Resenha 3: Tradições da pesquisa
Qual foi a criança que nunca pensou em ser um cientista? Pelo menos eu já tive esse desejo. Passei pela fase de colocar fogo em alguns “produtos químicos” e “ver o que aconteceria”, depois tive aqueles momentos em que abria pequenos insetos para saber “como era por dentro” nem era por aquilo que os psicólogos dizem obre crianças que maltratam animais, para mim eu estava fazendo ciência. Pelo mesmo motivo eu também desmontava os meus brinquedos que funcionavam à pilha. Depois fui crescendo e fui deixando a idéia de ser cientista de lado, fui descobrindo que tinha talento para a música, para o desenho e para escrever alguns versos, então decidi deixar de ser cientista.
Meu conceito de ciência e cientista não era diferente da que as outras pessoas tinham ou transmitiam, veja por exemplo o desenho animado chamado “O laboratório de Dexter” Um menino que tinha um laboratório repleto de tubos de ensaios e um maquinário para ele fazer experiência e sua irmã que não entendia nada do que ele fazia e ainda atrapalhava a vida dele, além de um estereotipo de cientista e ciência podemos perceber uma forte discriminação de gênero na ciência. Um outro programa que traz os mesmos conceitos é “O mundo de Beakman” Onde o cientista Beakman fazia suas experiências, auxiliado por Josie e Liza que eram apenas assistentes.
Embora o conceito de ciência tem um caráter temporal e geográfico em nossos dias o mundo das ciências é dividido em ciências naturais, ciências sociais e ciências humanas, Os cientistas naturais visualizam o mundo sem a intervenção do homem, por isso suas pesquisas possuem um caráter mais objetivo por meio de análise quantitativa e observação de fenômenos naturais, físicos ou matemáticos e possuem um enfoque hipotético dedutivo, diferente das ciências naturais, as ciências sociais e humanas não possuem uma única teoria são campos do conhecimento que se valem do uso de outras ciências fazendo com que os métodos de pesquisa variem de acordo com cada campo que se deseja pesquisar.
A dificuldade de se enquadrar os estudos sociais e humanistas no status de ciência faz com que haja dificuldades para angariar financiamento das agencias de fomento fazendo com que os pesquisadores destas áreas trabalhem com pouco ou nenhum recurso financeiro assim a quantidade de pesquisas e publicações ficam sempre abaixo das pesquisas em ciências naturais então os pesquisadores humanistas acabam por possuir um baixo capital cientifico.
Apesar da existência da dicotomia “ciência dura e ciência flexível” Sabemos que na pratica essa regra é questionável pois uma ciência é composta por várias disciplinas e essas podem variar quanto aos seus métodos de pesquisa.
Devido à crença que temos nessa dicotomia, fica quase impossível pensar na possibilidade de comunicação entre as diferentes áreas do conhecimento, mas, a interdisciplinaridade resultante da fusão de varias ciências e a própria flexibilidade ou dureza existente em diferentes campos científicos possibilitam que cientistas sociais pesquisem em algumas áreas onde são realizadas pesquisas em ciências naturais, Tomemos como exemplo a lingüística que é uma disciplina das ciências humanas portanto uma ciência que não traria resultados e impactos imediatos, sendo aplicada em estudos sobre inteligência artificial e sistemas especialistas.
E quanto ao publico leigo? Por que ele possui aquela visão estereotipada de ciência? A resposta pode estar no fato de que os jornais, revistas e outros meios de comunicação em massa divulgar sempre os mesmos temas científicos como tecnologias de comunicação e informação, pesquisas sobre tratamentos de câncer e viagens de astronautas e sondas espaciais. Os dois primeiros temas têm um impacto direto na vida das pessoas em geral, sejam elas cientistas ou não, todos de alguma forma se comunicam usando produtos oriundos de pesquisas em tecnologia da comunicação, todas ela conhecem ou pelo menos de ouvir falar de alguém que faz quimioterapia ou faz uso de AZT. Os programas espaciais aguçam com a curiosidade que todos temos de saber “como é lá em cima” ou se “existe vida” sem falar na questão estética pois os jornais e T.V. sempre traz trazem em suas matérias recheadas de fotografias ou desenho gerados por computador.
Há alguns anos a CNPq lançou algumas propagandas na T.V. apresentando como cientistas pesquisadoras e homens que trabalhavam em áreas do conhecimento pertencentes às ciências sociais e humanas na tentativa de ampliar o conceito de ciência e valorizar o cientista social e humanista, mas parece que para mudar esse quadro é preciso mais que uma campanha publicitária.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial