19 abril 2008

Avaliação de Programas da FAPESP: apoio a pesquisa

Excelência mensurada
Thiago Romero

Resultados de projeto que tem objetivo de produzir e avaliar indicadores de resultados e de impactos de quatro modalidades de apoio a pesquisa da FAPESP são divulgados.

Agência FAPESP – Os principais resultados do projeto Avaliação de Programas da FAPESP, que tem o objetivo de produzir e mensurar indicadores de quatro programas da Fundação, foram apresentados nesta quarta-feira (16/4), em São Paulo.

O projeto é desenvolvido pelo Grupo de Estudos sobre Organização da Pesquisa e da Inovação (Geopi), vinculado ao Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a partir de uma iniciativa do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP.

Os indicadores foram coletados por meio de questionários que, divididos em diferentes áreas temáticas, foram respondidos por responsáveis pelos projetos de pesquisa vinculados a quatro programas: Pesquisa Inovativa na Pequena e Micro Empresa (PIPE), Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE), Programa de Pesquisa em Políticas Públicas e Apoio a Jovens Pesquisadores.

As perguntas foram elaboradas após consultas a fontes primárias, isto é, aos próprios indivíduos que executaram os projetos, e a fontes secundárias coletadas nos bancos de dados da fundação, além de entrevistas presenciais e análise de outros indicadores de ciência, tecnologia e inovação.

Todos os projetos de pesquisa analisados foram encerrados até 2006. “É sempre um desafio avaliar ciência e tecnologia, uma vez que estamos muitas vezes falando de elementos intangíveis relacionados com a produção, transferência e incorporação do conhecimento gerado à sociedade na forma de inovação”, disse Sergio Salles Filho, professor do DPCT e coordenador do projeto.

“Por isso, o estudo apresenta não só os principais resultados de cada programa como também seus impactos, ou seja, os efeitos que esses resultados têm em diversas dimensões, entre elas econômica, social, industrial e de capacitação de recursos humanos”, afirmou.

De acordo com Salles Filho, o projeto Avaliação de Programas da FAPESP também tem o objetivo de produzir um protocolo metodológico comum para a constante avaliação dos programas. “O relatório final do projeto com todos os resultados será entregue no dia 30 de abril à Fundação. Em seguida, deveremos prosseguir com os trabalhos em duas vertentes”, disse à Agência FAPESP.

“A primeira é aprimorar a metodologia de coleta dos dados utilizada e encontrar uma forma de torná-la rotineira dentro da FAPESP, de modo a sistematizar o processo de avaliação de todos os programas. A segunda é iniciar, em breve, esse mesmo tipo de estudo que agora está sendo concluído com os outros grandes programas da Fundação”, acrescentou.

PIPE

O primeiro programa a ter seus resultados divulgados foi o Pesquisa Inovativa na Pequena e Micro Empresa (PIPE), lançado em 1997 para apoiar o desenvolvimento de pesquisas inovadoras sobre problemas em ciência e tecnologia, a serem executadas em empresas que tenham alto potencial de retorno comercial ou social.

Foram avaliados 214 projetos que receberam, de 1997 a 2006, R$ 52,9 milhões, média de R$ 247 mil por empresa. Todas as empresas pesquisadas eram nacionais e tinham cerca de seis anos de existência.

“Um dos indicadores que mais chamaram a atenção foi o baixo índice de mortalidade dessas empresas, que é de 8%, enquanto o índice médio de mortalidade das empresas de base tecnológica do Brasil fica em torno de 70%. O faturamento médio dessas empresas do PIPE, que foi crescente nos anos analisados, é de R$ 480 mil”, apontou Salles Filho.

Segundo ele, aproximadamente 60% dos projetos apoiados pelo PIPE geraram inovações tecnológicas, de acordo com os relatos dos responsáveis pelas pesquisas. “Isso representou 111 inovações, sendo 59 consideradas novidades no país e 17 novidades em âmbito global”, disse.

“Essas inovações se referem fundamentalmente à área de produto, seguida por software e processo, o que revela serem inovações de base tecnológica, seguindo, assim, a proposta inicial do PIPE”, afirmou.

Os indicadores específicos sobre as taxas de inovação das empresas do PIPE foram elaborados seguindo os critérios da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (Pintec) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento mostra ainda que apenas 39 projetos financiados pelo PIPE no período geraram 77 diferentes direitos de propriedade intelectual, que incluem desde patentes e registros de marcas a direitos autorais e desenho industrial.

“Ao todo, foram 31 patentes, sendo que um quinto delas foi licenciado e explorado comercialmente. Outro dado importante é que, apesar de não ser uma exigência da FAPESP, e sim uma recomendação, mais da metade dos projetos das empresas apoiadas foi desenvolvida em cooperação com as universidades”, apontou.

PITE

Para o programa Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE), lançado em 1995 com o objetivo de financiar estudos em instituições acadêmicas ou de pesquisa, desenvolvidos em cooperação e com co-financiamento de empresas localizadas no Brasil ou no exterior, foram avaliados 65 projetos concluídos até 2006.

A FAPESP investiu R$ 43,1 milhões nesses projetos, o que significa uma média de R$ 525 mil para cada um. Com a contrapartida das empresas, o valor total investido por pesquisa sobe para aproximadamente R$ 1,1 milhão. Cerca de 70% dos projetos apoiados pelo PITE tiveram origem nas universidades.

“As empresas do PITE, em geral, têm esforços próprios de pesquisa e desenvolvimento”, disse Salles Filho. Os entrevistados responsáveis por 57 projetos relataram a obtenção de 146 resultados advindos do PITE, que também vão do simples avanço do conhecimento científico até a geração de novos produtos, processos ou serviços.

