15 fevereiro 2007

Ciência, ensino e realidade

Artigo de Eloi S. Garcia

Eloi S. Garcia, pesquisador e ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz, é membro da Academia Brasileira de Ciências. Artigo enviado pelo autor ao “JC e-mail”:

Quando iniciei minha formação científica, nos anos 60 do século passado, a meta central da ciência não era gerar tecnologia e sim o avanço do conhecimento e a geração de novas idéias.
Somente alguns aspectos do conhecimento tinham alguma relevância para o desenvolvimento tecnológico.
A tecnologia se encontrava melhor associada a indústria e a ciência e a arte com a cultura. Ambas as atividades tem um ancestral evolutivo comum que é uma forma antiga de percepção e apropriação da realidade: a magia.
A arte mantinha um vínculo secreto com a fantasia, imaginário, emoção, pensamento e atitude.
A ciência era o instrumento mais poderoso de compreensão da civilização e um processo desenvolvido com a evolução do homem e sua busca para se preservar e resolver as dificuldades.
O ponto de partida da ciência não era somente a objetividade de uma idéia e sim também acreditar veementemente em algo que podia até não existir, mas que merecia a pena ser investigado.
Minha fascinação ao fazer ciência era a libertação dos dogmas, das crenças e começar a ver tudo com olhos novos e originais. Minha formação científica incluía a associação e interação da arte e ciência, no fundo a cultura.
A cultura associa a ciência e arte, por que não? O cientista e o artista têm o impulso para a ousadia, para buscar o desconhecido e desenvolver sua curiosidade e paixão.
Ambos buscam o inatingível e intocável: a real beleza e a verdade da natureza.
A cultura é o todo, é a beleza do universo, da natureza e um instrumento robusto para sentir, admirar, conhecer, observar e compreender o mundo. A cultura é a memória da humanidade e o impulso do desenvolvimento e da coesão social.
Ciência e arte não são o resultado da aplicação feliz de um artifício técnico ou da boa utilização de uma tecnologia.
Uma obra de arte e um bom artigo científico quase chegam a ser um milagre, e se não revelar ser uma coisa quase intangível, um algo mais, torna-se coisa pequena.
Por isto tanto a ciência como as artes fazem parte da natureza humana e da emoção, e com elas nos transformamos e damos mais sentido às nossas vidas e ao universo em que vivemos.
É impressionante como a ciência e a arte mudaram a minha percepção da sutileza, da delicadeza, da sensibilidade, do amor e da realidade do planeta.
A ciência é uma modalidade de cultura em si própria que pode transformar a cultura humanística e também modificar a humanidade.
Promover a cultura científica significa estimular o desenvolvimento da cidadania e uma participação dos indivíduos nos movimentos sociais e ao entendimento ao processo democrático.

Fonte: JC e-mail 3206, de 15 de fevereiro de 2007.

14 fevereiro 2007

Aviação e literatura

Artigo de Guillermo Giucci, professor do Instituto de Letras da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Texto traduzido Leda Maria da Costa

A literatura relacionada com temas aéreos não se interessa pelos elementos centrais do vôo – regularidade, segurança, velocidade, custos. A terminologia técnica lhes é indiferente. Seu interesse é despertado pela aventura estética, mais do que pela utilidade e pragmatismo. Liberada da vida e da morte, a literatura se propaga em um ritmo ainda mais acelerado que a própria aviação, se apoderando das façanhas e das tragédias, mas, sobretudo, da ânsia humana por voar.
O desejo de voar é uma antiga aspiração humana presente nos sonhos ancestrais. Principalmente na infância e adolescência, é comum sonhar com o vôo e a queda. Os chamados “sonhos de vôo” que Freud interpretou como uma expressão do desejo oculto das atividades sexuais (“Uma lembrança de infância de Leonardo da Vinci”) e Havelock Ellis estudou do ponto de vista das sensações respiratórias, não possuem um vínculo direto com a aviação, mas ajudam a explicar o porque da rápida incorporação e proliferação do tema da aviação na literatura. Ingold (1978) analisou a literatura européia de aviação entre 1909 e 1927 e encontrou uma vasta produção na França, Alemanha, Itália, Rússia, Inglaterra, Áustria e Hungria. Produção composta por autores já, então, conhecidos: Marinetti, Kafka, D’Annunzio, Rilke, Musil, Proust, Wells, Von Hofmannsthal, Chlebnikov, Jünger, Zweig, entre outros.
Em abril de 1909, foi produzida a primeira fotografia cinematográfica tirada de cima de uma máquina mais pesada que o ar. Trata-se de um ano de grande importância simbólica para a modernidade cinética: Marinetti publica o manifesto “O futurismo”, em Paris, Blériot atravessa o Canal da Mancha num aeroplano, o engenheiro eletrônico Marconi é premiado com o prêmio Nobel de Física. No mesmo ano, Franz Kafka veraneava com seus amigos Max e Otto Brod, em Riva, quando tomou conhecimento do 1o Circuito Aéreo Internacional de Brescia. Tinha 26 anos e nunca havia visto um aeroplano. Aparentemente, Max Brod lança-lhe um desafio para saber quem seria capaz de escrever o melhor artigo sobre aquele evento e, assim, Kafka escreve “Os aeroplanos em Brescia”, publicado na Bohemia em 28 de setembro de 1909. O artigo resume o clima de efervescência dos eventos cinéticos. No Circuito, além de aeroplanos, havia trens, ciclistas, carruagens, automóveis e uma massa estimada em 50 mil pessoas, cuja presença a polícia tentava controlar. O campo de aviação era enorme e não oferecia uma estrutura de entretenimento comum em outros eventos desportivos. Em particular, Blériot chamava a atenção do público quando levantava vôo com seu monoplano.
Poucos meses depois, em fevereiro de 1910, o famoso escritor Gabriele D´Annunzio, que também participou como espectador do Grande Prêmio de Brescia e a quem foi concedida a honra de voar, oito minutos, com o piloto americano Curtiss, publicou Forse che sì, forse che no (Talvez sim, talvez não) romance aéreo de quinhentas páginas.
A modernidade cinética questiona a tradição e se expande por intermédio dos objetos da circulação, principalmente o automóvel e o aeroplano. Depois do automóvel, o aeroplano se transforma na nova musa mecânica do futurismo. No “Manifesto técnico da literatura futurista” (11/05/1912), F.T Marinetti parte da metáfora aérea para pôr em dúvida o valor do passado: “No avião, sentado sobre o tanque de gasolina, com o ventre aquecido pela cabeça do aviador, eu senti a inanidade ridícula da velha sintaxe herdada de Homero”. O futurismo tentará criar novas formas artísticas por intermédio da metáfora do vôo, substituindo a retórica romântica do pássaro pela do avião em movimentos acrobáticos e compondo aeropoemas e aeropinturas. Enquanto Fedele Azari se definia como um “piloto aviador futurista”, Marinetti organizava um grande “aerobanquete” na Casa Del Fascio, onde as mesas eram colocadas em ângulos diversos passando a impressão de um aeroplano e o appetizer se chamava “Aeroplano picante”.
O avião representa o novo e como tal é incorporado com força no léxico das vanguardas. Apollinaire encarna o espírito internacionalista do avant-garde em seu poema “Zona” (Alcools, 1913), levando ao extremo os processos de fragmentação e simultaneidade. Apollinaire reescreve a imagem cristã da Ascensão tomando o ponto de vista do vôo mecânico. Já se vivera demasiadamente na antiguidade dos gregos e romanos: havia chegado a época dos hangares do campo de aviação. Cristo se eleva onde nenhum aviador se aventura e é o recordista do mundo na altura, mas o século tem a forma do pássaro metálico e ascende como Jesus, enquanto o Diabo em seu abismo levanta os olhos para vê-lo.
O que Apollinaire poeticamente sugere - a importância do aeroplano - é aquilo que os porta-vozes da modernidade cinética não deixam de enfatizar. Em 1914, Harry Harper e Claude Grahame-White publicam The aeroplane e antecipam a unificação do planeta pelo avião. Embora as tecnologias do transporte, primeiramente, evidenciem o progresso técnico, e apesar do risco de acidentes, a aviação também podia ser utilizada para difundir a fé, já que acelerava os deslocamentos e permitia o alcance de regiões remotas. Em 1920, Benedito XV transformou Nossa Senhora de Lorette em padroeira das forças aéreas italianas e de todos os aviadores. As metáforas religiosas se adaptaram ao avião: tanto Cristo quanto o aviador deviam “elevar-se acima das coisas da terra”; assim como os aviões evitavam as tempestades, os jovens deviam evitar a companhia dos ímpios, era arriscado voar sem a luz da fé; o pára-quedas simbolizava o arrependimento e a confissão.
As máquinas de voar se difundem na produção cultural: romances, contos, poemas, caricaturas, pôsteres e fotografias; na pintura de Robert Delaunay, Malevich e Henri Rousseau; nos escritos de Le Corbusier e nos retratos do Duce. Em 1924, Blaise Cendrars oferece uma conferência, em São Paulo, sobre as tendências gerais da estética contemporânea e sustenta que o avião modelo Spad, exposto no último Salão da Aviação, é a mais bela das criações da engenharia, superior a qualquer obra de arte moderna. Cendrars nunca havia visto uma obra de arte tão sobriamente poderosa: além disso, era possível entrar nela e voar.
Surge a primeira antologia do vôo, The poetry of flight, editada em 1925 por Stella Wolfe Murray. O aeroplano e o aviador são figuras consagradas na imaginação dos anos de 1920, sendo o vôo motorizado uma parte integral das visões coletivas e individuais do futuro. O escritor guatemalense Miguel Ángel Asturias, que nunca pôde andar de bicicleta, decide aprender a pilotar na França, onde havia inúmeras escolas. As mulheres não estão excluídas da cultura da aviação. Lady Health e Stella Wolfe Murray publicam, em 1929, Woman and flying, para demonstrar a participação feminina na aviação civil. As próprias aviadoras narram suas experiências e selecionam exemplos históricos de mulheres interessadas na prática do vôo. É, particularmente, interessante o capítulo dedicado aos novos aspectos da aviação e as oportunidades que a mesma podia oferecer às mulheres.
A relação entre mulheres e tecnologia levanta a questão do gênero sexual. No início da aviação era comum considerar que a mulher não tinha capacidade para dominar uma máquina de voar, visto que se tratava de um esporte masculino. Não apenas estava em jogo o risco, mas a própria feminilidade. Harriet Quimby, a conhecida pioneira norte-americana, preocupava-se com sua aparência e demonstrou que não existia nenhuma incompatibilidade entre o vôo e a feminilidade. Foi uma “mulher-espetáculo” que em 1912 cruzou o Canal da Mancha e, no mesmo ano, morreu durante uma exibição aérea. Muitas outras a seguiram, culminando com Amélia Earhat. Em todo caso, as mulheres tiveram, freqüentemente, que justificar seu vínculo com a tecnologia da mobilidade.

