25 abril 2007

MEADOWS, A. J. A comunicação científica. Brasília, DF: Briquet de Lemos Livros, 1999.

Em seu primeiro capitulo, Mudança e Crescimento Meadows descreve o advento da comunicação cientifica e seus impactos para o desenvolvimento da ciência. Este capítulo pode ser dividido em três partes distintas, mas nem por isso isoladas, através de seus subtópicos. Estas partes serão aqui denominadas de “O invento da comunicação cientifica”, “As revistas científicas” e “O profissional pesquisador”.
Na primeira parte do texto, o autor descreve a evolução da comunicação cientifica, pensando que as mudanças ocorreram de diversas formas, o trabalho que antes era comunicado oralmente ou por meio de cartas individuais, se transformou, após o invento da imprensa, em publicação impressa, esta, teve seu inicio no formato de livros. Enquanto o número de pesquisas desenvolvidas era pequeno a publicação por livro fazia sentido, visto que os pesquisadores a quem estes livros deveriam chegar eram poucos. Porém, quando o numero de pesquisar foi aumentando e se especializando, os resultados obtidos precisavam ser divulgados de forma mais rápida, assim surgiram os periódicos científicos, que visam divulgar “pedaços” pequenos de pesquisas maiores, numa velocidade maior e (teoricamente) num custo mais baixo que a impressão de um livro.
A segunda parte do texto, dedicada a revista cientifica, propõe descrever as principais características da revista científica. Começando pela estrutura do artigo cientifico, Meadows destaca que a padronização das partes componentes (como resumo, introdução, bibliografia) de um artigo de revista cientifica ajuda a compreender melhor quais são as partes da pesquisa publicada e proporciona maior facilidade de leitura do pesquisador-leitor que lê o mesmo. Também nesta seção é abordado o efeito do aumento no número de pesquisas a serem divulgadas, como o aumento no numero de revistas cientificas em circulação e o aumento do numero de páginas que cada revista publica. Este aumento, é justificado pelo autor como decorrente da especialização pela qual a ciência vem passando, quanto mais a pesquisa se torna especializada, mais ela precisa de mãos-de-obra que possam produzir conhecimento a esse respeito, quanto mais a mão-de-obra produz, mais ela precisa de periódicos científicos especializados para publicar.
Na terceira parte do texto, são abordados aspectos da profissionalização da pesquisa. Esta profissionalização é tida como o processo pelo qual a pesquisa se tornou a principal atividade desenvolvida por uma pessoa. Esta profissionalização está intimamente ligada com a criação dos cursos de doutorado, que produz pessoas especializadas em constituir pesquisas cientificas. A profissionalização também esbarra na questão do amadorismo, onde segundo o autor, nas áreas de ciências exatas e biológicas, onde são necessários laboratórios e equipamentos caros, é praticamente impossível que existam pesquisas feitas por amadores, já nas áreas de observação e de ciências humanas e sociais, o fato de a metodologia de pesquisa ser de natureza diferenciada, e, portanto, fácil de ser compreendida e aplicada causa um número maior de pesquisas elaboradas por amadores, e isso não influencia tanto a qualidade da pesquisa como nas ciências exatas e biológicas. Ainda nesta ultima parte do capitulo, o autor abordado efeito que o desenvolvimento das tecnologias de informação proporcionou na comunicação cientifica. Este incremento, esta mudança se dá desde o processamento de catálogos de bibliotecas até a informatização dos próprios periódicos e seu sucesso se deve principalmente ao fato de que os periódicos on-line são mais econômicos do ponto de vista da produção, uma vez que o numero de artigos presente no periódico impresso era determinado pelo numero de páginas que o mesmo podia possuir.
No segundo capitulo do livro, intitulado Tradições de Pesquisa, Meadows encaminha sua discussão para a análise das diferenças entre os processos de comunicação cientifica e a área do conhecimento onde as pesquisas são desenvolvidas. Para isso o autor estabelece primeiro uma diferenciação entre as diferentes disciplinas que são alvo de estudo e de publicações. As bases para as diferenciações entre as ciências foram evoluindo ao longo de séculos, sendo que de inicio, apenas as disciplinas cujos resultados eram alcançados através de comprovação matemática. A evolução deste quadro se fez através das idéias baconianas de que qualquer conhecimento produzido com base em estudos empíricos de observação e experimentação poderiam ser considerados científicos. As várias matérias que compõe um quadro de ciência se modificam de acordo com seu objeto de pesquisa, e muitas, vezes, a adaptação a novos objetos e novos métodos acaba gerando novas disciplinas. Estes processos de geração de novas disciplinas são categorizados por Meadows como desenvolvimento por especialização, por brotamento e por fusão.
Depois de desenvolvidas as novas disciplinas, para que sejam feitas pesquisas em seu bojo, é necessária, por parte da comunidade acadêmica em questão, a definição de quais bases conceituais se utilizarão nos processos de pesquisa. Estas bases conceituais revelam toda sua importância principalmente quando do surgimento de novas hipóteses de trabalho. Surgindo uma hipótese nova, vários cientistas devem ser capazes de testá-la, utilizando-se de bases conceituais em comum. Neste ponto, percebemos que a comunicação cientifica tem um papel fundamental para proporcionar testes de averiguação das hipóteses, visto que os trabalhos científicos são, em geral, auto-explicativos, sendo capazes de dizer ao leitor de quais premissas o autor se utilizou para validar determinada hipótese.
