12 março 2007

Desigualdade persistente

09/03/2007
Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Apesar de o número de mulheres pesquisadoras ter aumentado expressivamente nas últimas décadas no Brasil, a participação feminina na produção de artigos científicos aparentemente não tem seguido no mesmo ritmo.
Essa é uma conclusão possível a partir de estudo feito pela economista e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) Hildete Pereira de Melo, que realizou um amplo levantamento sobre o gênero dos autores de artigos disponíveis na Scientific Electronic Library Online (SciELO).
Com o auxílio de André Barbosa Oliveira, graduando de economia da UFF, Hildete identificou o sexo de 83% dos autores e co-autores de artigos publicados no SciELO de 1997 a 2005. O restante da amostra (17%) não teve o sexo determinado por dificuldades em distinguir nomes femininos dos masculinos e pela ausência de informações adicionais sobre os autores, consultadas em bases como o Currículo Lattes.
Os autores do levantamento verificaram que as mulheres participavam de 32,28% dos artigos analisados. “Foram analisados, um a um, 195 mil nomes, de mais de 56 mil artigos publicados em 147 periódicos nacionais de diversas áreas do conhecimento”, disse Hildete à Agência FAPESP. O SciELO, que está completando dez anos de atividades, permite atualmente acesso gratuito ao texto integral de 175 periódicos científicos.
Do total de nomes analisados, 98.302 eram de homens, 62.989 de mulheres e 33.860 ficaram indefinidos. Para Hildete, a participação feminina no SciELO pode ser considerada baixa se comparada à participação das mulheres na pesquisa científica apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Segundo a agência federal de fomento, nos últimos cinco anos o aumento de bolsistas de doutorado mulheres foi de cerca de 37%, igualando-se à participação masculina. A situação é de empate técnico: 3.694 mulheres e 3.697.
No pós-doutorado, ainda que as mulheres permaneçam em minoria, houve um aumento de 13% do número de bolsistas do sexo feminino em relação ao total de bolsas concedidas de 2001 a 2006. Do total de bolsas concedidas pelo CNPq em 2006, as mulheres respondem por cerca de 48% (26.436).
Para Hildete, ainda há um longo caminho a percorrer, levando em conta uma sociedade que deveria ser igualitária no que se refere à participação de homens e mulheres em todos setores. “Apesar dos avanços, sabemos que eles ainda não foram suficientes para que as mulheres tenham uma participação eqüitativa no meio acadêmico e profissional”, afirma.
“O excesso de estereótipos e a falta de reconhecimento da contribuição feminina para o avanço da ciência ainda têm prejudicado sua ascensão”, disse. O estudo mostra ainda diferenças nas carreiras científicas: as mulheres assinam mais artigos em áreas como educação, saúde e assistência social, enquanto os homens estão mais vinculados às ciências exatas.
Para ler o artigo A produção científica brasileira no feminino, disponível na biblioteca on-line SciELO (FAPESP/Bireme), clique aqui.

Fonte: Agência Fapesp, 09/03/2007.

Roberto Lent: é preciso unificar a ciência com as humanidades

O pesquisador Robert Lent é o novo diretor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da UFRJ.

Mônica Maia escreve para o “Boletim da Faperj”:

Uma das estrelas da pesquisa científica brasileira, o novo diretor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da UFRJ, Roberto Lent, transcende as fronteiras da academia e dos laboratórios.
Professor titular de Neurociência do Depto. de Anatomia do ICB, Lent, um dos fundadores da revista “Ciência Hoje” – agora também um portal de referência em divulgação científica –, é sócio da Vieira & Lent Editores, voltada à publicação de livros assinados por cientistas.
Autor de Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais da neurociência – a primeira obra de autor nacional sobre o tema, lançou a coleção de livros infantis Aventuras de um Neurônio Lembrador, publicada em co-edição pela Faperj.
Este ano ele recebe apoio da Fundação por meio do programa Cientistas do Nosso Estado. Seu tema de pesquisa é Desenvolvimento de Plasticidade do Córtex Cerebral.
Nesta entrevista, Lent opina sobre o desenvolvimento da Neurociência no Brasil e no Estado do RJ, o papel das agências de fomento, e avalia as políticas de divulgação científica no país.

- Durante simpósio no Rio Grande do Norte, em fevereiro, foi inaugurado oficialmente o Instituto Internacional de Neurociências de Natal (IINN). A nova instituição deverá promover ciência de ponta, educação científica a jovens e atendimento médico à população carente local. O que isso significa e como a neurociência pode se vincular a projetos sociais?