Bibliografia

Eulalio, Alexandre. A aventura brasileira de Blaise Cendrars. São Paulo: Edusp, 2001.
Gumbrecht, Hans Ulrich. In 1926. Living at the edge of time. Cambridge: Harvard University Press, 1997.
Gwynn-Jones, Terry. Farther and faster. Aviation’s Adventuring Years, 1909-1939. Washington: Smithsonian Institution Press, 1991.
Heath, Lady y Murray, Stella Wolfe. Woman and flying. London: John Long, 1929.
Ingold, Felix Philipp. Literatur und aviatik. Europäische Flugdichtung 1909-1927. Basel: Birkhäuser Verlag, 1978.
Kafka, Franz. “The aeroplanes at Brescia”. The Penal Colony. Stories and Short Pieces. Trad. Willa y Edwin Muir. New York: Schocken Books, 1976.
Lagrée, Michel. Religião e tecnologia. A bênção de Prometeu. Trad. Viviane Ribeiro. Bauru: Edusc, 2002. Müller-Bergh, Klaus. “El hombre y la técnica: contribución al conocimiento de corrientes vanguardistas hispanoamericanas”. Philologica Hispaniensia. IV. Madrid: Gredos, 1987.
Murray, Stella Wolfe (Ed.). The poetry of flight. An Anthology. London: Heath Cranton, 1925.
Schnapp, Jeffrey. Propeller Talk. Modernism / modernity. Vol. 1, n. 3, The Johns Hopkins University Press, 1994, pp. 153-178.
Wohl, Robert. A passion for wings. Aviation and the western imagination 1908-1918, New Haven, Yale University Press, 1994.

Fonte: ComCiência, Revista Eletrônica de Jornalismo Científico.

Um mundo totalmente digital?

Artigo de Victor Scardigli, antropólogo, diretor de Pesquisa do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), França.
Tradução: Fábio de Castro
Este artigo foi originalmente publicado no Le Monde Diplmatique, em outubro de 2002.

A globalização impõe o totalmente técnico como cultura do cotidiano. Só que um universo assim racionalizado e informatizado pode não só acarretar sofrimento para os indivíduos, mas também constituir uma nova fonte de vulnerabilidade para a sociedade.

A tecnicização da aviação comercial está particularmente avançada, em especial sob a forma de grande automação do vôo. Ela proporciona uma grande eficiência econômica: crescimento do desempenho e regularidade do tráfego. Responde também a uma onipresente preocupação de segurança, mas uma segurança pensada, em primeiro lugar, como "erro zero" dos seres humanos e dos materiais – em termos físico-matemáticos e regulamentares – e que, às vezes, leva ao inverso do objetivo buscado.
Uma das novas vulnerabilidades tem origem na hipercomplexidade dos sistemas informáticos: mesmo entre seus construtores, quase mais ninguém domina a soma de informações contidas nas centenas de calculadoras embarcadas num avião de carreira. Cresce o descompasso entre os conhecimentos do piloto e o número quase ilimitado de cenários que podem, dessa forma, se apresentar, sendo alguns deles inimagináveis num avião clássico, pouco automatizado. Antigamente, era a experiência que permitia ao piloto enfrentar o imprevisto, a partir dos incidentes que conhecera durante sua carreira e do saber prático transmitido pela comunidade de pilotos. Ora, a formação das tripulações privilegia, atualmente, as situações virtuais e a simulação. A isto se acrescenta a noção de "transparência para o usuário": o operador não precisa saber o que se passa na máquina, dizem-nos alguns idealizadores. Em nome da facilidade de utilização, cria-se assim, para o piloto, a impossibilidade de ter acesso ao coração do autômato e, portanto, de dominar o destino.

