12 março 2009

CONFERÊNCIA: “EVOLUTION AND ITS ROLE IN SCIENCE AND SOCIETY”

Conferencista: TOM WENSELLERS, Universidade de Leuven, Bélgica

Dia: 18/03/2009
Horário: 10h30
Local: Auditório Alberto Carvalho da Silva do IEA/USP (Av. Prof. Luciano Gualberto, Trav. J, 374 – térreo Cidade Universitária, Butantã, São Paulo)
O evento será em inglês sem tradução.
Ao vivo em www.iea.usp.br/aovivo.
Não há necessidade de inscrição.
Não haverá certificação.


O biólogo Tom Wenseleers, da Universidade de Leuven, Bélgica, fará a conferência “Evolution and its Role in Science and Society”, no próximo dia 18, às 10h30, no IEA. Essa atividade é organizada pelo Grupo de Estudos de Serviços dos Ecossistemas.

Tendo até o momento os insetos sociais (formigas, abelhas e vespas) como principal sistema-modelo, Wensellers dedica-se principalmente a estudos sobre evolução social, com ênfase na resolução de conflitos de grupos sociais. Segundo ele, “entender a resolução de conflitos é a chave para a compreensão sobre como grupos sociais estáveis se desenvolvem em todos os níveis de organização biológica, inclusive na origem de genomas, organismos multicelulares e sociedade”.

As pesquisas de Wenseleers tem-lhe proporcionado vários insights e descobertas originais, como a de que a cooperação em sociedades de insetos é em grande parte socialmente imposta e que alguns conflitos em sociedades de insetos assemelham-se a tragedies of commons, que anteriormente eram conhecidas sobretudo em sistemas humanos (a expressão tragedies of commons foi cunhada pelo ecólogo norte-americano Garrett Hardin em 1968 para classificar situações em que os integrantes de um grupo social atuam em defesa de seu interesse individual, o que ocasiona a escassez de recursos limitados compartilhados, mesmo que isso não estivesse nos planos a longo prazo dos indivíduos). O trabalho de Wenseleers tem inspirado grandes linhas de pesquisa e combina com sucesso um amplo leque de técnicas, como modelagem teórica, observação comportamental e ecologia química.

Atualmente Wenseleers cumpre programa de pós-doutorado no Departamento de Biologia da Universidade de Leuven, Bélgica, onde obteve o doutorado em 2001. Realizou pesquisas de pós-doutorado na Universidade de Sheffield (Reino Unido) e na Universidade de Oulu (Finlândia). Também atuou no Instituto de Estudos Avançados de Berlim (Alemanha). É autor de 42 artigos científicos, tendo publicado artigos nas revistas Nature, Science e Trends in Ecology & Evolution.

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08 março 2009

Ciência e Tecnologia no Brasil: a evolução do modelo de financiamento

Artigo de Wanderley de Souza

“O Brasil vem experimentando o financiamento para um arranjo de pesquisadores em redes, ainda que com designações variadas, com a participação de vários grupos de pesquisa localizados em diferentes instituições e mesmo em diferentes estados”

Wanderley de Souza é professor titular da UFRJ, ex-secretário-executivo do MCT e atual diretor de Programas do Inmetro. Artigo publicado pelo autor em o “Monitor Mercantil”:

Em artigo anterior abordei a variação significativa no processo de financiamento à atividade de Ciência e Tecnologia (C&T) no Brasil. Neste artigo, procurarei tecer comentários a respeito da evolução nos modelos de financiamento. Cabe inicialmente lembrar que o financiamento mais regular foi conseqüência da criação inicial do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).

Em seguida, surgiram as FAPs (Fundações Estaduais de Apoio à Pesquisa) e mais recentemente o sistema Petrobras - Cenpes - Agência Nacional de Petróleo e o Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde. Ainda não dispomos de fundações de natureza privada que apóiem a atividade científica, como fazem as fundações Howard Hughes e Bill & Melinda Gates, nos Estados Unidos da América.

Houve um momento, até hoje lembrado como fundamental para a estruturação do atual Sistema Brasileiro de Ciência e Tecnologia (C&T), em que os grupos de pesquisa podiam desenvolver a contento suas atividades com apenas dois apoios básicos.

Um proveniente do CNPq, em geral obtido para apoio individual e com recursos suficientes para o custeio do projeto de pesquisa apresentado.

O outro, de maior monta e de natureza institucional, era concedido pela Finep por períodos de três anos, permitindo a obtenção de novos equipamentos e a manutenção dos já existentes, a contratação de técnicos especializados e mesmo a complementação salarial de estudantes e técnicos considerados importantes para o desenvolvimento do projeto. Este modelo de financiamento funcionou muito bem na década de 70. Logo no início da década de 80 os recursos da Finep diminuíram gradativamente, o que levou à sua interrupção no início da década de 90.