- O IINN é um projeto de mérito e tem conseguido captar recursos públicos, correndo por fora dos canais abertos ao restante da comunidade científica. Sendo assim, as expectativas sobre o seu êxito são enormes. Pelo que sei, sua proposta maior é de repatriamento dos neurocientistas nascidos no Brasil, mas radicados no exterior. O retorno desses colegas será importante para somar-se aos que aqui permaneceram todo o tempo, e isso poderá ser aferido dentro de alguns anos. O professor Miguel Nicolelis, no entanto, certamente no entusiasmo pelo seu projeto, tem manifestado certo desapreço pelo patrimônio construído pelos neurocientistas brasileiros, o que não é sábio para quem deseja repatriar-se e integrar-se à comunidade local. O Brasil conta com uma Neurociência madura, com muitos grupos da melhor qualidade e inserção internacional no Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pará e Brasília. A disciplina tem grande presença nos congressos da área biológica e biomédica, como os congressos da FeSBE, possui uma sociedade brasileira (SBNeC) com algum porte, que neste momento discute o convite que recebeu de sediar no Brasil em 2008 o Congresso da International Brain Research Organization. O vínculo a projetos sociais tem objetivos generosos, mas representa um grão de areia no mar de desigualdades em que vivemos no país.

- Bases neurofisiológicas do sono, reações ao tecido neural, reações a implantes... Quais são as áreas mais vibrantes e promissoras da neurociência?

- A neurociência tem muitas áreas vibrantes. Ela lida com o sistema nervoso, que define a nossa humanidade. Suas questões, então, tocam a nossa curiosidade sobre nós mesmos: como pensamos, como nos emocionamos, como falamos, por que sonhamos. Todas essas capacidades humanas podem estar alteradas nas doenças neurológicas e psiquiátricas, e agora visualizamos alternativas de tratamento ou cura. É impressionante que possamos intervir no cérebro para alterar sua função e isso é ao mesmo tempo instigante e assustador, levando em conta que podemos fazê-lo "para o bem ou para o mal".

- Pesquisadores da PUC-RS, da UFMG e do IINN divulgaram trabalhos que ajudam a esclarecer um dos desafios da neurociência — os mecanismos cerebrais que fazem a memória durar. O que há de novo nesse front específico da investigação científica?

- O grupo do professor Ivan Izquierdo, da PUC do Rio Grande do Sul, tem grande tradição de excelência no estudo da memória, que envolve diferentes aspectos, todos muito apaixonantes: como guardamos informações no cérebro, como selecionamos as que vamos guardar e as que vamos esquecer, como guardamos algumas por pouco tempo (horas), outras por muito tempo (anos!). A obra científica do professor Izquierdo — toda construída no Brasil — é uma evidência da maturidade de nossa Neurociência.

- Que temas estão sendo privilegiados pelos pesquisadores de neurociência no estado do RJ?

- O RJ tem muitos laboratórios de Neurociência, na UFRJ, Uerj e UFF. Trabalha-se com diferentes abordagens: sistêmicas — como a percepção visual, o registro das emoções, os comandos da motricidade; celulares — como a interação entre neurônios e outras células, o desenvolvimento e a plasticidade do sistema nervoso; e moleculares — como os mecanismos causadores de doenças neurodegenerativas, por exemplo. A Faperj apóia o Instituto Virtual de Doenças Degenerativas, que está no ar há alguns anos. A massa crítica fluminense em neurociência é bastante significativa, com presença em diversos programas de pós-graduação de nota 7.

- O governo divulgou o Plano Nacional de Pós-Doutorado para coibir a "fuga de cérebros". Pretende criar um programa gerido pelo MEC e MCT para manter no país doutores recém-formados sem colocação no mercado de trabalho oferecendo bolsas de R$ 3,3 mil mensais mais um complemento de empresas, centros de pesquisas ou instituições de ensino. A ajuda contaria com seleção da Finep, CNPq e complementação de uma fundação de amparo à pesquisa estadual. Como o senhor avalia a iniciativa?

- Tenho a impressão de que se trata de um programa interessante. O pós-doutor tem sido, internacionalmente, um profissional de alta qualificação que na verdade toca os laboratórios dos pesquisadores sêniores. No entanto, sua existência reflete um problema. O mercado das universidades e das empresas não absorve os doutores formados regularmente no sistema e por isso é preciso criar para eles uma "isca" para permanecerem no país. Mas se pensarmos bem, poucas dentre as nossas universidades têm mais de 50% de doutores em seus quadros docentes! Portanto, há algo de errado nessa equação.