Uma "presença no mundo" virtual

Segunda situação radicalmente nova: a pilotagem do vôo por um híbrido de homem e máquina. O sistema informatizado de gestão do vôo combina ordens da tripulação e a pré-programação do centro de estudos. A vivência de tal situação é tranqüila quando o autômato traz ajuda e socorro ao piloto; porém, se torna conflituosa, e mesmo angustiante, em caso de ações intempestivas ou contraditórias do sistema, porque os pilotos, então, atribuem ao autômato intenções ou um projeto de ação que às vezes não chegam a prever, a compreender, nem a bloquear, se necessário. Constatamos isso analisando, com um piloto de treinamento, alguns quase-acidentes ocorridos após uma "reversão de modo cruzado": uma tripulação, que queria aterrissar, via seu avião retomar brutalmente a altitude e não conseguia mais controlá-lo, enquanto o piloto automático aplicava outra lógica, definida em centro de estudos, e que, autoritariamente, fazia o aparelho voltar a subir em caso de velocidade excessiva na descida. Desde então, esse dispositivo foi suprimido[1].
Olhando-se do ângulo do autômato, é o engenheiro que intervém. Seu programa foi pensado no chão, onde reinam as leis das ciências matemáticas e físicas, longe da experiência real do piloto: como o cockpit continua sendo um espaço de contingência e de imprevisto, o vôo fica por um tempo onde nada é exatamente conforme aos conhecimentos escolares. A "presença no mundo" do idealizador permanece virtual, livresca: ele só pode preparar o futuro de seu autômato escrevendo algoritmos, testando comportamentos de uma maquete de avião num simulador ou num corredor de vento. No laboratório, ele pode até suspender e reverter o curso do tempo. No ar, o comandante de bordo não poderá parar para refletir nem recomeçar uma ação errônea...

Desconfiança aumenta vulnerabilidade

Quando os aviões fortemente automatizados foram postos em serviço, os pilotos ficaram preocupados, diante de sistemas que dominavam mal e, ao mesmo tempo, ávidos de progresso na integração dos dados do vôo, ou na representação visual da aeronave e de seu ambiente[2].
Aparentemente, a informatização enriquecia a diversidade do trabalho e lhe trazia um acréscimo de eficiência. Mas, em longo prazo, cada geração de aviões ou de dispositivos novos veio se inserir numa mesma lógica: tudo pode e deve ser racionalizado, quantificado e digitalizado, sendo o operador humano obrigado a se comportar como um supercomputador, intercambiável com a máquina, o que traz para ele a desqualificação e a desvalorização. Pilotar exigia uma formação científica associada a uma extrema habilidade nas manobras aéreas; agora, o ofício se aproxima do trabalho burocrático no computador. O piloto era o único mestre a bordo, como o capitão de um navio na tempestade; agora, autômatos e redes de telecomunicação o ligam a outros centros de decisão que permanecem no solo.
O turismo de massa e a queda das tarifas se traduzem por uma forte pressão sobre as condições de trabalho e sobre o nível de recrutamento. Nas linhas de "bate e volta", a tripulação se afoba, beirando os limites da segurança, para respeitar os horários e as escalas. Em certas companhias de transporte a preços baixos, ela terá que fazer tudo: do carregamento das bagagens à limpeza. Acrescenta-se a isso um sentimento de espoliação: os centros de estudos alimentaram-se no capital de observações acumuladas durante os vôos comerciais para constituírem, progressivamente, uma ciência do vôo. O engenheiro extraiu a perícia empírica dos pilotos, cujos conhecimentos, agora, são integrados aos autômatos. O antropólogo Marcel Mauss já havia destacado: a técnica só será eficaz se reinar a confiança. Ora, no que se refere à aeronáutica, o equilíbrio dos privilégios e contra-privilégios entre inventores e usuários do progresso foi rompido. A desconfiança aumenta a vulnerabilidade cotidiana. Principalmente porque os idealizadores do totalmente-digital também são seres humanos e cometem erros que podem levar a acidentes.

Os perigos da digitalização total

Nos aviões clássicos, a pilotagem se caracterizava por sua corporeidade: comprometia todo o corpo na ação sobre os comandos, todos os sentidos na atividade de vigília. Dirigia-se à totalidade da pessoa. E essa maneira de pilotar era apenas a superfície emersa de uma verdadeira cultura, em sentido antropológico: os pilotos de carreira formavam uma quase comunidade etnológica, com suas hierarquias sociais (ligadas ao número de horas de vôo, ao prestígio dos aparelhos e das linhas); com seus locais de socialização e seus rituais de iniciação; com seus modos de transmissão oral das experiências do trabalho em linha, das aventuras vividas, dos incidentes e das soluções inventadas. Hoje, aos olhos da racionalidade técnica, o saber dos antigos não tem valor e uma longa experiência dos cockpits clássicos pode até entravar a aprendizagem da novidade.
O exemplo da aeronáutica permite prever o papel que assumirá uma digitalização que se estenda a todos os âmbitos de nossa vida cotidiana. Num universo em que nada poderia escapar à medida e ao número, os domínios que ignoram a quantificação – a consciência, os valores – deixam de ter direito à existência. Não só a digitalização facilita a tomada de poder dos engenheiros sobre o saber de outros cidadãos, como também, e principalmente, nega qualquer possibilidade de existência de uma outra compreensão do mundo, de um outro projeto de sociedade. O que separa os engenheiros projetistas e os operadores chamados para aplicar suas invenções? Certamente, uma divergência de interesses: eles entram em conflito para saber quem deve definir a sociedade de amanhã, quem deve dirigir suas transformações. Mas, em primeiro lugar, duas experiências do real, duas culturas quase incomunicáveis.

Uma rede de vigilância informática

Para os engenheiros dos centros de estudos, a totalidade do universo físico e humano pode e deve ser explicada por leis físico-matemáticas. Um processo de decomposição da realidade em elementos simples permitiria a construção de uma sociedade menos vulnerável: por exemplo, para a aviação, a realização de um vôo sem perigo.
Ora, tudo se revela interdependente; ao decompor, e, portanto, ao introduzir descontinuidades, criam-se às vezes outros riscos. O atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 é revelador dos perigos corridos por causa do procedimento cartesiano clássico. Ele descompôs os domínios de ameaça, mas em dois universos distintos, um civil e um militar. Os construtores aéreos desenvolveram pesquisas visando melhorar a segurança, mas apenas para os passageiros e tripulantes: de fato, tornou-se raro um desvio de avião acabar mal. Paralelamente, o exército havia desenvolvido sistemas de defesa antimísseis. Mas as duas providências não se encontraram. Nunca se cogitou, seriamente, que um avião civil de passageiros pudesse se transformar em míssil de destruição em massa[3].
A segurança se inspira na organização taylorista do trabalho em usina. A organização do céu segue o modelo experimentado – de linhas e intervalos horários - que os engenheiros de comunicação implantaram há dois séculos. No desenrolar de cada vôo pululam imprevistos que fogem desse sonho de perfeição: bastou um pedaço de ferro esquecido na pista para derrubar um Concorde... Pensa-se dominar o "fator humano" – quer dizer, o piloto, designado como a fonte maior de acidentes – colocando-lhe as amarras dos regulamentos e envolvendo-o com uma rede de ajudas e vigilâncias informáticas. Como Argos, ele é revestido de uma pele coberta de sensores cada vez mais numerosos, de sondas e outros alarmes; desse modo, como o príncipe de cem olhos do mito grego, ele deveria ver tudo. Mas, às vezes, o resultado é o inverso: o excesso de segurança pode embotar seu espírito crítico. É o que indicam também as observações sobre a segurança rodoviária: dirigir carros torna-se tão confortável e tranqüilo, que a vigilância do motorista é embotada. E Argos, adormecido, pode ser atingido.