Outro tópico observado pelo autor no mesmo capitulo diz respeito à classificação da ciência, no que diz respeito principalmente nas idéias e conceitos utilizados pelos classificadores para criar as diferenças entre as disciplinas. Estas diferenças entre as disciplinas também influenciam na comunicação, sendo que disciplinas diferentes dão graus de importância diversos aos vários meios de se comunicar com o publico (seja este especializado ou leigo).
No capitulo três, Quem Pesquisa e Com Quais Resultados, Meadows trás a tona sobre os motivos que levam os pesquisadores a pesquisar. Segundo ele, esta questão leva a respostas como a curiosidade intelectual, mas não apenas a isso. A variedade de empregos disponíveis (para as ciências) e a vontade de se tornar professor universitário (para as humanidades) também são fatores quem levam alunos aos cursos de pós-graduação. Para que se possam desenvolver atividades de pós-graduação, os alunos em questão deve ter determinadas habilidades, como a criatividade, por exemplo, pois será exigido deles a produção de novos conhecimentos. Estes conhecimentos produzidos serão, de alguma forma, publicados. O número de publicações que um pesquisador possui pode ser uma forma de avaliar sua produtividade em pesquisa, porem esta forma pode esconder uma armadilha: a relevância. Assim, Meadows questiona como se poderia saber o grau de relevância que uma obra tem para o conjunto cientifico. A oposição qualidade versus quantidade tem tomado um grande espaço nas discussões sobre ciência e passam por questões como a importância do cientista para a área e da idade que os cientistas tem até chegar na constituição das comunidades cientificas e na publicação em colaboração.
No quarto capitulo, denominado Canais da Comunicação Cientifica, o autor analisa os vários meios de comunicação, mas do ponto de vista da leitura, visando perceber quais os canais mais vantajosos para que o cientista publique suas pesquisas. A questão da facilidade de leitura é enfocada, ressaltando que a apreensão do conhecimento se deve à forma como o texto é escrito e ao conhecimento anterior demonstrado pelo leitor. O projeto gráfico do texto, teria, neste caso, um papel fundamental no aprendizado, sendo que o tamanho das frases, a utilização de gráficos e tabelas são grandes auxiliares da leitura. O ato de leitura também compreende uma postura critica do leitor que trás seus conhecimentos anteriores para o texto, de forma que geralmente ele busca informações especificas sobre o mesmo.
Duas instituições desenvolvem um papel fundamental na disseminação de informações para leitura: as editoras e as bibliotecas. As editoras são responsáveis por três etapas principais, a saber: entrar em contato com pesquisadores para obter material de publicação, segundo, diagramar e imprimir o material a ser publicado, e por ultimo, divulgar o material. As bibliotecas ocupam o segundo lugar na disseminação de informação pois são responsáveis pelas assinaturas de diversos periódicos e pela compra de grandes volumes de livros.
Outro meio utilizado para a divulgação de informações na ciência é a comunicação oral, porem esta apresenta mais dificuldades para ser assimilada do que a informação impressa. Isto por que não se pode, com a informação oral, fazer anotações nas margens das páginas, por exemplo. Este tipo de comunicação geralmente é feita em congressos e conferencias, e uma alternativa que pode ajudar no processo de compreensão das informações divulgadas ali é a produção de anais e de resumos de eventos.
No capítulo cinco, Tornando Publicas as Pesquisas, Meadows vai abordar os tipos de publicação que são produzidas, as formas da escrita de publicação, as formas da escrita cientifica, os processos de avaliação do trabalho cientifico, todos aspectos abordados em outros capítulos do texto, além da finalização do capitulo recorrendo às mudanças impostas pela utilização em larga escala da informação eletrônica. Se podemos fazer, neste ponto, uma critica ao trabalho de Meadows está se dá na redundância de informações, sendo que os capítulos apresentam sempre as mesmas premissas e pouca variabilidade no enfoque proposto para a diferenciação das mesmas.
O sexto e ultimo capitulo do livro, Pesquisando sobre Pesquisas, um dos poucos a apresentar propostas novas de conteúdo, trabalha os conceitos de recuperação das informações divulgadas. Abordando aqui a importância da correta representação dos documentos, Meadows diz que o fato de que o pesquisador muitas vezes não sabe o que precisa realmente dificulta o processo de recuperação destas informações. Ainda neste capitulo, percebemos que as várias formas de se manter informado podem variar de cientista para cientista, havendo aqueles que preferem consultar periódicos de resumos e índices, material inédito obtido com colegas, acompanhas as citações de artigos.
Andreia Beatriz Pereira. RS 247243

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