- Professor titular de Neurociência do Depto. de Anatomia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da UFRJ, o senhor acaba de ser empossado na direção do referido instituto. Quais serão as ações prioritárias de sua gestão?

- Penso que está madura a necessidade de integrar o trabalho que se faz no Instituto de Ciências Biomédicas aos esforços de pesquisa médica e ao atendimento de pessoas. Trabalhamos no instituto com bioengenharia, neurooncologia, neuropatologia experimental, uso de células-tronco como alternativa terapêutica, desenvolvimento de fármacos, além de vários aspectos básicos da biologia. Pretendemos então integrar esse trabalho ao Hospital Universitário e à Faculdade de Medicina, e unir esforços para abordar questões de interesse médico com a necessária ênfase científica. Os profissionais de saúde se beneficiam da integração com pesquisadores porque isso qualifica o seu trabalho, e estes precisam estar próximos aos doentes para manter um sentido mínimo de aplicabilidade de suas pesquisas. É um equilíbrio delicado, porque a ciência básica é fonte de idéias novas que surgem de seu desapego à realidade. Mas também é verdade que em um país como o nosso, temos que ter um compromisso mínimo para oferecer benefícios diretos aos doentes. Será importante que a Faperj possa nos ajudar nesse projeto.

- Qual a sua avaliação do panorama da difusão e divulgação do conhecimento científico no país? E as dificuldades que os pesquisadores enfrentam?

- A divulgação científica avançou muito no Brasil, desde que começamos a pensar nela nos anos 1970, inspirados pelo pioneiro José Reis. Faz-se divulgação científica de todos os tipos no Brasil de hoje: no teatro, no cinema, na TV, através de revistas, livros, jornais, museus, exposições, até em desfiles de escolas de samba. Isso é excelente, embora ainda seja pouco tendo em vista o grau de desconhecimento do público sobre a ciência. E há um grande obstáculo que falta vencer: precisamos unificar a ciência com as humanidades. Ciência também é parte da cultura, não é algo "especial". Os programas do MEC que distribuem livros para as escolas, por exemplo, não consideram os livros de divulgação científica. As crianças devem ler muita literatura, muita história, mas também devem ler muita ciência. Darwin e Shakespeare convivem lado a lado dentre as conquistas da Grã-Bretanha e da humanidade, assim como Pasteur e Voltaire na França. Por que não considerar o mesmo para Santos Dumont e Machado de Assis?
(Boletim da Faperj, 8/3)

Fonte: JC e-mail 3219, de 09 de Março de 2007.

O diálogo entre a teoria da evolução e as ciências sociais

No dia 22 de março, às 15h, tem início o Ciclo Temático Evolução Darwiniana e Ciências Sociais, realização do Núcleo de Economia Socioambiental (Nesa) da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP e do IEA.

Esse primeiro seminário terá a participação do biólogo Ricardo Waizbort (Fiocruz) e do sociólogo Carlos Alberto Dória (Unicamp), com coordenação de José Eli da Veiga (FEA/USP).
O ciclo será constituído de seminários mensais ao longo de todo ano. As mesas sempre contarão com um pesquisador das ciências naturais e outro das sociais. O segundo seminário será no dia 19 de abril (data que marca os 125 anos da morte de Darwin) e terá a participação de Cristina Possas (Programa DST/Aids do Ministério da Saúde) e Eleutério Prado (FEA/USP).
No artigo abaixo, José Eli da Veiga, coordenador do Nesa e do ciclo temático, comenta aspectos das discussões sobre a pertinência da aplicação dos princípios da teoria darwiniana nas ciências sociais.
Local: Auditório Alberto Carvalho da Silva, sede do IEA.
Informações: Com Sandra Sedini (sedini@usp.br), fone (11) 3091-1684.
Internet: O evento terá transmissão ao vivo pela web em www.iea.usp.br/aovivo
(Assessoria de comunicação do evento)

Fonte: JC e-mail 3218, de 08 de Março de 2007.

Será que temos o que comemorar?

Artigo de Eugenia Zerbini

Estão comprometidas as alegrias das vitórias conquistadas a partir daquela marcha de mulheres há 150 anos.

