27 março 2007

Resenha do texto de Pierre Bordieau

Kátia Ellen Chemalle

BOURDIEU, P. Os usos da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Editora Unesp, 2004. p.17-42.

Pierre Bourdieau começa suas reflexões acerca de campo científico. A noção de campo para Bordieau parte de uma produção cultural (de qualquer área do conhecimento): “[...] o universo no qual estão inseridos os agentes e as instituições que produzem, reproduzem ou difundem a arte, a literatura ou a ciência” (p.20). Depois Bordieau insere o campo científico dizendo que ele é um mundo social, ou seja, é composto por seus especialistas mas independe das pressões da sociedade, e nesta concepção tem também a sua autonomia.
O campo científico também é um campo de luta e de força onde é possível se inserir agentes que farão parte de uma estrutura, estrutura essa, por exemplo, como uma publicação científica.
No entanto, o autor alerta para a questão do lugar que esse agente ocupa que é determinado pelo seu capital científico, ou seja, quanto de conhecimento científico e de reconhecimento na comunidade científica o cientista tem. Essa definição de capital científico até então era desconhecida por mim, mas é uma definição muito importante e valiosa: “[...] o capital científico é uma espécie de capital simbólico [...] que se consiste no reconhecimento atribuído pelo conjunto de pares-concorrentes no interior do campo científico” (p.26).
Bordieau ressalta ainda em relação ao campo que ele não se orienta ao acaso, tudo nele pode se modificar de acordo com os estudos, tendências de cada campo científico e continua discorrendo sobre os agentes com suas características importantes: não são conduzidos pelas forças do campo; tem habitus (particularidade de serem duráveis); arriscam-se a estar sempre defasados, mal colocados; e têm posições que dependem do seu capital científico.
Essas características que fazem da comunidade científica, acredito eu, um grande grupo com contribuições importantes para a ciência.
Bordieau cita que o campo científico pode ser relacionado a um jogo científico que é pra ser jogado, que tem metas e objetivos, bem como necessita de investimento. E mais que necessita de um interesse científico (illusio) e que tenha relação com o cotidiano.
O autor vai discorrer sobre várias reflexões para o campo científico, mas valemo-nos da seguinte conclusão: o campo científico é construído por seus agentes que têm um certo capital científico que permite que os mesmos tenham uma posição no campo científico e possam desempenhar suas atividades e interesses.
Por fim, Bordieau especifica os tipos de capital científico:
· Poder temporal: ocupação de posições na ciência e sobre os meios de produção;
· Poder específico: no que tange mais o “prestígio pessoal”, o reconhecimento.

O autor deixa a reflexão de que a ciência pode progredir com autonomia, o que é considerável, para que não haja descrédito com os cientistas no próprio campo científico.

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