Se fizermos uma análise retrospectiva, vamos concluir que o modelo de financiamento acima descrito teve grande sucesso e permitiu a criação e/ou consolidação de departamentos ou mesmo institutos de pesquisa de padrão internacional e que hoje atuam como as principais matrizes de formação de pessoal do mais alto nível. Nesta fase, considerada por todos como um dos melhores momentos da Ciência brasileira, o FNDCT contou com recursos da ordem de R$ um bilhão, em valores corrigidos para hoje, no ano de 1978.

Entre 1973 e 1986 experimentamos ainda um modelo de financiamento que tinha como objetivos consolidar e ampliar os grupos de pesquisa que atuavam em temas científicos considerados relevantes para o país e o apoio à infra-estrutura em áreas consideradas como prioritárias para o desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro.

No primeiro caso, menciono os programas integrados de Genética (PIG) e de Doenças Endêmicas (Pide). Este último foi certamente o responsável por colocar a Parasitologia brasileira na invejável posição de terceiro país mais produtivo nesta área no mundo. No segundo caso, merece destaque especial o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT), implementado com sucesso entre 1984 e 1999, que priorizou áreas como a Engenharia Química, a Tecnologia Industrial Básica, os Novos Materiais, a Biotecnologia, a Instrumentação Científica, entre outras.

Mais recentemente, o Brasil vem experimentando o financiamento para um arranjo de pesquisadores em redes, ainda que com designações variadas, com a participação de vários grupos de pesquisa localizados em diferentes instituições e mesmo em diferentes estados.

Exemplos incluem o Programa de Núcleos de Excelência (Pronex), os Institutos do Millenium, algumas redes temáticas específicas (nanotecnologia, genômica, proteômica, etc) e, mais recentemente, os novos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia. Ainda que não exista uma avaliação mais aprofundada, a conversa com vários colegas indica que este modelo não tem tido o mesmo impacto como o obtido com o apoio institucional anterior. Voltarei a este tema no próximo artigo desta série.
(Monitor Mercantil, 1/3)

Fonte: JC e-mail 3711, de 02 de Março de 2009.

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Ciência emergente

Artigo de Nora Bär

“A Índia é apenas um dos exemplos que ilustram a contribuição para o bem-estar que a ciência e a tecnologia oferecem aos países em desenvolvimento”

Nora Bär é a ediora de Ciência e Saúde do jornal La Nacion, de Buenos Aires, onde publicou este texto em espanhol:

La gran ganadora de la última edición de los premios Oscar, Slumdog Millionaire, sigue la historia de tres chicos nacidos en la villa miseria más grande del mundo. Aunque los críticos la calificaron repetidamente de "cuento de hadas", muchas de las escenas rodadas en los suburbios paupérrimos de Dharavi, Bombay, son lacerantes.

Sin embargo, la India ya no es sinónimo de miseria extrema: más allá de los discutidos call centers y centros de programación básica que ofrece internacionalmente, es una potencia en tecnologías de la comunicación y la información, y tiene científicos brillantes que trabajan en las fronteras de la investigación.

Pero según Mohamed Hassan, director ejecutivo de la Academia de Ciencias del Tercer Mundo (TWAS, según sus siglas en inglés), la India es sólo uno de los ejemplos que ilustran el aporte en bienestar que la ciencia y la tecnología ofrecen a los países en desarrollo.

En la introducción a un suplemento editado por Nature con motivo del cuarto de siglo de la organización fundada por el premio Nobel paquistaní Abdus Salam para promover la investigación en países emergentes, Hassan detalla algunos logros realmente notables.

En estos últimos veinticinco años, por ejemplo, China pasó de ser un país aislado a convertirse en un líder tecnológico. Sus investigadores, que participaron del Proyecto Genoma Humano y decodificaron la estructura genética del virus del SARS, ahora publican más trabajos de nanotecnología en revistas internacionales con referato que ningún otro país, excepto los Estados Unidos.

El número total de artículos científicos firmados por lo menos por un autor de China creció de 828, en 1990, ¡a más de 80.000! en 2007.

Brasil casi decuplicó en tres décadas el número de doctores que se gradúan en sus universidades (de 872, en 1987, a 7000 en la actualidad) y en los últimos quince años casi triplicó su producción científica.

Claro que, como también destaca Hassan, todo esto no se obtuvo sin pagar un precio. El avance tecnológico y la agricultura intensiva frecuentemente van acompañados por la pérdida de bosques y de biodiversidad, como ocurrió en Asia, que además alberga a 13 de las 15 ciudades más contaminadas del planeta.

Pero lo cierto es que en ese lapso estos países ofrecieron también una prueba de concepto sobre los beneficios que pueden obtenerse del desarrollo científico-tecnológico.