Eugenia Zerbini, advogada, mestre e doutora em Direito, é escritora, autora do romance "As Netas da Ema" (vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2004). Artigo publicado na “Folha de SP”:

Vários eventos que se encadearam ao longo do último ano levam a perguntar se as mulheres brasileiras têm realmente o que celebrar hoje, Dia Internacional da Mulher.
Tanto no plano público quanto no privado, se encontram comprometidas as alegrias das vitórias conquistadas a partir daquela marcha de mulheres trabalhadoras na luta pela limitação das jornadas de 12 horas nos teares de Nova York, há exatamente 150 anos.
Principalmente, seqüestra o brilho da data o luto carregado por tantas mães, irmãs e filhas que perderam entes queridos em conseqüência da violência que se tornou rotineira nos noticiários dos últimos 12 meses.
Não há festejo que faça esquecer a dor da perda violenta de um familiar, ainda mais se filho ou filha, como também não faz sentido ver a família submetida a agressões cotidianas que, se não tiram a vida da vítima, a incapacitam de modo definitivo.
Esse luto é agravado pela falta de sentido dessas mortes e agressões, uma vez que tais tragédias, por mais abomináveis que pareçam, perderão a grandeza em pouco tempo, devido não só à ocorrência de outros atos que as suplantarão em horror mas também à impunidade de seus autores.
A falta de punição não é só para a violência. Vai além: parece não haver sanção para as irregularidades praticadas em todas as instâncias públicas.
Em meio à impunidade, que padrões éticos e morais empregar na educação dos filhos, se o exemplo é fundamental na formação do caráter?
Mulheres têm apreço à educação, uma vez que foi graças a ela que tiveram acesso à vida emancipada. Além da formação moral, atualmente entra na berlinda a educação formal.
Diante dos resultados lastimáveis veiculados recentemente sobre o estado do ensino no Brasil, se revelou a dificuldade de nossas escolas em dar preparo adequado para crianças e jovens para que eles possam um dia ocupar um lugar digno no mundo.
Segurança, educação, honestidade e lisura com a coisa pública, em que pesem todas as conseqüências desses conceitos em nossas vidas privadas, são assuntos a serem tratados por meio de políticas públicas, quer fora dos partidos (por meio da pressão de organizações não-governamentais, por exemplo), quer dentro deles.
Nesse ponto, cabe lembrar que, embora a lei reserve em cada partido a cota de 30% para a candidatura de mulheres, o número parece não ter sido cumprido nas últimas eleições pela ausência de interesse feminino.
Na esfera privada, a fraseologia do mercado invadiu as relações familiares, roubando a linguagem do afeto, a única em que ela deveria se basear.
Mulheres são aconselhadas a investir de modo equânime nos relacionamentos com marido e filhos, esquecendo-se que, quando se investe, se pensa em lucros, quando se ama, no ganho do outro.
Somos, ainda, advertidas para negociar crises familiares dentro de padrões gerenciais, dentro dos quais, infelizmente, não existe, por exemplo, a palavra compaixão.
Por outro lado, o conhecimento médico descobriu que nossos corpos diferem estruturalmente dos masculinos, e não apenas pelo aparelho reprodutor.
Hoje, fala-se em medicina de gênero, o que certamente trará descobertas positivas para as mulheres, implicando aumento da expectativa de vida, já maior que a masculina.
Viveremos muito mais, mas ocultando paradoxalmente nossas idades, uma vez que a sociedade -nela incluído o mercado de trabalho- exige aparências eternamente jovens.
Os padrões são tão idealizados que até as mais jovens têm problemas, sacrificando a vida em nome de cânones estéticos impostos, como comprovam as mortes das jovens por anorexia no decorrer do ano passado.
Além de o Brasil estar entre os maiores consumidores do mundo de remédios inibidores de apetite, está entre os campeões em números de cirurgias plásticas estéticas, refletindo a insatisfação feminina com sua aparência, em detrimento da valorização de outras facetas de um todo que deveria transcendê-la.
Por fim, de acordo com uma visão simbólica, a matéria ("mater") sempre foi ligada ao feminino que hoje se comemora.
Com o masculino relacionou-se o espírito (logos). Pelo desenvolvimento deste último, traduzido em conhecimento científico, e por sua aliança a um desenfreado interesse econômico, a integridade da matéria foi colocada em perigo.
Em outras palavras, é o alerta do relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática).
Por isso, é pela matéria que se irá lutar pela implantação das reformas necessárias para a salvaguarda das condições de vida saudável na Terra e pela reversão do efeito estufa, ao qual se atribuem as mudanças no clima.
Aproveitando essa movimentação, se abre a janela para o relançamento do movimento de mulheres, resgatando aqueles passos pioneiros de 1857.
Isso acontecendo, teremos chances de saber o que comemorar no ano que vem. E nos próximos.
(Folha de SP, 8/3)

Fonte: JC e-mail 3218, de 08 de Março de 2007.

