22 novembro 2008

Um bom momento

“Se o passado e o presente são excepcionais para a ciência do Brasil, tudo leva a crer que o futuro será ainda mais promissor”

Dante Cid é advogado. Artigo publicado em “O Globo”:

A ciência brasileira vive um dos melhores momentos de sua história. Nunca se produziu tanto conteúdo científico no país como nos últimos dez anos. Mais do que isso, a qualidade da nossa pesquisa já é superior à dos outros países que fazem parte do Bric —grupo das principais nações emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia e China.

Entre 1998 e 2007, pesquisadores brasileiros foram responsáveis pela publicação de mais de 190.800 artigos, o correspondente a 64% de todo o conteúdo científico produzido na História do país. Os números são do Scopus, maior base de dados de resumos e citações de literatura científica do mundo.

A força desse avanço fica ainda mais evidente ao analisar o salto do volume de publicações entre o primeiro e o último ano do período. Em 1998 foram publicados 12.100 artigos, contra 30.500 em 2007. Ou seja, a produção científica brasileira registrou um crescimento de 152% nesses dez anos.

Na comparação com os países emergentes, considerando os mesmos últimos dez anos, o Brasil merece destaque no crescimento percentual da produção científica. O aumento de 152% alcançado pelo país no período é superior aos 109% da Índia e incomparável à queda de 2,5% registrada na Rússia.

Apenas a China, que hoje tem 12 vezes mais pesquisadores do que o Brasil, atingiu um avanço maior, com 432% de evolução.

Esse cenário se torna ainda melhor ao avaliarmos a qualidade do nosso conteúdo científico.

Uma das formas mais utilizadas para esse tipo de mensuração é por meio do número de citações recebidas por um artigo em outros trabalhos. Aqui, o Brasil lidera no Bric com 5,8 citações por documento, seguido por Índia (4,1), China (3,4) e Rússia (3,3).

O expressivo desenvolvimento da ciência brasileira se deve a dois fatores: a qualidade intelectual dos quase cem mil pesquisadores brasileiros; e o aumento do acesso à informação científica de qualidade, promovido pela criação do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC).

No ar desde 2001, o portal da Capes permitiu o acesso a milhares de publicações de qualidade internacional a estudantes, professores e pesquisadores de universidades e instituições de pesquisa de todo o país. Somente em 2007, foram mais de 53 milhões de acessos.

Se o passado e o presente são excepcionais para a ciência do Brasil, tudo leva a crer que o futuro será ainda mais promissor. No final de 2007, o governo federal lançou o PAC da Inovação — programa que prevê um aporte de R$ 41 bilhões em Ciência e Tecnologia (C&T) até 2010. Alguns meses depois, o Ministério da Ciência e Tecnologia anunciou a intenção do governo de atingir, em três anos, o investimento de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em Pesquisa & Desenvolvimento. Hoje, o percentual investido é de 0,97%.

Com essas metas atingidas, o Brasil melhorará sensivelmente sua posição entre os países que mais investem em C&T; e transformar-se num dos principais pólos de geração de conhecimento do mundo e em uma das mais relevantes lideranças globais.

Não há dúvidas de que o caminho para o desenvolvimento passa pela produção científica. E os números mostram que o Brasil já possui a ciência mais próspera do Bric. A China, apesar de apresentar o maior crescimento dos últimos dez anos, não possui a mesma qualidade e eficiência de nossa pesquisa.

Já a Rússia e a Índia sequer demonstraram força para nos alcançar. Hoje, somos o destaque entre os principais países emergentes do mundo. Amanhã, tudo indica que a disputa será com as nações desenvolvidas.
(O Globo, 21/11)

Fonte: JC e-mail 3646, de 21 de Novembro de 2008.

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