Ciência “é notícia em jornais populares”
A ciência ocupa espaço privilegiado em jornais brasileiros populares, juntamente com futebol, crime e fofoca, mostra estudo.
A jornalista especializada em ciência Luisa Massarani escreve para SciDev.Net:
A ciência ocupa um espaço privilegiado em jornais brasileiros destinados a classes sociais mais baixas (C, D e E), juntamente com notícias sobre futebol, violência e fofoca, de acordo com os resultados de um estudo divulgados esta semana (26 de março).
Os jornais analisados foram Extra – um dos jornais brasileiro de maior circulação dominical, com tiragem de 428 mil – e O Dia, com 238 mil cópias no domingo.
A pesquisa foi realizada pelo jornalista científico Wagner Barbosa de Oliveira, em sua dissertação de mestrado no Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal de Rio de Janeiro.
Ele que observou que 73,8 % dos dias investigados em um período de seis meses entre 2005 e 2006 veicularam notícias de ciência.
Além disso, 86% das notícias sobre temas de ciência ocuparam a parte superior ou central da página, considerados nobres no espaço jornalístico.
Os temas de saúde foram os preferidos para os jornalistas, com 54,2% do total dos textos sobre esta área de conhecimento. Apenas três em cada 10 textos trataram de temas relacionados a pesquisas realizadas no país.
Um dado interessante observado por Oliveira foi a presença alta de fontes consideradas confiáveis.
"Um terço dos textos mencionaram explicitamente universidades e centros de pesquisa como fonte; as revistas científicas peer-review, inclusive em inglês, são mencionadas por 13,9% dos textos", afirmou Oliveira a SciDev.Net.
Entre as críticas que Oliveira faz à cobertura de ciência nestes diários estão a carga importante de sensacionalismo e o fato de a ciência é, em muitos dos textos, apresentada como se fosse uma 'verdade estabelecida' – ainda que jornais de elite também tragam estas características.
O estudo mostrou que os cientistas não escrevem para estes jornais. "Isto é uma expressão da pouca importância – do meu ponto de vista equivocada – que os cientistas dão a jornais populares, sem se dar conta de que as classes C, D e E representam 80% da população do país", afirmou.
Segundo Oliveira, que trabalha na Fundação Oswaldo Cruz, uma atuação maior dos cientistas nestes setores da imprensa poderia permitir difundir mais na população a imagem de que a atividade científica é um elemento importante para o desenvolvimento do país.
De acordo com Oliveira, a principal motivação do estudo foi o fato de que os meios de comunicação de massa são uma das fontes de informação em ciência e tecnologia mais importantes para o público geral nos países em desenvolvimento, pois uma parcela importante da população não freqüenta a escola ou completa apenas uma parte do ensino formal.
Para receber, gratuitamente, o boletim com notícias, textos de opinião e especiais sobre a ciência da América Latina e de outros países em desenvolvimento, cadastre-se em http://www.scidev.net/registro.
Fonte: JC e-mail 3231, de 27 de Março de 2007.
A jornalista especializada em ciência Luisa Massarani escreve para SciDev.Net:
A ciência ocupa um espaço privilegiado em jornais brasileiros destinados a classes sociais mais baixas (C, D e E), juntamente com notícias sobre futebol, violência e fofoca, de acordo com os resultados de um estudo divulgados esta semana (26 de março).
Os jornais analisados foram Extra – um dos jornais brasileiro de maior circulação dominical, com tiragem de 428 mil – e O Dia, com 238 mil cópias no domingo.
A pesquisa foi realizada pelo jornalista científico Wagner Barbosa de Oliveira, em sua dissertação de mestrado no Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal de Rio de Janeiro.
Ele que observou que 73,8 % dos dias investigados em um período de seis meses entre 2005 e 2006 veicularam notícias de ciência.
Além disso, 86% das notícias sobre temas de ciência ocuparam a parte superior ou central da página, considerados nobres no espaço jornalístico.
Os temas de saúde foram os preferidos para os jornalistas, com 54,2% do total dos textos sobre esta área de conhecimento. Apenas três em cada 10 textos trataram de temas relacionados a pesquisas realizadas no país.
Um dado interessante observado por Oliveira foi a presença alta de fontes consideradas confiáveis.
"Um terço dos textos mencionaram explicitamente universidades e centros de pesquisa como fonte; as revistas científicas peer-review, inclusive em inglês, são mencionadas por 13,9% dos textos", afirmou Oliveira a SciDev.Net.
Entre as críticas que Oliveira faz à cobertura de ciência nestes diários estão a carga importante de sensacionalismo e o fato de a ciência é, em muitos dos textos, apresentada como se fosse uma 'verdade estabelecida' – ainda que jornais de elite também tragam estas características.
O estudo mostrou que os cientistas não escrevem para estes jornais. "Isto é uma expressão da pouca importância – do meu ponto de vista equivocada – que os cientistas dão a jornais populares, sem se dar conta de que as classes C, D e E representam 80% da população do país", afirmou.
Segundo Oliveira, que trabalha na Fundação Oswaldo Cruz, uma atuação maior dos cientistas nestes setores da imprensa poderia permitir difundir mais na população a imagem de que a atividade científica é um elemento importante para o desenvolvimento do país.
De acordo com Oliveira, a principal motivação do estudo foi o fato de que os meios de comunicação de massa são uma das fontes de informação em ciência e tecnologia mais importantes para o público geral nos países em desenvolvimento, pois uma parcela importante da população não freqüenta a escola ou completa apenas uma parte do ensino formal.
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Fonte: JC e-mail 3231, de 27 de Março de 2007.
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