Cresce participação feminina na pesquisa científica

Dados do CNPq/MCT dos últimos cinco anos mostram um cenário de mudanças quanto à participação feminina na pesquisa científica. A perspectiva é de que, no futuro, nos setores em que elas ainda são minoria, a presença das mulheres tenha um aumento significativo.

Do total de bolsistas do CNPq, a participação feminina vem se mantendo em torno de 48%, o que significa a presença de 26.436 bolsistas mulheres, segundo dados de 2006.
No entanto, em algumas modalidades, o número de mulheres supera o de homens há alguns anos. Dentre os bolsistas de iniciação científica, as mulheres predominam, representando, hoje, 56% do total.
Em 2006, foram concedidas 9291 bolsas de Iniciação Científica (IC) para as mulheres, o que significa um crescimento de 17% nos últimos cinco anos.
Cenário igual, encontra-se no mestrado, onde 52% do total de bolsas são concedidas às mulheres.

Mulheres doutoras

Considerando essas bolsas como o início da carreira científica, é possível esperar que, no futuro, as mulheres estarão mais presentes nas modalidades que representam um nível mais avançado de pesquisador, onde hoje os homens predominam.
O crescimento da participação feminina no doutorado ilustra bem essa perspectiva. Nos últimos cinco anos, o aumento de bolsistas mulheres nessa categoria foi de cerca de 37%, igualando-se à participação masculina.
Hoje, são 3694 bolsistas mulheres e 3697 bolsistas homens.
Da mesma forma, no pós-doutorado, ainda que as mulheres permaneçam em minoria, houve o aumento de 13% do número de bolsistas do sexo feminino em relação ao total de bolsas concedidas, de 2001 a 2006.
Assim, aos poucos, esse avanço na participação das mulheres no ambiente de C&T vem se refletindo na maior presença delas nos níveis mais altos da carreira científica.
Em 2006, o CNPq concedeu 23% a mais de bolsas de Produtividade em Pesquisa (PQ) para mulheres em relação à 2002. De 2517 bolsas em 2002 para 3096 em 2006. As Bolsas PQ são destinadas a pesquisadores com, no mínimo, título de doutor e alta produtividade científica.

Outros indicadores

Como conseqüência desse crescimento, as mulheres também têm ampliado sua atuação no campo da pesquisa. Além de aumentarem em números, elas vêm assumindo mais responsabilidades.
Exemplo disso, é o aumento de propostas submetidas por mulheres para o Edital Universal, o principal instrumento de fomento à pesquisa do CNPq, destinando recursos a todos os segmentos da comunidade científica.
De 2004 a 2006, a demanda feita por pesquisadoras cresceu cerca de 2%, chegando a 41% de propostas submetidas.
Nas instâncias decisórias, as mulheres também ganharam espaço.
Nos Comitês de Assessoramento do CNPq (CAs), responsáveis pelo julgamento do mérito das solicitações individuais de bolsas e auxílios à pesquisa, ampliou-se a representatividade feminina em cerca de 33% de 2002 a 2006.

Por área do conhecimento

A participação das mulheres vem aumentando em áreas tradicionalmente masculinas.
Nas Ciências Agrárias, nos últimos cinco anos, houve um crescimento de 4% de bolsistas mulheres em relação ao total, sendo que hoje 46% das bolsas nessa áreas vão para elas. De 2831 bolsistas, em 2001, passou para 3424, em 2006.
Nas engenharias, o aumento foi de 2%. Em 2001, 28% das bolsas nessa área iam para mulheres e hoje são 30%.
Destaque para a Engenharia Aeroespacial, cuja participação feminina cresceu 12% em relação ao total de bolsas concedidas nessa área; engenharia biomédica, com crescimento de 9%; e engenharia mecânica, com 4% de aumento.
“O CNPq agradece, no que lhe cabe, a participação da mulher no quadro de seus pesquisadores e de suas instâncias decisórias”, ressalta o presidente da instituição, Erney Camargo.
(Assessoria de comunicação do CNPq)

Fonte: JC e-mail 3218, de 08 de Março de 2007.