Pesquisadores e jornalistas
Por Fábio de Castro
Agência FAPESP – Com o objetivo de avaliar a situação atual do jornalismo científico na América Latina, cerca de 40 pesquisadores e profissionais de 13 países da região se reuniram no fim de julho de 2007, na cidade Boliviana de Santa Cruz de la Sierra, no evento Jornadas Ibero-americanas sobre a Ciência e os Meios de Comunicação de Massa.
Os resultados dos debates sobre os desafios da divulgação científica no continente podem ser conferidos no livro Os desafios e avaliação do jornalismo científico ibero-americano, que acaba de ser publicado na internet e pode ser lido gratuitamente.
O evento e a publicação foram produzidos pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional (AECI), pelo Programa de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento (Cyted) e pela Rede de Indicadores de Ciência e Tecnologia (Ricyt), com apoio da Rede de Ciência e Desenvolvimento (SciDev.Net) e da Organização de Estados Americanos (OEA).
De acordo com uma das responsáveis pelo livro e pelo evento, Luisa Massarani, coordenadora do SciDev.Net na América Latina, a publicação aborda temas-chave ligados ao jornalismo científico.
“O livro reproduz as principais reflexões, feitas durante o evento, sobre o significado de se fazer jornalismo científico na América Latina. Tratamos não apenas das relações entre o cientista e o jornalista, mas também do interesse do público em ciência e tecnologia”, disse Luisa, que também coordena o Núcleo de Estudos da Divulgação Científica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), à Agência FAPESP.
Além de oito artigos escritos por pesquisadores e profissionais da área que atuaram como palestrantes no evento, o livro inclui relatos de experiências dos alunos participantes, que descreveram a realidade da divulgação científica em seus países e nos meios de comunicação nos quais trabalhavam.
O evento teve participantes da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, México, Panamá, Peru, Uruguai e Venezuela. “O resultado foi uma reflexão aprofundada, com abordagem histórica, associada a um panorama geral da realidade do jornalismo científico nesses países”, salientou.
Uma das constatações feitas na publicação, segundo Luisa, foi a importância da própria pesquisa na área de jornalismo científico. “Muitas vezes o pesquisador dessa área não conhece a realidade de uma redação, enquanto o jornalista que atua na área não dá importância aos estudos sobre essa atividade. O livro poderá ser importante para mostrar a necessidade de mais estudos na área”, disse.
Foram debatidas também as controvérsias e questões éticas ligadas à prática do jornalismo científico, assim como a permanente tensão entre jornalistas e cientistas.
“Outro assunto discutido foi a questão da assessoria de imprensa na área. Muitas vezes não se dá importância ao papel do assessor na América Latina, onde o jornalista tende a querer trabalhar em meios de comunicação de massa. Em países europeus, por exemplo, as instituições de pesquisa trabalham com profissionais extremamente qualificados”, disse Luisa.
Segundo ela, o livro mostra que há fragilidades importantes na prática do jornalismo científico. “É comum os meios de comunicação da América Latina fazerem propaganda científica disfarçada de jornalismo. Falamos pouco sobre as controvérsias e limitações da ciência. Temos necessidade de mais reflexão e de um jornalismo mais crítico”, afirmou.
Por outro lado, segundo a pesquisadora, pontos positivos foram detectados, como o momento atual bastante promissor para o jornalismo científico, à medida que o interesse pela prática cresce continuamente, tanto entre jornalistas como entre os meios de comunicação e os governos.
“Há uma evidente vontade de melhorar e um aumento de interesse em vários países. Os meios de comunicação começam a dar mais espaço ao tema, inclusive fora das editorias exclusivamente dedicadas à ciência, e os governos já percebem a importância de divulgar a ciência”, disse.
O interesse dos estudantes de jornalismo – mesmo com pouco estímulo – também é crescente, segundo Luisa. “Poucas universidades têm disciplinas de jornalismo científico ou professores que se dedicam ao assunto, mas é possível ver um interesse crescente, à medida que temas como transgênicos, nanotecnologia e células-tronco embrionárias colocam em pauta a necessidade de um diálogo maior entre a ciência e a sociedade”, destacou.
O livro Os desafios e avaliação do jornalismo científico iberoamericano, com 136 páginas, pode ser lido em clique aqui.
Fonte: Agência FAPESP, 04/06/2008.