En China, 500 millones de personas escaparon de la pobreza, la India tiene hoy empresas que emplean a decenas de miles de individuos (Infosys, una de las más conocidas, creada en 1981 con 250 dólares, tiene ahora más de 90.000 empleados y genera más de cuatro mil millones de dólares anuales) y Brasil se convirtió en una de las siete economías más grandes del planeta.

A la luz de estas experiencias, sólo resta esperar que en la Argentina – que en los últimos quince años casi triplicó el número de artículos en publicaciones internacionales, y que en el último lustro hizo algo equivalente con el de investigadores del Conicet – se remuevan los obstáculos que impiden mostrar resultados similares.
(La Nacion, Argentina, 25/2)

Fonte: JC e-mail 3711, de 02 de Março de 2009.

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Premier britânico visita Lula com agenda em CT&I

Artigo de José Monserrat Filho

“Brown chegará ao Brasil tendo feito firmes declarações de apoio à CT&I, seguindo de perto o exemplo do novo presidente dos EUA, Barack Obama, que assumiu a missão de “restituir à ciência o seu legítimo lugar” no país, e já fixou para tanto um pacote de 18 bilhões de dólares”

José Monserrat Filho é chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais do MCT. Artigo enviado pelo autor ao “JC e-mail”:

O primeiro ministro do Reino Unido, Gordon Brown, tem encontro marcado com o presidente Lula em Brasília no dia 26 de março. Eles vão conversar, principalmente, sobre a reunião do G-20 – o grupo de economias mais desenvolvidas –, marcada para Londres no dia 2 de abril.

Brown assumiu a presidência do grupo depois do Brasil e promete propor uma “reforma em grande escala da arquitetura econômica internacional”. Isso inclui ampla regulamentação e supervisão dos mercados financeiros, cujo desvairio gerou a gravíssima crise mundial de hoje.

O tema é de altíssima prioridade. Urge deter e reverter, o mais rapidamente possível, os processos deletérios que se multiplicam na economia mundial. E o G-20 parece desempenhar papel relevante nesta operação-salvamento.

A visita de Brown terá também outros ingredientes valiosos. Um deles é a agenda de ciência, tecnologia e inovação (CT&I). Brasil e Reino Unido já acumularam expressivo acervo de cooperação em áreas de pesquisa e educação.

Mas há enorme potencial de trabalho conjunto a ser explorado e aproveitado concretamente. As oportunidades de colaborar no fomento a projetos de inovação, por exemplo, são consideráveis.

Os britânicos têm plena consciência da capacidade criativa dos centros e grupos de inovação brasileiros e do tanto que já criaram, e gostariam de exibir seus frutos numa vitrine mundial.

Brown chegará ao Brasil tendo feito firmes declarações de apoio à CT&I, seguindo de perto o exemplo do novo presidente dos EUA, Barack Obama, que assumiu a missão de “restituir à ciência o seu legítimo lugar” no país, e já fixou para tanto um pacote de 18 bilhões de dólares.

Falando na Universidade de Oxford, em 27 de fevereiro, Brown disse com todas as letras: “Nosso futuro deve ser aquele que nos dê os benefícios da globalização, minimizando os riscos; uma economia mais com engenharia robótica do que com engenharia financeira; mais com um nível baixo de carbono do que com altas finanças; um futuro onde o setor financeiro seja um servidor da indústria e nunca o seu senhor”.

Ele também prometeu “fortalecer os investimentos em ciência, como prioridade nacional”, mantendo o “compromisso de continuar nossa trajetória de crescentes investimentos na ciência como um todo, tendo, especificamente, como alvo os setores-chave onde temos fortes vantagens comparativas.”

E salientou que, desde 1997, quando seu partido (Labour Party) assumiu o governo, os investimentos em ciência mais que dobraram, com o aumento real de 88%, devendo alcançar cerca de 6 bilhões de libras (mais de 8,50 bilhões de dólares).

Para Brown, a economia mundial vai se duplicar nos próximos 20 anos, com a expansão da China e da Índia, o que abrirá novas e imensas oportunidades para o Reino Unido e outros países industrializados de faturar com base em produtos e serviços de alto valor, baseados em C&T.

Ele revelou: “Projeções independentes sugerem que, em 2017, haverá no Reino Unido quase três milhões de empregos ligados à ciência, matemática e tecnologia”. Assim – alertou –, nos próximos anos, precisaremos desimpedir o caminho para o melhor do talento científico britânico.

O líder britânico fez inequívoca profissão de fé no poder da pesquisa e do conhecimento, afirmando que “a ciência nos dá esperança” de podermos eliminar a pobreza, enfrentar as mudanças climáticas e aliviar o impacto das doenças em todo o mundo. Seja bem-vindo. O Brasil hoje é cada vez mais sensível a essas ideias transformadoras.

Fonte: JC e-mail 3711, de 02 de Março de 2009.

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