A mercantilização do cotidiano

De modo mais amplo, para nosso futuro cotidiano, os discursos de acompanhamento do progresso continuam sendo enunciados truncados, que negam conflitos entre visões do mundo e entre interesses. A perfeição técnica é apenas um belo conto infantil, porque a carapaça de invulnerabilidade com que pretende nos envolver está esburacada por imperfeições. Não se trata, aqui, de contestar a competência e a seriedade dos idealizadores nem a qualidade de suas criações. Esforços consideráveis são mesmo empreendidos periodicamente pelos centros de estudo para integrar o ponto de vista dos destinatários do desenvolvimento técnico. Mas ainda estamos muito longe do que seria desejável: a "co-invenção" de cada aplicação técnica importante por seus futuros usuários.
O totalmente-digital reforça a dinâmica dominante: mercantilização do cotidiano, divisão social e desigualdades planetárias que se aprofundam de forma extrema. Um abismo cultural se cava entre os idealizadores da modernidade e as populações. A caminho da felicidade tecno-mercadológica como única cultura mundial, perdemos nossas raízes culturais. Convocados a nos comportar como máquinas perfeitas, dialogando com outros autômatos, não sabemos mais o que é próprio do homem. Estamos ameaçados em nossa própria humanidade!

1 Ler, de Victor Scardigli, Marina Maestrutti e Jean-François Poltorak, Comment naissent les avions. Ethnologie des pilotes d’essai, ed. L’Harmattan, Paris, 2000.
2 Ler, de Caroline Moricot, Des avions et des ailes. Socio-anthropologie des pilotes de ligne face à l’automatisation des avions, ed. Septentrion, Paris, 1997.
3 Foi preciso o atentado contra o World Trade Center para que aflorasse um outro perigo, cuidadosamente escondido, ainda que mencionado num estudo sobres riscos, e que permaneceu confidencial: os centros nucleares são estudados para resistirem aos tremores de terra, mas não aos ataques aéreos. Enquanto se dá uma atenção extrema ao "fator humano de acidente nuclear" - isto é, às falhas dos operadores que fiscalizam o processo de geração de eletricidade –, nada é previsto contra um pequeno avião que, por acidente ou voluntariamente, se choque, por exemplo, contra o centro de tratamento de La Hague, o que provocaria uma contaminação do planeta equivalente a sessenta vezes a de Chernobil…

Fonte: ComCiência, Revista Eletrônica de Jornalismo Científico.

Darwin e Popper: enganos, retratação, reconciliação

Artigo de Sergio Danilo Pena, Professor Titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais

Colunista discute como um dos maiores filósofos da ciência do século 20 via o darwinismo.

Na coluna de janeiro o foco foi Charles Darwin, super-herói científico. Ao discutir sua teoria evolucionária, citei o capítulo 4 da Origem das espécies , no qual ele define seleção natural. Pois bem, tenho de confessar um pecadilho de omissão: minha citação estava incompleta. Deveria ter sido assim: “A essa preservação de diferenças e variações, e eliminação daquelas que são injuriosas, chamei Seleção Natural ou Sobrevivência dos mais Aptos ” (em inglês, Survival of the Fittest ). Por que omiti propositadamente essa partezinha final (em itálico)?
Bem, em primeiro lugar, a expressão “sobrevivência dos mais aptos” não é de Darwin, tendo sido cunhada em 1857, dois anos antes da publicação da Origem das espécies , pelo filósofo e teorista político Herbert Spencer (1820-1903). Spencer foi responsável pela criação do que mais tarde veio a ser chamado de “darwinismo social”. Esse movimento – que tinha muito pouco a ver com Darwin e não foi endossado por ele – tratava sociedades humanas como sistemas que evoluem por competição entre indivíduos, grupos e nações.
Um dos seus maiores proponentes foi o biólogo alemão Ernst Haeckel (1834-1919), que acabou fornecendo a base “científica” para o infame movimento nazista. Por isso, a expressão “sobrevivência dos mais aptos” tornou-se meio maldita. Aliás, vale a pena mencionar que Darwin usou-a na Origem das espécies só por insistência de seu colega evolucionista Alfred Wallace (1823-1913), que temia que o termo “seleção natural” levasse alguém a postular a necessidade de alguma divindade para fazer a seleção. As carreiras e os pensamentos de Haeckel e Wallace serão apresentados com mais detalhe em colunas futuras.
O segundo motivo para a minha omissão foi que o enunciado da seleção natural em termos de “sobrevivência dos mais aptos” traz consigo um quebra-cabeça: como definir quem é o mais apto? A resposta dada pelos geneticistas quantitativos da primeira metade do século 20 foi: através da própria sobrevivência (aqui entendida como sobrevivência evolucionária, ou seja, a capacidade de se reproduzir e transmitir genes a gerações subseqüentes). Só que “sobrevivência dos mais aptos” torna-se então “sobrevivência de quem sobrevive”, um argumento circular, uma tautologia.

