Mulheres em ciência e tecnologia: ascensão limitada
Mulheres em ciência e tecnologia: ascensão limitada
A representação desproporcional de mulheres em C&T não é um tema novo em ciência e tem sido amplamente abordado na última década. As causas para o problema são complexas e com múltiplas facetas, sejam estas de ordem sócio-cultural, econômica ou cognitiva. No entanto, através de medidas que estimulam o aprendizado de matemática e áreas correlatas em um período precoce do desenvolvimento feminino, assim como políticas de incentivo a jovem cientistas, esta situação tem sido gradativamente revertida. Em 1995, a proporção de mulheres obtendo diplomas em áreas de C&T em instituições americanas atingiu o valor de 46%. Certamente, este valor é uma superestimativa visto que a classificação como ciências pelo National Science Foundation inclui as áreas de psicologia e ciências sociais, onde tradicionalmente a proporção de mulheres sobrepõem-se à proporção de homens. Ainda assim, em 1995 um terço do total de diplomas em física concedidos por instituições americanas foram obtidos por mulheres. Se um número significativo de mulheres são bem sucedidas na obtenção de diplomas em áreas de C&T, porque tão poucas mulheres são encontradas em posições acadêmicas permanentes?
Recentemente, o Conselho de Pesquisa Médica da Suécia financiou um amplo estudo na tentativa de identificar os fatores determinantes deste problema. A publicação dos resultados em 1997 surpreendeu a comunidade científica ao revelar uma forma sutil de discriminação sexual através do mecanismo pelo qual financiamentos de projetos e laboratórios de pesquisas são concedidos. Entre outras estatísticas, o relatório mostrou que para obter suporte financeiro, pesquisadoras devem ser em média 2,2 vezes mais produtivas do que seus colegas do sexo masculino. Como conseqüência, uma série de estudos similares em países europeus como Reino Unido, Finlândia e Dinamarca foram realizados indicando que o problema é bastante generalizado. Mais recentemente, os resultados de uma pesquisa iniciada há 5 anos por um grupo de 15 professoras no Massachussets Institute of Technology (MIT) foram divulgados corroborando as conclusões do grupo sueco. Com a publicação destes dados estatísticos, obtidos por pesquisadores e instituições respeitadas no meio científico, parece difícil justificar a ausência de mulheres em ciência devido à inerente inaptidão feminina para ciências exatas. Contrariamente, as causas parecem resultar da inadequação das estruturas institucionais às quais estas cientistas pertencem.
A grande maioria das publicações relacionadas à representação feminina em áreas de C&T referem-se a estudos realizados em países europeus e norte-americanos e por esta razão os dados estatísticos apresentados neste artigo são representativos de tais países. No Brasil é difícil avaliar a situação devido ao número restrito de publicações na área, a maioria destes publicados anteriormente aos anos 90. Um detalhado estudo publicado por Azevedo et al., baseado em dados do CNPq e FINEP mostrou que em 1988 a mulher representava um terço da força produtora de conhecimento científico no país. Neste mesmo período, a porcentagem de mulheres em C&T variou em torno de 28% excluindo a área de ciências biológicas onde mulheres constituíam 48% dos recursos humanos em ciência e ensino no país. No entanto, apenas 8% e 23% dos consultores científicos da FINEP nas áreas de ciências exatas e ciências biológicas pertenciam ao sexo feminino. Nas engenharias nenhum dos consultores eram do sexo feminino. Atualmente, apenas 29% dos pesquisadores com bolsa de produtividade do CNPq na área de química são do sexo feminino, enquanto que aproximadamente 53% das bolsas de doutorado em química no país pela mesma instituição pertencem ao sexo feminino. Nenhum dos membros do Comitê de Assessoramento de Química do CNPq no presente momento é do sexo feminino.
Apesar do número restrito e pouco acessível de estudos sobre a atuação feminina em áreas de C&T, é razoável supor, com base na observação do número de mulheres ocupando posições permanentes em departamentos de engenharia, matemática, física e química brasileiros, que o Brasil não constitui uma exceção à tendência constatada em outros países.
