25 março 2007

Resenha: Os usos sociais da ciência - pg. 17 a 42.

Paulo Rogério Romagna - RA 247332.

Interessante a noção de campo aplicada à ciência, no conceito de “campo científico”, o qual, a exemplo de outros campos (como o econômico), abriga relações de força e dominação. O “capital científico” é determinante na definição dos rumos da ciência, já que os detentores de maior capital (pesquisadores ou pesquisas dominantes) é que vão definir, em determinado momento, “o conjunto de objetos importantes, isto é, o conjunto das questões que importam para os pesquisadores [...] determinando uma concentração de esforços de pesquisa”.
Segundo o autor, há duas espécies de capital científico, a saber: o temporal ou político e o prestígio pessoal (ou o capital científico “puro”). O primeiro compreende a ocupação de posições importantes em instituições científicas (cargos de direção, fazer parte de comissões e comitês de avaliação). O segundo advém do reconhecimento da competência de um cientista, o que resulta, conseqüentemente, num determinado nível de autoridade atribuída a este. Na opinião de Bourdieu, este último é a “forma mais específica e mais legítima do capital científico”. O detalhe em comum é que a acumulação de ambos os capitais é extremamente difícil. Ao discorrer sobre as diferenças na forma de transmissão desses capitais, Bourdieu menciona que o capital “puro” praticamente não pode ser transmitido, pois está indelevelmente associado à pessoa do pesquisador, aos seus dons. Já o institucionalizado é transmitido bem mais facilmente, seguindo as mesmas regras de transmissão de qualquer capital burocrático. Apesar dessa aparente polarização entre os dois tipos de capital, afirma-se que eles podem coexistir num laboratório, inclusive trazendo benefícios ao empreendimento em questão.
Conforme mencionado por Bourdieu, “quanto mais as pessoas ocupam uma posição favorecida na estrutura, mais elas tendem a conservar ao mesmo tempo a estrutura e sua posição”, o que pode resultar em desvios de conduta por parte do cientista, levantando o tema da ética na ciência.

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