A polêmica de Popper

Esse problema foi percebido por vários pensadores, inclusive pelo austríaco Karl Popper (1902-1994), o mais famoso e influente filósofo da ciência no século 20, que escreveu: “Cheguei à conclusão de que o darwinismo não é uma teoria científica testável, mas sim um programa metafísico de pesquisa”. Dizem alguns filósofos que a intenção de Popper com essa afirmativa não era ofender ninguém. A verdade é que, alguns anos mais tarde, em sua aula inaugural no Colégio Darwin da Universidade de Cambridge (clique aqui para acesso ao conteúdo), ele disse: “Mudei de idéia a respeito da testabilidade e status lógico da teoria da seleção natural e estou contente de ter a oportunidade de fazer uma retratação”.
Sir Karl Popper (1902-1994), um dos mais influentes filósofos da ciência no século 20. Ele é famoso por ter rejeitado o método indutivo e por ter estabelecido a falsificabilidade como critério demarcativo para distinguir ciência da não-ciência. Popper é conhecido também pela sua vigorosa defesa filosófica da democracia liberal. Ele inicialmente rejeitou a seleção natural como princípio científico, mas se retratou publicamente mais tarde.
O que levou Popper a se retratar em 1977? Naquela altura do campeonato já havia a clara percepção do erro de definir “o mais apto” apenas como “o que sobrevive”. O que acontece é que, em cálculos de genética quantitativa, a “aptidão” é sempre medida pelo número de descendentes. Mas é um erro sério confundir o significado de um termo com a maneira de medi-lo.
Vejamos uma analogia: postula-se a existência de uma qualidade humana chamada “inteligência”, medida quantitativamente pelo teste de QI. Mas há muito mais dimensões no termo “inteligência” do que um teste de QI se propõe a quantificar, tais como a capacidade de apreender e organizar dados, capacidade de resolver problemas e empenhar-se em processos de pensamento abstrato etc.
Da mesma maneira, há muito mais envolvido em ser o mais apto do que simplesmente a sobrevivência evolucionária (veja aqui um belo artigo de Stephen Jay Gould sobre esse assunto). Popper inicialmente aceitou a caracterização quantitativa de alguns geneticistas como se fosse uma definição e embarcou em uma canoa furada!
Façamos um pequeno parêntese para relembrar um ponto fundamental. A evolução por seleção natural depende de dois processos distintos: a geração aleatória de diversidade (“o acaso”) e a persistência evolucionária dos indivíduos mais adaptados (“a necessidade”). Como colocou brilhantemente meu guru Stephen Jay Gould , “a variabilidade propõe, a seleção natural dispõe”.

Um segundo engano de Popper?

Pois bem, no capítulo 15 do seu famoso livro Conjectures and refutations: the growth of scientific knowledge , Popper escreveu (minha tradução): “O método através do qual se procura uma solução é geralmente o mesmo; é o método da tentativa e erro . Este, fundamentalmente, também é o método usado por organismos vivos no processo de adaptação”. Em minha opinião, Popper cometeu aqui um segundo engano evolucionário.
Pelo já exposto acima podemos ver que a evolução por seleção natural não ocorre por tentativa e erro e sim por erro e tentativa ! Afinal, a geração de variabilidade por mutações (“o erro”) vem primeiro, sendo então seguido pela seleção natural (“a tentativa”). Pode parecer que estou fazendo joguinho de palavras e discutindo quantos anjos dançam na ponta de um alfinete, mas a verdade é que a diferença é grande. Vejamos alguns exemplos.
Linus Pauling, o mais ilustre químico do século 20. Ele estabeleceu as bases quânticas das ligações químicas (pelo que ganhou o Nobel de Química em 1954). Além disso, descobriu as duas estruturas secundárias principais das proteínas (alfa-hélice e estrutura beta-pregueada) e mostrou que a anemia falciforme era uma doença molecular causada por uma troca de aminoácidos na hemoglobina. Em 1953 Pauling perdeu por pouco a corrida para desvendar a estrutura molecular do DNA. Em 1962 ganhou um segundo Nobel, desta vez da Paz, por seu ativismo contra a proliferação nuclear.
Perante um problema científico, nós, meros mortais, tentamos ter uma boa idéia que nos leve a uma solução. Este constitui o método ortodoxo de tentativa e erro – exatamente o que Popper estava discutindo. Por outro lado, quando perguntaram ao genial químico americano Linus Pauling (1901-1994) como ele tinha tantas boas idéias, ele respondeu: “A maneira de ter boas idéias é primeiro ter um montão de idéias e depois jogar fora as ruins”. Vejam que a estratégia de Pauling é baseada em duas etapas: (1) criação de diversidade (“tenha um montão de idéias”) e (2) seleção (“jogue fora as idéias ruins”). Em outras palavras, esta é uma tática darwiniana!
O estratagema “Pauling-Darwin” para conseguir boas idéias é generalizável e tem importantes conseqüências práticas. Examinemos como um segundo exemplo hipotético o processo de entrada de alunos na universidade. O procedimento convencional é fazer um exame vestibular e escolher os alunos com melhores notas para admissão. Após o ingresso, a promoção dentro da universidade é fácil, pois o nível de exigência dos cursos é relativamente pequeno. A estratégia darwiniana envolveria admitir um número muito maior de alunos (admitir todos os candidatos ou fazer um vestibular que eliminasse apenas os completamente despreparados) e estabelecer critérios muito rígidos para avanço de um período a outro dentro da universidade.

Popper e Darwin reconciliados

O Livro do Apocalipse da Bíblia fala dos Quatro Cavaleiros: morte, guerra, fome e pestilência. Com os conflitos na Irlanda do Norte, no País Basco, em Ruanda e nos Bálcãs no final do século passado e, após o 11 de setembro, a invasão do Afeganistão e do Iraque no início do século 21, acredito que vamos ter de adicionar pelo menos quatro novos cavaleiros à tropa do Apocalipse: racismo, xenofobia, ódio étnico e intolerância religiosa. Para combater esses novos inimigos da humanidade, precisamos promover na sociedade a valorização da diversidade em todos os seus níveis: nas idéias, nos estilos de vida, na morfologia física, na cor de pele, na orientação sexual, na religião etc.
Foi exatamente isto que propôs Popper em seu livro Sociedade aberta e seus inimigos , uma bem-sucedida incursão na arena da filosofia política. Para Popper, a sociedade aberta é aquela na qual os líderes podem ser depostos sem necessidade de derramamento de sangue, em contraste, por exemplo, com ditaduras totalitárias, em que é necessária uma revolução ou um golpe para se conseguir mudança.
O conceito de sociedade aberta de Popper deriva de sua filosofia da ciência. Uma sociedade aberta tem de ser pluralista e multicultural para se beneficiar do número máximo de diferentes pontos de vista para solução dos problemas. E como ninguém tem conhecimento do que constitui um governo perfeito, a melhor maneira é os governantes estarem prontos a mudar suas políticas, adaptando-as de acordo com as necessidades e com as sugestões da população.
Vemos aqui os nossos dois elementos: diversidade e adaptação. Reflexos de Darwin? Certamente! A meu ver, esse modelo da sociedade aberta de Popper – e não a teoria competitiva, elitista e racista de Spencer, Haeckel e Hitler – deve ser entendido como o verdadeiro darwinismo social.
Para terminar esta coluna, transcrevo aqui uma passagem notável de Clarice Lispector sobre o potencial criativo do erro (do livro A paixão segundo G.H.), que me foi enviada pelo amigo e colega do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares da UFMG, Carlos Antônio Brandão:
“E não me esquecer, ao começar o trabalho, de me preparar para errar. Não esquecer que o erro muitas vezes havia se tornado o meu caminho. Todas as vezes em que não dava certo o que eu pensava ou sentia – é que se fazia enfim uma brecha, e, se antes eu tivesse tido coragem já teria entrado por ela. Mas eu sempre tivera medo de delírio e erro. Meu erro, no entanto devia ser o caminho de uma verdade: pois só quando erro é que saio do que conheço e do que entendo. Se a ’verdade‘ fosse aquilo que posso entender – terminaria sendo apenas uma verdade pequena, do meu tamanho. A verdade tem que estar exatamente no que não poderei jamais compreender.”

Fonte: Ciência Hoje On-line, Coluna Deriva Genética.

Programa de ciências e artes para o ensino médio

A Universidade Federal Fluminense (UFF) está com as inscrições abertas para o Programa de ciências e artes para o ensino médio, até o dia 14 de fevereiro.

