24 janeiro 2009

Com Obama, ciência 'em seu devido lugar'

Cientistas esperam que o governo derrube restrições à pesquisa

Quando o presidente Barack Obama jurou em sua posse “recolocar a ciência em seu devido lugar”, estava sinalizando o fim de oito anos de tensão entre pesquisadores e o governo. Porém, muitas das restrições impostas por Bush à ciência, como o controle das pesquisas com células-tronco, ainda devem levar tempo para serem removidas.

E mesmo que Obama elimine totalmente o rigoroso controle na ciência, alguns resquícios permanecerão. Ainda assim, muitos cientistas estão exultantes. Funcionários de agências científicas tinham os olhos marejados de alegria nas festas em comemoração ao novo governo.

— Se você olhar para a ciência no mundo, verá vários rostos felizes — disse Frank Press, ex-presidente da Academia Nacional de Ciências e ex-conselheiro para ciência no governo do presidente Jimmy Carter. — Não se trata de ganhar dinheiro. É o reconhecimento do que ciência pode fazer para recuperar este país e de forma inovadora.

Em temas como células-tronco, mudanças climáticas, educação sexual e contraceptivos, Bush controlou e, em alguns casos, suprimiu dados de agências científicas. E desencorajou pronunciamentos científicos que contrariavam a política de governo.

No início de 2004, um grupo de mais de 60 cientistas influentes, incluindo 20 laureados com o Prêmio Nobel, emitiu declaração afirmando que o governo Bush tinha distorcido sistematicamente dados científicos a serviço de objetivos políticos, em temas relacionados a meio ambiente, saúde, à investigação biomédica e a armas nucleares.

Anúncio sobre célula-tronco na próxima semana

Durante a administração Bush, por exemplo, os funcionários do FDA (órgão que regula drogas e alimentos nos EUA) estavam proibidos de emitir informes de imprensa sem a autorização de supervisores do Departamento de Saúde e Serviço Humano.

Estas são algumas das feridas na integridade científica que o presidente Obama prometeu cicatrizar. O bálsamo mais rápido foi a mudança de tom na sua fala à nação: “Vamos construir estradas e pontes, redes elétricas e linhas digitais que alimentam o nosso comércio e nos unem. Vamos recolocar a ciência no seu devido lugar, e usar, com eficácia, as maravilhas tecnológicas para melhorar a saúde e diminuir os seus custos. Vamos aproveitar o Sol, os ventos e o solo para produzir combustível para abastecer nossos carros e mover nossas fábricas.” Isto levará mais tempo para acontecer do que a administração Obama tem prometido.

Na próxima semana o presidente deverá anunciar o fim das restrições às pesquisas com células-tronco embrionárias humanas. Mas até que as novas regras sejam escritas e formalizadas, laboratórios terão o seu trabalho limitado. (Gardiner Harris e William Broad, do New York Times)
(O Globo, 23/1)

Fonte: JC e-mail 3687, de 23 de Janeiro de 2009.

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