Agência FAPESP – Com o objetivo de avaliar a situação atual do jornalismo científico na América Latina, cerca de 40 pesquisadores e profissionais de 13 países da região se reuniram no fim de julho de 2007, na cidade Boliviana de Santa Cruz de la Sierra, no evento Jornadas Ibero-americanas sobre a Ciência e os Meios de Comunicação de Massa.
Os resultados dos debates sobre os desafios da divulgação científica no continente podem ser conferidos no livro Os desafios e avaliação do jornalismo científico ibero-americano, que acaba de ser publicado na internet e pode ser lido gratuitamente.
O evento e a publicação foram produzidos pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional (AECI), pelo Programa de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento (Cyted) e pela Rede de Indicadores de Ciência e Tecnologia (Ricyt), com apoio da Rede de Ciência e Desenvolvimento (SciDev.Net) e da Organização de Estados Americanos (OEA).
De acordo com uma das responsáveis pelo livro e pelo evento, Luisa Massarani, coordenadora do SciDev.Net na América Latina, a publicação aborda temas-chave ligados ao jornalismo científico.
“O livro reproduz as principais reflexões, feitas durante o evento, sobre o significado de se fazer jornalismo científico na América Latina. Tratamos não apenas das relações entre o cientista e o jornalista, mas também do interesse do público em ciência e tecnologia”, disse Luisa, que também coordena o Núcleo de Estudos da Divulgação Científica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), à Agência FAPESP.
Além de oito artigos escritos por pesquisadores e profissionais da área que atuaram como palestrantes no evento, o livro inclui relatos de experiências dos alunos participantes, que descreveram a realidade da divulgação científica em seus países e nos meios de comunicação nos quais trabalhavam.
O evento teve participantes da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, México, Panamá, Peru, Uruguai e Venezuela. “O resultado foi uma reflexão aprofundada, com abordagem histórica, associada a um panorama geral da realidade do jornalismo científico nesses países”, salientou.
Uma das constatações feitas na publicação, segundo Luisa, foi a importância da própria pesquisa na área de jornalismo científico. “Muitas vezes o pesquisador dessa área não conhece a realidade de uma redação, enquanto o jornalista que atua na área não dá importância aos estudos sobre essa atividade. O livro poderá ser importante para mostrar a necessidade de mais estudos na área”, disse.
Foram debatidas também as controvérsias e questões éticas ligadas à prática do jornalismo científico, assim como a permanente tensão entre jornalistas e cientistas.
“Outro assunto discutido foi a questão da assessoria de imprensa na área. Muitas vezes não se dá importância ao papel do assessor na América Latina, onde o jornalista tende a querer trabalhar em meios de comunicação de massa. Em países europeus, por exemplo, as instituições de pesquisa trabalham com profissionais extremamente qualificados”, disse Luisa.
Segundo ela, o livro mostra que há fragilidades importantes na prática do jornalismo científico. “É comum os meios de comunicação da América Latina fazerem propaganda científica disfarçada de jornalismo. Falamos pouco sobre as controvérsias e limitações da ciência. Temos necessidade de mais reflexão e de um jornalismo mais crítico”, afirmou.
Por outro lado, segundo a pesquisadora, pontos positivos foram detectados, como o momento atual bastante promissor para o jornalismo científico, à medida que o interesse pela prática cresce continuamente, tanto entre jornalistas como entre os meios de comunicação e os governos.
“Há uma evidente vontade de melhorar e um aumento de interesse em vários países. Os meios de comunicação começam a dar mais espaço ao tema, inclusive fora das editorias exclusivamente dedicadas à ciência, e os governos já percebem a importância de divulgar a ciência”, disse.
O interesse dos estudantes de jornalismo – mesmo com pouco estímulo – também é crescente, segundo Luisa. “Poucas universidades têm disciplinas de jornalismo científico ou professores que se dedicam ao assunto, mas é possível ver um interesse crescente, à medida que temas como transgênicos, nanotecnologia e células-tronco embrionárias colocam em pauta a necessidade de um diálogo maior entre a ciência e a sociedade”, destacou.
O livro Os desafios e avaliação do jornalismo científico iberoamericano, com 136 páginas, pode ser lido em clique aqui.
Fonte: Agência FAPESP, 04/06/2008.
Marcadores: Livro
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