A UFF oferece 20 vagas para alunos de ensino médio que queiram participar do projeto Kosmos com Ciência e Arte, que tem como objetivo a criação de um espaço de convivência para adolescentes e jovens que possibilite a confluência entre os diversos saberes da ciência, estética e ética.

Por meio desse aprendizado, os alunos poderão adquirir habilidades que permitam inseri-los no mundo digital, do conhecimento e das artes.

Responsável pelo projeto, a professora Gerlinde Teixeira explica que também estão previstas discussões de temas sobre autonomia, liberdade, responsabilidade individual e coletiva fazem parte do programa, propiciando a formação de indivíduos que respeitem a individualidade do outro.

Serão abordados, ainda, o “Estatuto da Criança e do Adolescente” e sua relação com o espaço escolar; problemas relativos ao mercado, ao uso e abuso de drogas e à sexualidade, como gravidez precoce e doenças sexualmente transmissíveis.

Na programação estão incluídos seminários de leitura e discussão de artigos científicos; experimentos simples que explicam fenômenos naturais; participação dos estudantes em aulas de Instrumentação de Ensino de Ciências e Ensino de Biologia (graduação e pós-graduação), como críticos das aulas; passeios em trilhas ecológicas, fortes, museus de ciências, artes e históricos; mesa-redonda “O que É Ser...?” sobre as diversas profissões e com a presença de especialistas; participação como monitores das oficinas de ciências no atendimento às escolas que colaboram com o Espaço UFF de Ciências, dentre várias atividades.

O evento será realizado no Espaço UFF de Ciências, Rua Jansen de Melo, 174, Centro, Niterói, em horário a ser definido com os jovens na primeira reunião.

A entrevista com os inscritos será no dia 6 de março, e os pré-requisitos são: ser aluno do ensino médio de escolas da rede pública, ordem de inscrição e ter disponibilidade de duas manhãs ou duas tardes.

Outras informações e inscrições pelos telefones (21) 2629-9611 e 2629-2313 (de terça a quinta-feira, das 9h às 15h), 9609-0388 e 8231-6658.
(Agência UFF de Notícias)

Fonte: JC e-mail 3204, de 13 de fevereiro de 2007.

Cursos de ilustração científica

As inscrições estão abertas até 14 de março.

Curso Básico de Ilustração de Insetos
As aulas – que visam dar condições e técnicas básicas de grafite para que o aluno possa entendê-las e aplicá-las na ilustração científica voltada para o desenho de insetos – vão acontecer de 16 de março a 29 de junho, de 19h às 22h, às sextas-feiras, com a professora Virgínia Braga.
As matrículas podem ser feitas no site.

Curso de Ilustração Botânica
O objetivo é ensinar a representação gráfica de plantas e paisagens nas técnicas de grafite e nanquim e como montar uma prancha botânica completa. Ministrado pela professora e ilustradora científica Rosa Maria Alves Pereira.
A formação será realizada aos sábados, de 14h às 17h, no período de 17 de março a 24 de novembro.
As matrículas podem ser feitas no site.

Curso de Ilustração Zoológica em Lápis de Cor
Voltado para estudantes e profissionais de Artes, Ciências Biológicas e áreas afins. As aulas serão realizadas de 17 de março a 30 de junho, de 8h30 às 11h30h, aos sábados.
O ilustrador científico e modelista pela Escola de Belas Artes da UFMG, Paulo Henrique Leite de Souza, é o professor do curso.
Matrículas no site.

Curso de Ilustração Paleontológica
O objetivo é oferecer subsídios para a representação gráfica de fósseis da megafauna mineira. Estudiosos das áreas de Geologia, Paleontologia e Ciências Biológicas podem participar das aulas que serão realizadas aos sábados, de 8h30 as 11h30, de 17 de março a 30 de junho, no Laboratório de Paleontologia do Instituto de Geociências - Campus UFMG Pampulha.
A coordenadora do Programa de Extensão em Ilustração Científica, Rosa Maria Alves Pereira, e a doutora em Paleontologia, Karin Elise Bohns Meyer, compõem o corpo docente do curso.
As matrículas podem ser feitas no site.

Mais informações pelo fone (31) 3499-4220.

Fonte: JC e-mail 3204, de 13 de fevereiro de 2007.

13 fevereiro 2007

Literatura científica é setor que mais cresce

Edições são pequenas e atualizadas todo ano. Seu maior inimigo: a cópia

Carlos Marchi escreve para “O Estado de SP”:

Não espere encontrar o livro Paciente Crítico – Diagnóstico e Tratamento, que reúne a experiência de quatro médicos amigos no atendimento de doentes graves no Hospital Sírio-Libanês, em SP, na prateleira de best-sellers de uma badalada livraria.

Apesar disso, em oito meses de carreira, o livro vendeu 1,5 mil exemplares e se destaca na área da literatura científica brasileira, o setor livreiro que mais cresceu nos últimos anos.

De 2004 a 2005, o setor aumentou em 32,9% o número de títulos editados e em 18,2% o de exemplares impressos.

A Câmara Brasileira do Livro (CBL) ainda não fechou os números de 2006, mas o diretor-executivo Armando Antongini diz que os indicadores do primeiro semestre apontam para um novo crescimento, entre 8% e 10%.

Esses números são duplamente promissores: por um lado, atestam a maturidade do pensamento científico brasileiro; por outro, mostram que a produção científica nacional já é capaz de confrontar o pensamento importado que antes imperava aqui e, mais que isso, impor-se na América Latina.

A literatura técnico-científica brasileira começou a ganhar corpo nos anos 60, quando surgiram as primeiras editoras universitárias - a Editora UnB, em 1961, e a Edusp, em 1963.

Gradualmente, o pensamento acadêmico brasileiro, até então alimentado pela produção estrangeira, começou a criar escola própria e a ter produção própria.

Hoje ainda há muitas traduções, mas em várias áreas prevalece uma produção científica genuinamente nacional, que já começa a se aventurar pela América Latina.

Fase de crescimento

A árvore cresceu e deu frutos. Só em 2005, o setor científico, técnico e profissional (CTP, na sigla da Câmara) imprimiu mais de 20 milhões de exemplares, depois dos 17 milhões de 2004;

em 2006, deverão ser contabilizados uns 22 milhões, garante Antongini. Metodologia do Trabalho Científico, uma obra seminal do professor Antônio Joaquim Severino, já vendeu 450 mil exemplares, diz José Xavier Cortez, diretor da Editora Cortez.

As obras de Florestan Fernandes e Milton Santos vendem muitíssimo bem.

Os exemplos surpreendentes se reproduzem. No País das novelas de televisão, O Desafio do Conhecimento, da socióloga Maria Cecília de Souza Minayo, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vai para uma garbosa 10ª edição, frisa Flávio Aderaldo, diretor da Editora Hucitec.

História do Brasil, de Bóris Fausto, lançado há 12 anos, está na 12ª edição, com mais de 100 mil exemplares vendidos, registra Marilena Vizentin, editora-assistente da Edusp. A Importância do Ato de Ler, de Paulo Freire, da Cortez, já vendeu mais de 300 mil exemplares.