A proposta deste artigo é meramente estimular a discussão e pesquisas mais aprofundadas sobre a presença feminina em C&T. Quer saber mais? Então consulte: http://www.scielo.br/pdf/qn/v24n2/4292.pdf
A representação desproporcional de mulheres em C&T não é um tema novo em ciência e tem sido amplamente abordado na última década. As causas para o problema são complexas e com múltiplas facetas, sejam estas de ordem sócio-cultural, econômica ou cognitiva. No entanto, através de medidas que estimulam o aprendizado de matemática e áreas correlatas em um período precoce do desenvolvimento feminino, assim como políticas de incentivo a jovem cientistas, esta situação tem sido gradativamente revertida. Em 1995, a proporção de mulheres obtendo diplomas em áreas de C&T em instituições americanas atingiu o valor de 46%. Certamente, este valor é uma superestimativa visto que a classificação como ciências pelo National Science Foundation inclui as áreas de psicologia e ciências sociais, onde tradicionalmente a proporção de mulheres sobrepõem-se à proporção de homens. Ainda assim, em 1995 um terço do total de diplomas em física concedidos por instituições americanas foram obtidos por mulheres. Se um número significativo de mulheres são bem sucedidas na obtenção de diplomas em áreas de C&T, porque tão poucas mulheres são encontradas em posições acadêmicas permanentes?
Recentemente, o Conselho de Pesquisa Médica da Suécia financiou um amplo estudo na tentativa de identificar os fatores determinantes deste problema. A publicação dos resultados em 1997 surpreendeu a comunidade científica ao revelar uma forma sutil de discriminação sexual através do mecanismo pelo qual financiamentos de projetos e laboratórios de pesquisas são concedidos. Entre outras estatísticas, o relatório mostrou que para obter suporte financeiro, pesquisadoras devem ser em média 2,2 vezes mais produtivas do que seus colegas do sexo masculino. Como conseqüência, uma série de estudos similares em países europeus como Reino Unido, Finlândia e Dinamarca foram realizados indicando que o problema é bastante generalizado. Mais recentemente, os resultados de uma pesquisa iniciada há 5 anos por um grupo de 15 professoras no Massachussets Institute of Technology (MIT) foram divulgados corroborando as conclusões do grupo sueco. Com a publicação destes dados estatísticos, obtidos por pesquisadores e instituições respeitadas no meio científico, parece difícil justificar a ausência de mulheres em ciência devido à inerente inaptidão feminina para ciências exatas. Contrariamente, as causas parecem resultar da inadequação das estruturas institucionais às quais estas cientistas pertencem.
A grande maioria das publicações relacionadas à representação feminina em áreas de C&T referem-se a estudos realizados em países europeus e norte-americanos e por esta razão os dados estatísticos apresentados neste artigo são representativos de tais países. No Brasil é difícil avaliar a situação devido ao número restrito de publicações na área, a maioria destes publicados anteriormente aos anos 90. Um detalhado estudo publicado por Azevedo et al., baseado em dados do CNPq e FINEP mostrou que em 1988 a mulher representava um terço da força produtora de conhecimento científico no país. Neste mesmo período, a porcentagem de mulheres em C&T variou em torno de 28% excluindo a área de ciências biológicas onde mulheres constituíam 48% dos recursos humanos em ciência e ensino no país. No entanto, apenas 8% e 23% dos consultores científicos da FINEP nas áreas de ciências exatas e ciências biológicas pertenciam ao sexo feminino. Nas engenharias nenhum dos consultores eram do sexo feminino. Atualmente, apenas 29% dos pesquisadores com bolsa de produtividade do CNPq na área de química são do sexo feminino, enquanto que aproximadamente 53% das bolsas de doutorado em química no país pela mesma instituição pertencem ao sexo feminino. Nenhum dos membros do Comitê de Assessoramento de Química do CNPq no presente momento é do sexo feminino.
Apesar do número restrito e pouco acessível de estudos sobre a atuação feminina em áreas de C&T, é razoável supor, com base na observação do número de mulheres ocupando posições permanentes em departamentos de engenharia, matemática, física e química brasileiros, que o Brasil não constitui uma exceção à tendência constatada em outros países.
A proposta deste artigo é meramente estimular a discussão e pesquisas mais aprofundadas sobre a presença feminina em C&T. Quer saber mais? Então consulte: http://www.scielo.br/pdf/qn/v24n2/4292.pdf
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