos, e além disso descreve os outros meios utilizados pela grande maioria dos pesquisadores, os meios orais utilizados para transferência de informações em conversas informais, seminários e eventos em geral, onde apesar de ser visto que o objetivo principal dos cientistas é tecer e fortalecer redes pessoais e sociais, há grandes vantagens observadas, pois a rapidez da comunicação e as possibilidades de interação e reposta são melhor exploradas.
Esses hábitos de comunicação mudam de acordo com as áreas de pesquisas, sendo que o pessoal das ciências exatas costuma publicar seus projetos na maior parte em periódicos e os pesquisadores das humanas tendem a escrever mais livros do que artigos.
No último capítulo do livro, Meadows aborda então diretamente a questão do papel do profissional da informação nas pesquisas científicas, apesar desse profissional ter participação sempre presente, desde o começo dos projetos até a divulgação de seus resultados.
Os pesquisadores costumam fazer seu trabalho sozinhos, com ajuda de colegas ou também com o auxílio dos bibliotecários, que notam entre as dificuldades de atendimento á seus usuários, o problema que os cientistas têm em definir e comunicar o que realmente precisam.
Outras problemáticas dos bibliotecários podem ser igualadas ás dificuldades dos próprios pesquisadores, que se sentem “perdidos” em meio á tanta informação gerada e circulante na rede atualmente. Porém, a seu favor, o bibliotecário tem seus conhecimentos de ferramentas de buscas e fontes de informação confiáveis, coisas que um pesquisador comum tende a desconhecer, demonstrando assim a importância do cientista da informação á continuidade das pesquisas.
Desde o advento da ciência, percebemos grandes avanços na comunicação de seus resultados, e atualmente, com o uso cada vez maior de meios eletrônicos para divulgação científica, seu uso se torna cada vez mais necessário, e desde a data de publicação desse livro até hoje, vemos que algumas coisas já evoluíram, como a credibilidade e importância dos periódicos eletrônicos.
As tecnologias da informação se desenvolvem a medida em que são necessárias. Por isso podemos esperar sempre mais avanços tecnológicos em períodos menores de tempo.

Tainã M.
Conhecimento científico e produção científica.

Resenha de Eliana Mantovani Malvestio


Comunicar-se é necessário em quaisquer circunstâncias; e assim, a linguagem vem se aprimorando. As regras gramaticais e ortográficas existem para uma melhor padronização da língua e otimização na compreensão daquilo que é dito.
Meadows trata em seu livro, “A comunicação científica”, das facilidades dos diferentes canais de comunicação – sejam formais ou informais -, e sua utilização por aqueles que se dedicam à ciência.
Começa pela evolução da comunicação e descreve o surgimento da prensa tipográfica e dos periódicos científicos. O crescimento do número de pesquisadores; a profissionalização da pesquisa; o crescimento exponencial da informação e como a sociedade tem lidado com esta questão no decorrer do tempo. Muito de seu vocabulário nos remete à textos anteriormente lidos, como os do sociólogo Pierre Bourdieu.
Multiplica-se a quantidade de informações, pesquisas e pesquisadores e obtém-se, consequentemente, uma especialização nos estudos: a fragmentação do conhecimento e o surgimento de novas disciplinas (iniciadas por cátedras nas universidades renomadas) e sua evolução, aprimorando o saber.
A nobreza do pesquisador que busca, com seu ofício, o aprimoramento intelectual e a contribuição científica à sua sociedade; a forma pela qual sua carreira acadêmica se desenvolve, suas responsabilidades e tarefas na academia; rotinas e procedimentos que o levam ao melhor desempenho profissional e à consolidação de sua carreira, de sua autoridade e reconhecimento científicos.
Os canais pelos quais flui a comunicação entre pesquisadores, amadores e outros personagens envolvidos nesta trama científica. Quais as fontes de informação valorosas e procuradas; a comunicação intertextual e a efemeridade da comunicação oral. A transferência do conhecimento via estes canais de comunicação e as instituições que se prestam ao serviço dos cientistas, agindo como disseminadores, tais como editoras e bibliotecas.
As decisões tomadas pelos pesquisadores ao escolher os locais de publicação para seus trabalhos e suas preocupações ao publicarem; o público a que se destinam e como se dá essa transmissão de conhecimento. A avaliação feita pelos pares na comunidade científica; os exotismos e distorções da ciência apresentados por programas midiáticos. A sedução de ser uma celebridade, a conquista pelos pesquisadores aos editores e avaliadores com o trabalho científico para publicação.
Profissionais da informação entram no cenário da coleta, armazenamento, organização e disponibilização do subsídio dos pesquisadores; as ferramentas disponíveis ao mundo da informação para auxílio dos que fazem ciência e, ao final de cada capítulo, a participação das tecnologias do mundo eletrônico ao tema abordado mostrando como estão se alterando rapidamente os quadros da sociedade do conhecimento e da informação.
Eis um rápido panorama dos capítulos de Meadows. Quisera poder explaná-lo e dissertá-lo tão brilhantemente como alguns colegas, mas o que ecoa dentro de mim, a dúvida que se impôs desde o momento em que tomei este livro nas mãos e pus-me a lê-lo é: qual a contribuição do bibliotecário na comunicação científica?
E me surge uma passagem proferida por Jack Meadows (p. 247) em resposta: “Em certos aspectos, cabe às bibliotecas a tarefa mais difícil de todas [...] devem ajudar seus clientes, que, seja como for, estão sofrendo de sobrecarga de informação, a localizarem a informação exigida e acessá-la.”
O bibliotecário está inserido em um dos canais de informação mais profícuos para os pesquisadores. A biblioteca é uma entidade de tamanha importância que só lhe resta evoluir e acompanhar as novas tecnologias de comunicação para prosseguir prestativa à seu público. Aos disseminadores da informação cabe uma postura de incorporação destas novas técnicas e meios de armazenagem, produção, disseminação e uso da informação via tecnologia e aprimoramento da comunicação com a sociedade.


Resenha do texto:
MEADOWS, Arthur Jack. A comunicação científica. Tradução de Antonio Agenor Briquet de Lemos. Brasília, DF: Briquet de Lemos/Livros, 1999.