Por enquanto, esses números exponenciais refletem apenas o consumo interno, mas algumas editoras começam a desafiar a secular barreira do idioma para semear o pensamento científico brasileiro na América Latina, que até agora vivia mais ou menos como o Brasil de antes dos anos 60: aprendendo ciência em inglês.

A Cortez começou sua saga freqüentando as feiras de Guadalajara e Buenos Aires, as maiores do continente; fez contatos, ofereceu produtos em espanhol e agora vende o pensamento científico brasileiro para México, Colômbia, Porto Rico, Guatemala e até para a Espanha.

“A pequena produção científica da maioria dos países latino-americanos está voltada para áreas muito específicas. Com nossos livros, eles estão deixando de aprender em inglês e recebendo a ciência traduzida, já em espanhol”, observa Cortez.

Ele é um ex-marinheiro, sócio número 19 da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil, entidade-estopim do golpe de 1964, que veio fugido para SP, montou uma banca para vender livros na PUC-SP e acabou editor.

Ciência a conta-gotas

Os livros científicos – sejam de Medicina, Filosofia, Serviço Social, Direito ou Engenharia – quase nunca têm capas atraentes.

Em geral, as edições têm entre 1,5 mil e 3 mil exemplares; e nem poderiam ser maiores, porque as atualizações periódicas são obrigatórias. Em alguns setores, como Medicina e Arquitetura, devem, obrigatoriamente, ser bem ilustrados.

Raramente são postos à venda em livrarias tradicionais; eles são vendidos em quiosques de universidades, em eventos e congressos, via encomenda de livrarias, por reembolso postal e, mais recentemente, pela internet.

Os lançamentos ocorrem, de preferência, no início de anos letivos, épocas mais atrativas aos compradores potenciais, e não às vésperas do Natal, como acontece com as obras gerais.

Entre eles, o best-seller não é o que vende milhares de exemplares na largada, mas o que sai regularmente - algo como 2 mil a 3 mil exemplares por ano. As editoras do setor são, em geral, fundadas por velhos cultores do pensamento científico, não raro esquerdistas tradicionais.

Vibram com o que fazem: “Isso é que é livro!”, brada Aderaldo, ao mencionar seus lançamentos históricos - Formação da Literatura Brasileira, de Antonio Cândido, e Formação Econômica do Brasil, de Celso Furtado.

Os editores estão satisfeitos com o surgimento continuado de novos autores. Mas se queixam de dois grandes adversários que enfrentam em seu dia-a-dia.

Um é a ausência de uma política oficial de incentivo ao livro CTP, principalmente para estimular exportações. Quem se aventurar no mercado externo vai ter de navegar sozinho ou se agrupar com parceiros, como fez a Cortez.

Outro é o mais letal inimigo - a famigerada cópia xerográfica, horror dos autores e editores. “O livro científico é o que mais sofre com os efeitos da pirataria”, diz Antongini, “embora não devesse, porque é consumido nos escalões mais cultos”.

Os sinais se avolumam: o quiosque na PUC-SP em que o ex-marinheiro Cortez começou a vender livros científicos nos anos 60 virou uma livraria tempos depois. Mas fechou há anos e, em seu lugar, instalou-se justamente o inimigo: uma loja de cópias xerográficas.

Editoras técnicas começaram em plena ditadura

As editoras de livros científicos cresceram no regime militar, época não muito propícia à edição de livros sobre Filosofia e Ciências Políticas, embora editoras como a Civilização Brasileira tenham sido dizimadas. A Hucitec sobreviveu.

Quando a censura caiu sobre a revista “Debate & Crítica”, Aderaldo mandou imprimir cinco mil exemplares de Que fazer?, de Lenin. Em menos de um mês os cinco mil números evaporaram. As livrarias pediram nova edição, mas Aderaldo não correu riscos. Hoje, se arrisca pelo desafio de disseminar fundamentos científicos.

Brevemente, na nova coleção de arquitetura e vida urbana, lançará De Architectura, de Marcus Vitruvio Pollio, traduzido diretamente do latim, e De re aedificatoria, de Leon Battista Alberti - as obras que conceituam a arquitetura moderna e que inspiraram o Renascimento italiano.

(O Estado de SP, 11/2)

Fonte: JC e-mail 3203, de 12 de fevereiro de 2007.

12 fevereiro 2007

Mudança de clima

Artigo de Marcelo Leite.
Doutor em Ciências Sociais pela Unicamp, autor do livro paradidático "Pantanal, Mosaico das Águas" (Editora Ática) e responsável pelo blog Ciência em Dia.

Inequivocamente, mudou o clima em relação ao aquecimento global. Caiu na boca do povo, como se diz. Muita gente falando de como o verão está quente "por causa do buraco do ozônio"... quando o coitado não tem nada a ver com a história.
Até o diligente Senado Federal brasileiro estuda criar uma subcomissão sobre aquecimento global (que pode ser entregue ao ex-presidente Fernando Collor) e uma Comissão Permanente de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática. Também na Câmara dos Deputados ocorreram na semana que passou vários movimentos em torno da constelação ciência-ambiente. E não parece que tenham sido só para honrar faturas políticas emitidas durante a eleição para as presidências das duas Casas, quer dizer, acomodar correligionários e eleitores. O presidente Lula se pôs a falar sobre mudança climática, depois de ter silenciado sobre temas ambientais no famigerado PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O chanceler Celso Amorim, igualmente, descobriu a Amazônia. Ambos sob o prisma gasto do conflito Norte-Sul, mas vá lá.
Tudo isso tem alguma coisa a ver com a divulgação em Paris, há nove dias, da base científica do quarto relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima). Um milhar de jornalistas acorreu à Cidade Luz, que apagou a Torre Eiffel por alguns minutos, um gesto em respeito ao clima do planeta. A súmula produzida por centenas de pesquisadores e delegados de dezenas de países, sob a bandeira da ONU, disse que o aquecimento global é inequívoco. E que a responsabilidade cabe à espécie humana, com mais de 90% de certeza.
A popularização do tema tem muito a ver com o circo de Paris, sim, mas falta alguma coisa. Para quem descobriu o assunto há 18 anos, em 1988 (ano em que a Amazônia ardeu e Chico Mendes foi morto), chega a ser frustrante. Não dá para entender. Toneladas de tinta foram jogadas no papel, por duas décadas, para mostrar ao público o que acontecia. Uma pequena parte, certo, para tentar provar que nada estava acontecendo. Só caíram nessa os cínicos fantasiados de céticos e os jornalistas americanos acometidos de equilibrismo, doença infantil do pluralismo.
Como tudo que é complicado e chato, o aquecimento global entrava por um ouvido do público e saía pelo outro. Não havia armas fumegantes. Agora vem o IPCC, pronuncia a palavra "inequívoco", e todo mundo sai esbaforido gritando que o mundo vai acabar amanhã -quer dizer, em 2100. Não é nada disso. O mundo não vai acabar amanhã nem em 2100. Só está esquentando, devagar, há tempos. Desde 1850. E por causa de leis da física que valem tanto quanto a da gravidade. Só que ninguém dava ouvidos aos ecochatos, nerds e inimigos do desenvolvimento econômico.
Será tudo culpa -ou mérito- de Al Gore? O documentário por ele estrelado, "Uma Verdade Inconveniente", decerto terá exercido alguma influência. Pouca. Em São Paulo foi exibido em salas minúsculas, que nem chegavam a lotar com os pré-convertidos que aplaudiam no final a confirmação do que já pensavam. Verões e invernos esquisitos, no sul e no norte do globo, tampouco se qualificam como arma fumegante da mudança do clima sobre o clima. Houve outros, mesmo neste breve século 21, sem que ninguém sentisse calores. Onda de calor na Europa? O tsunami não, embora alguns achem que sim. Katrina e Catarina, talvez. A seca na Amazônia. Quem sabe o urso polar, sem gelo para pisar no Ártico. Sei lá.