Além disso, apenas 26 projetos geraram 52 inovações tecnológicas, sendo 29 em âmbito nacional. “Cerca de 60% dos projetos PITE não geraram inovação e, por isso, devemos investigar melhor as razões para o não aparecimento de mais atividades dessa natureza”, observou.

De maneira geral, segundo mostrou o professor do DPCT, 30% dos projetos do PITE geraram inovações em produtos e processos de âmbito nacional e mundial e 10% resultaram em inovações consideradas “menores”, no âmbito da própria empresa, sendo a maioria para a resolução de problemas tecnológicos internos.

Ainda de acordo com o levantamento, 60% dos projetos desenvolveram tecnologias e novo conhecimento sem aplicação imediata. “Isso mostra que o PITE, muito mais do que um programa de inovação, é voltado às parcerias que geram desenvolvimento tecnológico a longo prazo”, apontou.

O levantamento destacou ainda que apenas 11 projetos PITE foram responsáveis por 62% do total de publicações, que se concentraram em sua maioria em anais de congressos nacionais e internacionais.

“Outro ponto é que, ao contrário do PIPE, que tem um impacto bastante expressivo em termos de geração de emprego, as equipes de pesquisa tendem a se reduzir no final dos projetos apoiados pelo PITE devido à saída de bolsistas e profissionais contratados temporariamente”, disse Salles Filho.

Políticas Públicas

No Programa de Pesquisa em Políticas Públicas da FAPESP, que desde 1998 financia pesquisas voltadas ao atendimento de demandas sociais e busca a aproximação do sistema de ciência e tecnologia paulista com a sociedade, foram analisados 75 projetos de 1999 a 2006, o que representou 85% dos concluídos no período. A FAPESP investiu R$ 10,2 milhões, uma média de R$ 137 mil por trabalho.

De todos os resultados do programa, um dos que mais chamaram a atenção foi a criação de uma cultura de inovação nas organizações executoras de políticas públicas. “Dos 75 projetos, 54 chegaram a ter resultados e 39 inovações foram geradas. Cerca de 58% dos projetos relataram que esses resultados foram adotados pelas instituições parceiras”, disse Salles Filho.

Dos 180 resultados obtidos pelos 54 projetos, foram relatadas 89 inovações tecnológicas. Entre as áreas que mais tiveram aplicações dos resultados dos projetos apoiados pelo programa estão subsídios para política pública, base de dados, software e modelo organizacional ou gerencial.

Foram geradas ainda 3,8 dissertações de mestrado e 2,2 teses de doutorado por projeto do programa. “Mais de 80% dos projetos desenvolveram algum tipo de capacitação, sendo a maior parte para representantes das instituições parceiras que formularam e executaram políticas, o que contribuiu para a transferência mútua de conhecimentos”, disse Salles Filho.

“Sem contar que 89% dos resultados dos projetos foram implementados como políticas públicas pelas instituições parceiras. Em contrapartida, as inovações em políticas públicas, em geral, não geram direitos de propriedade intelectual”, explicou.

Jovem Pesquisador

Lançado em 1995 para criar oportunidade de trabalho para pesquisadores ou grupo de pesquisadores de grande potencial, de preferência em centros emergentes, o programa de Apoio a Jovens Pesquisadores teve avaliados pelo estudo feito pelo Geopi 340 projetos, ou 86% das pesquisas finalizadas de 1996 a 2007. A FAPESP investiu R$ 64,6 milhões na amostra, sendo R$ 190 mil por projeto.

O levantamento, segundo Salles Filho, foi importante para traçar o perfil dos jovens pesquisad P: são profissionais integrados ao sistema nacional de ciência e tecnologia e com idade média de 42 anos.

“Eles podem ser um professor universitário contratado pela USP ou pela Unicamp, por exemplo, uma vez que 72% desses profissionais têm pós-doutorado, o que comprova a experiência em pesquisa dos indivíduos apoiados pela FAPESP”, disse.

Cerca de 26% estavam contratados pela instituição durante o auxílio, sendo que 42% foram contratados pela instituição acolhedora durante ou após o auxílio e 19% foram admitidos por outras instituições de ensino superior. No total, 87% dos indivíduos estavam contratados no período em que o levantamento do DPCT foi realizado.

Além disso, aproximadamente 70% dos jovens pesquisadores criaram ou impulsionaram outros grupos de pesquisa no Estado de São Paulo, sendo que 71% dos grupos criados pertenciam às áreas de ciências exatas, da terra, biológicas e engenharias. A produtividade média dos jovens pesquisadores avaliados, mensurada pelos números de publicações em periódicos científicos, também cresceu consideravelmente depois do recebimento do auxílio da FAPESP.

Ao todo, 264 projetos geraram 469 resultados, sendo que, desses, 63 deram origem a inovações tecnológicas. A maioria dos resultados relatados também está relacionada ao avanço do conhecimento científico e obtenção de novos produtos, processos e serviços. Foi relatada ainda pelos dirigentes dos projetos a geração de 104 inovações, em uso ou em comercialização, além de terem sido registrados 36 direitos de propriedade intelectual, sendo 35 patentes.

“O Jovem Pesquisador é um programa eclético por escolher pesquisadores com e sem vínculo empregatício e com produção científica muito variada, além de promover a consolidação da atividade de pesquisa da instituição acolhedora. Entre as principais vantagens desse programa estão a fixação e a nucleação de novos grupos de pesquisa nos lugares por onde esses jovens pesquisadores passaram”, disse Sergio Salles Filho.

Fonte: Agência FAPESP, 17/04/2008.

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