16 outubro 2006

Quando medicina e literatura se encontram

Moacyr Scliar, membro da Academia Brasileira de Letras e professor da Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre, dá exemplos de obras clássicas que podem ser usados em uma abordagem científica.

16/10/2006

Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro

Agência FAPESP - “É preciso eliminar as barreiras entre ciência e arte e entre saúde e literatura. Como médicos e cientistas, podemos aprender tanto nos livros de ficção quanto nos manuais de medicina”, disse o escritor gaúcho Moacyr Scliar, em conferência no Simpósio Ciência e Arte 2006, realizado na semana passada no Rio de Janeiro.

Membro da Academia Brasileira de Letras, Scliar é também médico, graduado em 1962 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com especialização em saúde pública, além de professor visitante nas universidades Brown e do Texas, nos Estados Unidos.

“A despeito dos avanços da neurociência, ainda não conseguimos descobrir a origem da criatividade. Porém, sabe-se que o processo criativo se dá da mesma maneira, tanto na arte quanto na ciência”, disse o também professor da Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre.

Scliar citou alguns exemplos literários que podem ser usados em uma abordagem científica, como A morte de Ivan Ilitch, do russo Liev Tolstoi (1828-1910), que conta a história de um homem à beira da morte e sua relação com médicos. Na literatura brasileira, ele cita O alienista, de Machado de Assis, que considera “o melhor romance escrito sobre o poder médico”.

Outra obra que pode exemplificar, segundo ele, a estreita relação entre literatura e saúde, é A montanha mágica (1924), romance do alemão Thomas Mann que se passa em um sanatório de tuberculosos. “O livro tem a ver diretamente com a prática médica”, observou Scliar.

O francês Moliére é, para Scliar, outra referência. “A peça O doente imaginário satiriza a medicina no século 17, a qual o autor conhecia bem, pois sofria de tuberculose”, disse.

Scliar é autor de mais de 30 livros, entre os quais A guerra do bom fim (1972), O centauro no jardim (1980), A orelha de Van Gogh (1988) e A mulher que escreveu a Bíblia (1999).

Tem também diversas obras em que estão destacadas suas experiências com a medicina, de Histórias de um médico em formação (1962), seu primeiro, ao recente O olhar médico: crônicas de medicina e saúde (2005). É autor de Oswaldo Cruz: entre micróbios e barricadas, biografia do cientista e sanitarista.

Fonte: Agência FAPESP, 16/10/2006.

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