Fonte: Folha de SP, Mais!, 11/02/2007. (Folha de SP, para assinantes.)

Terra quente

Artigo de Marcelo Gleiser.
Professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA) e autor do livro "A Harmonia do Mundo"
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Quem vai pagar o preço daquilo que fizemos são as futuras gerações

Após seis anos de novos estudos, saiu o relatório do Painel Intergovernamental de Mudança Climática, o IPCC. Como ocorre em questões científicas complexas, e o estudo do clima é certamente extremamente complexo, o conhecimento vai sendo agregado aos poucos, a medida que dados mais abrangentes vão sendo coletados e modelos matemáticos mais sofisticados vão sendo desenvolvidos e testados.
Pela primeira vez, os membros do IPCC, um órgão internacional com centenas de cientistas e técnicos do mundo inteiro, foi bastante claro com relação à questão do aquecimento global. E, como o leitor deve ter ouvido na última semana, as novas sobre o assunto não são boas. Ninguém discute mais que a temperatura global está gradualmente aumentando: a última década foi de longe a mais quente dos últimos 150 anos.
A discussão mais recente e urgente concentrava-se nas causas desse aumento. São elas resultado de fatores naturais, como a ação do Sol ou da emissão de gases do interior terrestre, ou da poluição atmosférica causada pela industrialização da sociedade? No decorrer da sua história, a Terra passou por uma série de eras mais frias e mais quentes. Antes de 1500, os efeitos da civilização no clima eram desprezíveis. Para provar que o aquecimento atual é culpa dos homens e não da natureza, é necessário separar os efeitos dos dois agentes, o que não é nada fácil. Mas foi feito.
A história climática da Terra está registrada no gelo das calotas polares. Como o gelo é depositado ano após ano, é possível medir sua espessura e, analisando sua composição, determinar a concentração dos vários gases presentes na atmosfera ao longo dos anos, como o dióxido de carbono (CO2) e o metano. Os dados comparam o número de moléculas dos gases com as moléculas de ar puro numa amostra. O que ficou determinado é que, em 2005, a concentração de CO2 era de 379 ppm (partes por milhão) Ou seja, para cada milhão de moléculas de ar, 379 eram de CO2. Nos últimos 650 mil anos de história, a concentração variou entre 180 ppm e 300 ppm. Fora isso, o crescimento foi mais acelerado nos últimos dez anos do que em qualquer outro período. Esse aumento da concentração é devido ao uso de combustíveis fósseis -como o carvão e a gasolina- e à queima de madeira para clarear florestas e para gerar calor e energia. A concentração de metano também aumentou principalmente pela ação humana.
O parecer do painel é claro: a melhora na compreensão dos dados e dos modelos de variação climática, leva à conclusão de que com confiança estimada em 90% o aquecimento global observado é causado pela ação humana. Quem gosta de apostar, ou de jogar na bolsa ou no bicho, sabe muito bem que uma aposta com 90% de margem é segura. Portanto, o tal "debate" sobre as causas do aquecimento global também está encerrado. A culpa é nossa mesmo. (Detalhes no endereço www.ipcc.ch/SPM2feb07.pdf) Quais as conseqüências desse aquecimento? Os efeitos variam dependendo da região. Mas pode-se esperar ondas de calor e tempestades mais violentas e freqüentes; secas mais longas; aumento do nível do mar, que, no século 20, já foi de 17 cm; aumento da temperatura global entre 2 e 4 graus; maior incidência de furacões. Esse desequilíbrio gerará doenças, emigrações em massa das regiões costeiras, pestes na agricultura etc.
Mesmo se os governos resolverem tomar providências sérias, podemos no máximo diminuir os efeitos do aquecimento. É tarde demais para evitá-los. Deixamos já nossa marca no planeta. E o pior é que quem vai pagar o preço são as futuras gerações.

Fonte: Folha de SP, Mais!, 11/02/2007. (Folha de SP, para assinantes.)

Aquecimento global dá força à tecnologia


Os argumentos favoráveis à retomada dos investimentos em energia nuclear no Brasil ganharam reforço com a divulgação, na semana passada, de novos alertas sobre o aquecimento global

Segundo cálculos do setor, uma usina nuclear emite 100 vezes menos gases do efeito estufa do que usinas a gás natural, por exemplo.

A tecnologia ganhou um aliado de peso após os alertas: o cientista britânico James Lovelock, que ajudou a descobrir que o gás CFC danifica a camada de ozônio.

Lovelock disse que, frente à dificuldade para desenvolver tecnologias mais limpas, a energia nuclear deve ser priorizada em relação a usinas a carvão ou derivados de petróleo.

De acordo com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), uma usina nuclear emite 4 gramas de gás carbônico por quilowatt-hora (kWh) produzido.

Segundo essa conta, um kWh gerado em usinas a gás emite 448 gramas; a óleo, 818 gramas; e a carvão, 955 gramas.

“No curto prazo, o Brasil pode contribuir com a redução do efeito estufa se investir em energia nuclear”, aponta o professor Nivalde de Castro, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ.

Todos concordam que o país deve continuar apostando na energia hidrelétrica, renovável e menos poluente que todas as citadas. Mas a dificuldade em licenciar novos projetos hídricos vem levando o governo a contratar cada vez mais usinas a óleo e a carvão.

“Não queremos competir com as hidrelétricas, mas ser uma alternativa térmica para períodos de menos chuva”, diz o presidente da Cnen, Odair Gonçalves.

Atualmente, a base térmica é responsável por 5% da geração de energia no País. As usinas nucleares de Angra, por 2%. Segundo a Cnen, a energia nuclear poderia atingir 5% a 6% em 2030.

(O Estado de SP, 11/2)


Fonte: JC e-mail 3203, de 12 de fevereiro de 2007.

Novo número da RBGDR

A Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional é uma publicação quadrimestral do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Desenvolvimento Regional da Universidade de Taubaté (SP).

Esta edição de número 1, volume 3, de jan/abr de 2007 contempla vários artigos que tratam de temas relacionados a ciência, tecnologia e desenvolvimento regional. Participam pesquisadores do país e também de Portugal. Vários são os temas abordados como:
planejamento regional na Comunidade Européia, à questões críticas e controversas como biodiversidade e relações sociais na Amazônia e mudanças sociais entre os espaços rural e urbano.

A revista faz parte da lista Qualis da Capes: nacional A na área de Engenharias e nacional C na área Multidisciplinar.

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